|Guardas florestais

Greve dos guardas-florestais em defesa das carreiras

Questões monetárias, de carreira e de falta de efectivos levaram os guardas-florestais da GNR a fazer, esta sexta-feira, uma greve nacional e uma concentração frente ao Ministério da Administração Interna.

CréditosTiago Petinga / Lusa

Segundo a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS/CGTP-IN), os guardas-florestais integrados na GNR exigem a valorização dos salários, atribuição de suplementos decorrentes das funções policiais, o aumento das percentagens de compensação pelo trabalho prestado em dias feriados, o aumento do número de efectivos e a abertura dos concursos de promoção na carreira.

De acordo com um comunicado da federação, os guardas-florestais reivindicam ainda a criação, na estrutura do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da Guarda Nacional Republicana, do corpo nacional de guardas-florestais.

«Queremos demonstrar ao governo que os trabalhadores não aguentam mais. Os guardas-florestais estão cansados e querem a resolução das suas reivindicações», frisou a coordenadora da FNSTFPS, Elisabete Gonçalves.

Durante o protesto, marcado por palavras de ordem como «Cabrita, escuta, os guardas-florestais estão na rua», foi entregue uma resolução ao MAI com as propostas aprovadas no local pelos guardas-florestais presentes.

Uma delegação da federação sindical foi recebida pela chefe de gabinete do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e por um elemento do gabinete da secretária de Estado da Administração Interna, que já tinha estado presente na quinta-feira numa reunião com a estrutura sindical. 

«Foi-nos dito que no dia 18 de Junho, possivelmente, já iríamos ter material [da tutela] relativo às reivindicações que apresentámos; e que nessa data também, em princípio, nos iriam apresentar um calendário de negociação», expôs Elisabete Gonçalves.

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A floresta, mais do que de palavras, carece de acções

Para além da propaganda do Conselho de Ministros sobre a floresta, resta ver, na prática, qual a disponibilidade do Governo para resolver os problemas há muito identificados, como o abandono florestal.

Créditos / msn.com

Na passada quinta-feira, decorreu uma reunião extraordinária solene do Conselho de Ministros sobre as florestas, que contou com a presença do Presidente da República. No entanto, para além das boas intenções declaradas na reunião, importa escrutinar o que foi feito no passado pela mão de diversos governos e quais as perspectivas de acção política para a frente.

Recorde-se que a política florestal do actual Governo está em linha com as orientações de governos anteriores, o que faz com que subsista o risco de ocorrerem novas catástrofes, como aquela de 2017.

Neste sentido, no que à floresta diz respeito, os problemas que precisam de urgente resolução estão há muito identificados e passam pelo abandono florestal e pelos monopólios na produção de lenha, que permitem que a madeira continue a ser paga, aos pequenos produtores, a preços muito baixos.

Veja-se que a realidade da floresta nacional de hoje é inseparável das consequências provocadas pela ausência de uma política que apoie a agricultura familiar, nomeadamente pela não concretização do Estatuto da Agricultura Familiar.

Para além disso, o Governo tem ficado aquém no cumprimento dos mecanismos que o próprio traçou para defender a floresta.

Veja-se que ainda não se concluiu um efectivo cadastro da floresta portuguesa, nem mesmo na versão avançada pelo Executivo de um «cadastro simplificado». Tão pouco avançou até agora a construção da rede primária de faixas de gestão de combustível e a definição de objectivos para o uso do fogo controlado.

Para além disto, o Governo ainda não concretizou a contratação dos recursos humanos, conforme ficou aprovado em sede do Orçamento do Estado, nomeadamente para o reforço do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e para aumentar o corpo de guardas e sapadores florestais.

Aliás, uma das principais críticas que tem sido feita ao Executivo é a de que, passados quase quatro sobre os desastres de 2017, ainda não foi feito o investimento devido nas estruturas para a salvaguarda das matas nacionais e das áreas protegidas, de que é exemplo o Pinhal de Leiria.

Regista-se ainda um baixo grau de execução do Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) na área florestal, cuja situação é mais grave nas regiões do País de pequena propriedade e de maior densidade da floresta

O Governo deveria exigir mais acção e responsabilidade a empresas como a IP, a EDP, a CP ou a PT perante os incumprimentos no que respeita à gestão de combustível nas faixas anexas às suas infra-estruturas. Em contraponto, prossegue uma política de multa e perseguição, nomeadamente com o arrendamento compulsivo, dos pequenos proprietários.

Tão pouco será o Plano de Recuperação e Resiliência que virá resolver os problemas estruturais da floresta, uma vez que apenas estão destinados a este sector 600 milhões de euros, que não permitem sequer a concretização um cadastro da floresta portuguesa.

Deste modo, no que respeita à política governativa em torno da floresta, mais do que anúncios e reuniões entre ministros, o que se impõem é que o Governo cumpra a legislação, e que não adie mais as medidas que já foram decididas, como por exemplo o objectivo de ter 500 equipas de sapadores florestais no território.

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Mesmo sem «nada em concreto» em cima da mesa, a representante da federação congratulou-se com esse resultado da greve.

Os guardas-florestais foram integrados no SEPNA da GNR em 2006 e inicialmente estava previsto a sua extinção, mas foram reactivados em 2018 após os grandes incêndios de 2017.

Actualmente a GNR conta com cerca de 400 guardas-florestais ao serviço e têm como missão fiscalizar e investigar os ilícitos nos domínios florestal, caça e pesca.


Com agência Lusa

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