O passo dado pela administração do ainda presidente Donald Trump tem o «claro objectivo de colocar obstáculos a qualquer recomposição futura dos laços entre Cuba e os Estados Unidos», afirmou esta terça-feira, numa conferência de imprensa em Havana, o diplomata cubano Carlos Fernández de Cossío.
Cuba não é um país patrocinador do terrorismo, mas a decisão constitui um pretexto adicional para aplicar medidas contra Cuba, referiu, tendo advertido que a lista emitida pelo Departamento de Estado norte-americano é unilateral e carece do reconhecimento de qualquer autoridade internacional, informa a Prensa Latina.
Estas listas, defendeu Fernández de Cossío, foram concebidas apenas para difamar países com os quais os Estados Unidos da América têm divergências e para lhes aplicar medidas coercivas a nível económico e outros castigos, como ocorre com Cuba.
Na segunda-feira passada, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, anunciou em comunicado a decisão do departamento a seu cargo de incluir Cuba na lista de países que promovem o terrorismo.
A primeira vez que a maior das ilhas das Antilhas foi incluída nesta lista negra foi em 1982, durante a administração de Ronald Reagan (1981-1989). Recentemente, fora excluída desse grupo em 2015, no âmbito de um processo de aproximação aos EUA no segundo mandato de Barack Obama (2009-2017).
Carlos Fernández de Cossío lembrou ainda, esta terça-feira, que o seu país tem sido vítima do terrorismo organizado, financiado e perpetrado, ao longo dos anos, pelo governo dos EUA ou por indivíduos e organizações que operam a partir de território norte-americano, tolerados pelas autoridades.
De acordo com dados oficiais, tais acções provocaram nas últimas décadas 3478 mortos e deixaram 2099 pessoas com incapacidades permanentes, referiu o diplomata, que aludiu à ampla rejeição da inclusão de Cuba na lista negra norte-americana a nível internacional, incluindo os próprios EUA.
Também o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodríguez, condenou a decisão do Departamento de Estado norte-americano, que classificou como «hipócrita e cínica», tendo acrescentado, na sua conta de Twitter, esta segunda-feira, que «o oportunismo político desta acção é reconhecido por todo aquele que tenha uma preocupação honesta com o flagelo do terrorismo e as suas vítimas».
«Estados Unidos, o maior terrorista do mundo»
O diário Granma nota que «o país que, na sua prepotência, levanta tamanha farsa contra Cuba é o mesmo que promove o extremismo político e incentiva gente armada a tomar de assalto instituções públicas; que, ao subordinar a Saúde ao mercado, expõe os seus cidadãos ao contágio e à morte massiva por uma epidemia; que assassina, selectivamente e fora das suas fronteiras, quem considera inimigo, e que, num silêncio cúmplice, se abstém de condenar o ataque armado à Embaixada do país que agora acusa, descaradamente, de terrorista, e ao qual impôs um bloqueio há mais de 60 anos, para o fazer render pela fome e pela miséria».
«Estados Unidos, o maior terrorista do mundo, classificam como patrocinador deste flagelo o país que mais médicos enviou pelo mundo fora para ajudar a salvar vidas do golpe da Covid-19. Os factos põem a nu a falta de vergonha do império», lê-se ainda no periódico cubano.
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