Num comunicado emitido esta segunda-feira, o Ministério iemenita do Turismo afirma que a medida levada a cabo pelos Emirados Árabes Unidos (EAU) viola o direito internacional, uma vez que a Ilha de Socotra, de grande importância estratégica e valor natural, é um território iemenita ocupado por países agressores membros da coligação liderada pelos sauditas, informa a PressTV com base na agência Saba Net.
«A transferência de turistas para a Ilha de Socotra revela os planos e programas dos EAU ocupantes, que estão alinhados com os esquemas sionistas para dominar as ilhas iemenitas, bem como para progredir na normalização com o regime [israelita]», denunciou.
Há duas semanas, fontes iemenitas afirmaram que os EAU estavam a realizar voos directos semanais e viagens turísticas para Socotra sem autorização do governo do Iémen, tendo acrescentado que centenas de turistas tinham chegado ao arquipélago recentemente com vistos emitidos pelos emiradenses.
Em Saná e noutras cidades do país muitos milhares de iemenitas manifestaram-se contra a guerra e o bloqueio sauditas, e denunciaram a classificação, pelos EUA, do movimento Ansarullah como «terrorista». No Dia Internacional contra a Guerra no Iémen, esta segunda-feira, os manifestantes gritaram palavras de ordem de condenação contra os crimes de guerra perpetrados pela coligação liderada pela Arábia Saudita e contra o bloqueio levado a cabo por esta coligação, sob o silêncio e a cumplicidade internacionais, refere a Al Mayadeen. Em simultâneo, os manifestantes, que participaram em mobilizações na capital e em vários pontos do país nas províncias de Saada, Taiz, Ibb, Dhamar, Raymah, Dali, Hajjah, Amran, Bayda, Mahwit, Marib e Jawf, declararam o seu apoio ao movimento Huti Ansarullah e pediram à administração norte-americana que reverta a decisão de classificar o movimento como «terrorista», sublinhando que o Ansarullah é «uma parte inseparável do Iémen, determinada a defender o país da agressão saudita». Em declarações à Al Mayadeen, Muhammad al-Bukhaiti, membro do Conselho Político do movimento Huti Ansarullah, disse que a decisão de Washington visa «aterrorizar os iemenitas», mas destacou que «essa tentativa de pressão […] não dará frutos». Por seu lado, o comunicado da manifestação que teve lugar na província de Saada sublinhou que «a agressão contra o Iémen é sobretudo norte-americana» e que designar o movimento Ansarullah como organização terrorista evidencia o fracasso de Washington no Iémen. Além disso, o documento destaca que «terrorismo real» é bloquear portos e aeroportos, como está a fazer a coligação norte-americana-saudita, informa a Al Mayadeen. No âmbito deste Dia Internacional contra a Guerra no Iémen, foram convocadas mobilizações em países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Suécia, França, Países Baixos, Bélgica e Itália. Organizações humanitárias e de defesa da paz em todo o mundo firmaram uma declaração em que se apela ao fim da campanha saudita contra o seu vizinho do sul, iniciada há quase seis anos. O texto afirma que, desde 2015, o bombardeamento e o bloqueio comandados pelos sauditas no Iémen mataram centenas de milhares de pessoas e devastaram o país, e, apesar da crise humanitária, das condições em que as pessoas vivem e da pandemia de Covid-19, a Arábia Saudita prossegue a escalada da guerra e aperta o bloqueio. «A guerra só é possível porque os países ocidentais – e os Estados Unidos e o Reino Unido em particular – continuam a armar a Arábia Saudita e a fornecer apoio militar, político e logístico à guerra», lê-se na declaração. Entre os signatários do texto contra a guerra no Iémen há organizações do Iémen, Alemanha, Áustria, Bangladesh, Canadá, Chile, Chipre, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, EUA, Finlândia, França, Índia, Itália, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, Suécia, Suíça, entre outros países. Exigem que se «pare a agressão externa ao Iémen; pare a venda de armas e o apoio militar à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos; levante o bloqueio ao Iémen e sejam abertos todos os portos e aeroportos; restaure e expanda a ajuda humanitária ao povo do Iémen». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Grandes manifestações no Iémen contra a guerra de agressão saudita
Mais de 300 organizações pedem o fim da guerra saudita contra o Iémen
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Este passo surge na sequência do restabelecimento das relações diplomáticas entre os Emirados e Israel, no contexto de um acordo apadrinhado pelo ex-presidente dos EUA Donald Trump.
A Ilha de Socotra localiza-se à entrada do Estreito de Bab al-Mandab, numa das grandes rotas de navegação mundiais, entre o Mar Vermelho, o Golfo de Áden e o Mar Arábico. O seu ecossistema é considerado único, pelo que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) classificou o local como património natural da humanidade.
Denúncia de planos militares e da guerra de agressão
Na sequência de uma reunião ministerial no domingo passado, o governo do Iémen emitiu um comunicado, divulgado pela cadeia al-Masirah, em que denuncia igualmente os planos conjuntos de Israel e EAU para estabelecer bases de espionagem em Socotra.
No documento, o Governo de Salvação Nacional sublinha que isso «afectaria directamente não apenas a segurança do Iémen, mas seria uma ameaça para toda a região».
O governo condena ainda a campanha militar incessante levada a cabo pela Arábia Saudita contra o país, assim como o estabelecimento, pelos gressores, de uma base militar na Ilha de Mayyun, no Estreito de Bab al-Mandab.
A guerra de agressão contra o Iémen, iniciada em Março de 2015 e apoiada pelo Ocidente, provocou a morte de dezenas de milhares de iemenitas e mergulhou o mais pobre dos países árabes naquilo que as Nações Unidas classificam como «um dos piores desastres humanitários dos tempos modernos».
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