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Trabalhadores da Petrogal exigem intervenção urgente do Governo e do PR

A Comissão de Trabalhadores lembra o interesse público da empresa e exige a reversão imediata do encerramento da refinaria do Porto e a garantia dos investimentos na refinaria de Sines.

Trabalhadores da Petrogal reúnem-se nas instalações da empresa para participar no plenário convocado para debater a decisão da Galp de encerrar definitivamente a refinaria de Leça da Palmeira, em Matosinhos, a 30 de Dezembro de 2020. Estão em causa 500 postos de trabalho directos e mais de mil em regime de prestação de serviços, além das micro, pequenas e médias empresas que produzem bens e serviços para a Petrogal
CréditosEstela Silva / Agência Lusa

A adopção destas duas medidas deverá constituir o «aspecto central» de uma estratégia com vista a assegurar as necessidades de abastecimento do País, em termos de combustíveis, até pelo menos ao final da década, refere a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, através de comunicado.

Uma vez que a defesa da empresa e dos trabalhadores «coincide com o interesse público», a CCT lembra que o Governo e o Presidente da República «têm grandes responsabilidades e devem agora assumi-las de uma vez, antes que seja tarde». 

A estrutura mostra-se apreeensiva com as últimas alterações na Comissão Executiva da empresa, sublinhando que «as duas administradoras demissionárias não aqueceram o lugar, mas particularmente uma delas deixou nas áreas comerciais uma marca de despedimentos e saída de trabalhadores sem precedentes», lê-se na nota. 

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Dividendos, despedimentos e protestos na Galp

Representantes dos trabalhadores realizaram um protesto simbólico na refinaria de Sines, onde foram despedidos 80 trabalhadores, no dia em que se distribuíram 580,5 milhões de euros de dividendos.

CréditosManuel de Almeida / Agência Lusa

Em nota à imprensa, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas e Eléctricas (Fiequimetal/CGTP-IN) defende que a distribuição de dividendos, concretizada sexta-feira passada em assembleia-geral de accionistas do Grupo Galp Energia, representa a retirada de centenas de milhões de euros do País e significa que «não há forma de assegurar que esse valor seja investido em Portugal ou que não sirva para alimentar somente a especulação financeira».

A distribuição aprovada de 318,2 milhões de euros acresce aos 262,3 milhões de euros, pagos a título de adiantamento sobre lucros do exercício em Setembro de 2019, o que eleva para 580,5 milhões de euros o valor a distribuir pelos accionistas da Galp Energia.

No mesmo dia, à entrada do primeiro turno, uma delegação de representantes dos trabalhadores esteve junto à portaria desta refinaria a protestar simbolicamente contra o facto de não estarem garantidos os postos de trabalho.

Recorde-se que, em Sines, no início de Março, 80 trabalhadores das empresas empreiteiras a laborar na Petrogal foram despedidos, entre os quais dois representantes dos trabalhadores.


Quanto à situação nesta refinaria, a estrutura sindical exige que o Governo actue de imediato para «reverter todos os despedimentos já ocorridos» e impedir «novos abusos».

Para a Fiequimetal, os ganhos decorrentes da aquisição de crude a preços muito baixos deverão ser «utilizados para alavancar a recuperação económica do País». Por outro lado, o Governo deverá estabelecer um preço máximo para os combustíveis, de forma a garantir que «aqueles ganhos beneficiam os trabalhadores, as empresas e o desenvolvimento nacional».

Também a comissão central de trabalhadores da Petrogal denuncia a atitude do Governo perante esta situação, lembrando que o Estado é o segundo maior accionista directo e que dá o seu aval à conversão de investimento em dividendos, «cujo destino maioritariamente será o estrangeiro», e recusa «o efeito replicador do investimento produtivo para o País e que o Estado viria a colher mais à frente», pelo que exigem a nacionalização da empresa.

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Também a saída do administrador com o pelouro da refinação, e a transferência desta área para outro, «denuncia um futuro ainda incerto para aquela área tão importante e vem no seguimento de outras decisões como o encerramento da refinaria do Porto, altamente lesivas do interesse nacional».

A CCT entende que a saída de três administradores, pouco mais de um mês após a apresentação do plano estratégico, mostra «desorientação e falta de capacidade do grupo Amorim quanto à definição de uma linha de futuro diferente da destruição da empresa». Acrescenta ainda que, pela variação do preço das acções do grupo desde o dia 2 de Junho, «os mercados já mostraram o que acham do plano estratégico e querem sangue». 

A maioria do capital é detido por entidades estrangeiras que, realçam os trabalhadores, estão interessadas «somente» no retorno em dividendos e, porventura, mais focadas «em negociar no mercado de futuros do CO2 na Europa (em forte alta)».

Nesse sentido, a CCT insiste que «não podem ser estes interesses a governar a empresa/grupo», e que «nada disto tem a ver» com a transição energética ou com as alterações climáticas, referindo-se antes a um «mecanismo altamente destrutivo para prosseguir um jogo onde muitos perdem, os trabalhadores e os povos, e poucos ganham, os capitalistas».

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