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Opções de gestão da Volkswagen custam caro aos trabalhadores

Lay-off na Autoeuropa deve-se à fragilidade do sistema just-in-time e à dependência de um único fornecedor em peças essenciais à construção de motores. Os trabalhadores não têm de ser penalizados por isso.

Fábrica da Volkswagen Autoeuropa, em Palmela
CréditosMário Cruz / Agência Lusa

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), a VW Autoeuropa e empresas fornecedoras já despediram 560 trabalhadores, mas muitos mais empregos poderão ser destruídos nos próximos dias.

Desses, cerca de 100 desses trabalhadores estavam a trabalhar na VW Autoeuropa, muitos deles há poucos meses, pelo que ficam sem direito ao subsídio de desemprego, refere-se no site da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal/CGTP-IN).

Apesar de a VW Autoeuropa ter prometido aos trabalhadores despedidos, através de carta entregue individualmente, a sua reintegração no fim do lay-off, a verdade é que estes ficam sem qualquer rendimento até a empresa retomar a laboração normal.

A aplicação do lay-off pela VW Autoeuropa, por arrastamento, leva os seus fornecedores a recorrerem ao mesmo mecanismo. Ficam os trabalhadores efectivos com cortes no seu rendimento mensal e centenas de outros, com contratos de trabalho temporários, são despedidos.

A situação não é minimamente admissível, afirmam os sindicatos. Perante problemas de que os trabalhadores não têm culpa, são estes que acabam prejudicados.

O SITE-Sul condena a intransigência das administrações da VW Autoeuropa e de algumas empresas suas fornecedoras, que recusam garantir na totalidade os rendimentos dos seus trabalhadores, e manifesta preocupação com o impacto desta situação no emprego e salários dos trabalhadores das empresas fornecedoras, a nível nacional, devido a uma situação que lhes é alheia.

Após uma reunião com representantes da administração sobre o processo de lay-off, a Comissão Sindical do SITE-Sul reafirmou que a empresa e o Grupo VW têm condições para garantir o pagamento integral dos salários e manter o volume da mão-de-obra, incluindo os que laboram com contrato temporário através da Autovision.

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Autoeuropa segue a lógica de privatizar os lucros e socializar os prejuízos

A Autoeuropa irá parar a produção e segundo a Comissão de Trabalhadores a empresa quer rescindir com trabalhadores temporários devido à paragem. É a máxima de quando há lucros, esses são privatizados, quando há prejuízos, esses são socializados.

CréditosJosé Sena Goulão / Agência Lusa

Não é uma situação nova na Autoeuropa. Esta semana a empresa informou que deverá suspender a produção a partir de Setembro devido à falta de peças. Face tal anúncio, o SITE Sul pediu uma reunião urgente com a administração de forma a lembrar que ante a paragem havia condições de assegurar os direitos aos trabalhadores, nomeadamente com os Down Days.

Acontece que a empresa parece não estar virada para garantir o bem-estar de quem faz os lucro da empresa, os trabalhadores e já circula internamente uma comunicação que indica que todos serão rescindidos os vínculos com os trabalhadores temporários.  

À Agência Lusa o coordenador da Comissão de Trabalhadores confirma a notícia: «há, de facto, uma comunicação interna em que a empresa manifesta a intenção de rescindir os contratos com os cerca de 100 trabalhadores temporários». 

Com isto importa relembrar que a Autoeuropa pertence à Volkswagen, a multinacional que em 2022 viu os seus lucros a aumentarem para 14867 milhões de euros, mais 0,2% que em 2021 e as que as suas receitas atingiram os 279232 milhões de euros, mais 11,6%. 

A paragem de produção prende-se com as dificuldades de um fornecedor da Eslovénia, que foi «severamente afectado» pelas condições climatéricas que se fizeram sentir naquele país no passado mês de Agosto e nunca com falhas por parte dos trabalhadores.
 

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A 30 de Agosto a Autoeuropa anunciou a suspensão da produção na unidade de Palmela, em Setúbal, entre 11 de Setembro e 12 de Novembro, devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia «severamente afectado» pelas cheias que aconteceram no início de Agosto naquele país, um constrangimento que levou à falta de peças «essenciais à construção de motores».

Em 6 de Setembro foi noticiado que, após dois dias de negociações, a administração da Autoeuropa chegou a acordo com a Comissão de Trabalhadores (CT) sobre as condições financeiras do lay-off a aplicar durante as nove semanas de interrupção do trabalho da fábrica de Palmela.

Foi conhecido que os trabalhadores efectivos perdem, durante esse período, 5% do seu salário, e que 100 trabalhadores são despedidos com a promessa de serem readmitidos quando a produção retome a normalidade.

Em declarações ao Diário de Notícias/Dinheiro Vivo, a CT reconheceu que a administração, com a qual assinou o acordo, «tinha condições para ir mais além do que foi alcançado».

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