Nos exercícios militares designados como Lightning Handshake 2021, que esta semana tiveram lugar perto das costa do Saara Ocidental, participaram a Sexta Frota dos EUA, com o porta-aviões Dwight D. Eisenhower, cinco contra-torpedeiros, bem como helicópteros e caças de EUA e de Marrocos, refere o diário de Las Palmas La Provincia.
As manobras militares conjuntas entre as Ilhas Canárias (Espanha) e Agadir (extremo Sul de Marrocos) ocorrem num contexto agitado, marcado pela guerra que a Frente Polisário declarou ao Reino de Marrocos, em Novembro último, depois de as tropas marroquinas terem violado os termos do cessar-fogo vigente. São também subsequentes à declaração de reconhecimento, pelos EUA, da soberania de Marrrocos sobre o Saara Ocidental.
Em declarações à imprensa espanhola na passada sexta-feira, o delegado da Frente Polisário em Espanha, Abdullah al-Arabi, afirmou que os exercícios militares são «uma vez mais» uma «provocação» ao povo saarauí.
«Tem [Marrocos] todo o direito de [fazer] as manobras conjuntas com o país que for», mas «tem de respeitar a lei internacional e as fronteiras dos países vizinhos e das zonas que ocupa ilegalmente», disse al-Arabi. Acrescentou que Rabat faz «propaganda» com estas manobras, «a que faz desde 13 de Novembro [quando os saarauís declararam guerra a Marrocos] e tenta esconder evidências».
Os exercícios militares, que já terminaram, contaram o apoio da NATO, nomeadamente de Espanha, que disponibilizou o espaço aéreo a norte do arquipélago canário – o que levou ao atraso e ao desvio de vários voos comerciais, segundo denuncia o colectivo internacionalista galego Mar de Lumes – e da base de Rota, em Cádis.
Numa nota publicada no portal do Comando dos Estados Unidos para África (AFRICOM), a Marinha dos EUA refere que estes exercícios aumentam a capacidade militar norte-americana e marroquina para abordar problemas de segurança na região, bem como a estabilidade no Norte do continente.
O portal ecsaharaui.com destaca que estas palavras têm como alvo a situação de guerra que há três meses se verifica no Saara Ocidental.
O contra-almirante norte-americano Scott Robertson, que insistiu no compromisso de Washington a longo prazo com a segurança na região e no reforço das relações com Marrocos, afirmou na mesma nota divulgada pela AFRICOM que estes exercícios navais «enviam um sinal claro do nosso potencial, capacidade e, se necessário, letalidade».
Se foi na administração de Donald Trump que Washington reconheceu a soberania de Marrocos sobre o Saara Ocidental, o presidente Joe Biden dá sinais de manter a mesma política militarista e de ingerência.
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