Foi divulgada, esta semana, a decisão da Comissão de Vencimentos da TAP, em aumentar significativamente três administradores. Esta deliberação choca com o período complexo vivido pela empresa, que enfrenta um plano de reestruturação que prevê o despedimento de mais de dois mil trabalhadores e cortes salariais na ordem dos 25%.
O ministério das Infraestruturas e Habitação veio ontem, em comunicado, justificar os aumentos de Ramiro Sequeira, Miguel Frasquilho (tendo este anunciado entretanto que rejeita o aumento) e Alexandra Vieira Reis com a assunção de mais responsabilidades e acumulação de tarefas.
Não obstante, diversos partidos políticos já requereram ao Governo para que impeça a concretização destes aumentos salariais, tendo o momento vivido pela empresa.
Em declarações ao AbrilAbril, o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores e Aviação (SITAVA), José Sousa, explica que a estrutura sindical entende que «todos os cargos e tarefas devem ser remunerados de forma adequada» e que estas nomeações «enquadram-se» nesse princípio.
No entanto, e não se pondo em causa o direito à remuneração de quaisquer cargos ou tarefas, o dirigente sindical classifica como «desastrosa a oportunidade», que revela «falta de sensibilidade para com a situação de grande sofrimento que se vive na TAP».
Para José Sousa, «a notícia acaba por surgir como uma afronta aos trabalhadores», e considera que, se estes cargos são provisórios, não se deveria ter avançado com estes aumentos.
Recorde-se que no passado dia 10 de Dezembro foi apresentado à Comissão Europeia um plano de reestruturação da empresa, por imposição desta instituição, como contrapartida para o pagamento de 1200 milhões de euros pelo Estado português, para ajudar a fazer face às dificuldades da transportadora aérea.
Os conteúdos do referido plano mereceram imediata contestação por diversos sindicatos e organizações de trabalhadores.
No passado dia 22 de Dezembro, o Conselho de Ministros aprovou a declaração de que a empresa (assim como a Portugália e Cateringpor) se encontra em situação económica difícil, o que põe em causa a negociação colectiva do plano de reestrutação com as estruturas sindicais.
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