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Salários baixam com o contexto pandémico

Em dois terços dos países para os quais existem dados oficiais, os salários baixaram ou, pelo menos, aumentaram mais lentamente nos primeiros seis meses do ano devido à gestão da epidemia, conclui a OIT.

CréditosNuno Fox / Agência Lusa

O relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), hoje divugado, refere também que, num futuro próximo, a crise poderá exercer uma forte pressão no sentido da baixa dos salários, e adianta que os salários das mulheres e dos trabalhadores com baixas remunerações foram desproporcionadamente afectados pela crise.

A OIT sublinha que, embora os salários médios num terço dos países que forneceram dados parecessem aumentar, tal resultava em grande parte do facto de um número substancial de trabalhadores com salários mais baixos terem perdido os empregos e, por conseguinte, enviesarem a média, uma vez que já não estavam incluídos nos dados estatísticos relativos às remunerações das pessoas empregadas.

Nos países onde foram tomadas fortes medidas para preservar o emprego, os efeitos da crise foram sentidos principalmente ao nível da baixa dos salários e menos nas perdas massivas de emprego, indica a OIT.

O Relatório Global sobre os salários 2020/21 revela que nem todos os trabalhadores foram afectados do mesmo modo pela crise, indicando que o impacto sobre as mulheres tem sido mais grave do que nos homens.

Estimativas baseadas numa amostra de 28 países europeus permitem concluir que, sem as subvenções aos salários, as mulheres teriam perdido 8,1% dos salários no segundo trimestre de 2020, em comparação com 5,4% para os homens.

A crise também afectou severamente os trabalhadores com salários mais baixos, adianta o relatório, sublinhando que os que exercem profissões menos qualificadas perderam mais horas de trabalho do que os que exercem funções de gestão e os profissionais com empregos qualificados mais bem remunerados. Sem as subvenções temporárias, metade dos trabalhadores com remunerações mais baixas teriam perdido cerca de 17,3% dos salários.


Sem as subvenções, a redução do montante médio dos salários perdidos em todos os grupos teria sido de 6,5%, já que as subvenções aos salários permitiram compensar 40% deste montante.

«O crescimento da desigualdade criada pela crise da Covid-19 ameaça deixar para trás de si um legado de pobreza e instabilidade social e económica que seria devastador», afirmou o director-geral da OIT, Guy Ryder.

«Se vamos construir um futuro melhor, temos também de lidar com algumas questões incómodas sobre a razão pela qual os empregos com elevado valor social, como os da prestação de cuidados e do ensino, estão muitas vezes ligados a baixos salários», afirmou Ryder.

Com agência Lusa

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