Para privar de alimentos e esconderijos os guerrilheiros vietnamitas, entre 1961 e 1971, a aviação militar norte-americana lançou sobre o país do Sudeste Asiático dezenas de milhões de litros de herbicida, em particular um desfolhante à base de dioxina conhecido como Agente Laranja.
De acordo com as autoridades vietnamitas, na década que se seguiu a 10 de Agosto de 1961, data do início do «desastre do Agente Laranja», as forças militares norte-americanas lançaram mais de 80 milhões de litros de químicos tóxicos, 61% dos quais eram Agente Laranja, contendo 366 quilos de dioxina, sobre quase um quarto do Sul do Vietname. Cerca de 86% dessa área foi atingida mais do que duas vezes e 11% mais do que dez vezes, revela a Vietnam News Agency (VNA).
Como resultado, estima-se que 4,8 milhões de vietnamitas tenham estado expostos a este tóxico. Muitas vítimas morreram, enquanto milhões de descendentes vivem com deformações e doenças – ainda uma consequência directa da exposição ao químico tóxico.
A Associação de Vítimas do Agente Laranja/Dioxina no Vietname juntou nos últimos 5 anos mais de 53 milhões de euros para fazer frente às sequelas da utilização dessa substância pelos EUA durante a guerra. O vice-presidente da Associação, Dang Nam Dien, explicou esta segunda-feira em Hanói, numa reunião da Comissão Central do organismo, que os fundos recolhidos se destinaram fundamentalmente à desintoxicação e à prestação de cuidados médicos a quem ainda sofre as consequências dos ataques, à melhoria das suas condições de habitação e à atribuição de bolsas de estudo aos seus descendentes. Nam Dien, que agradeceu o apoio das diversas instituições que participam activamente no movimento Agir pelas Vítimas do Agente Laranja, disse que, apesar das dificuldades colocadas este ano pela pandemia de Covid-19 e pelos desastres naturais, a Associação conseguiu cumprir todas as tarefas previstas, indica a Agência de Notícias do Vietname. Ao longo deste ano, cerca de 13 milhões de euros foram destinados às vítimas do Agente Laranja, disse o director da Associação, tendo precisado que, com esses fundos, foram construídas 1041 casas, atribuídas bolsas a quase 3100 estudantes e prestados cuidados de enfermagem a 4000 pessoas, entre outros serviços. Os esforços daqueles que actuam em prol das vítimas contribuíram para que o Congresso e a administração dos Estados Unidos tenham aceitado mais a responsabilidade do país nos bombardeamentos levados a cabo com dioxina no Vietname, referiu, acrescentando que as iniciativas para reivindicar justiça para as vítimas têm estado a dirigir-se na direcção certa. Dang Nam Dien informou ainda que a Associação irá organizar um evento, no próximo ano, para «assinalar os 60 anos do desastre do Agente Laranja no Vietname». Recorde-se que, entre 1961 e 1971, a aviação militar norte-americana lançou sobre o país do Sudeste Asiático milhões de litros de herbicida, em particular um desfolhante à base de dioxina conhecido como Agente Laranja. Esta operação de guerra química provocou uma grande desflorestação, a extinção de espécies animais, a contaminação de habitats, e a proliferação de doenças irreversíveis, como malformações congénitas, cancro e síndromes neurológicos, por milhões de vietnamitas. Cinquenta anos depois, ainda nascem crianças com malformações congénitas no Vietname. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Apoio no Vietname a vítimas do Agente Laranja
Contribui para uma boa ideia
Em Outubro de 1980, o governo criou uma comissão especial encarregue da investigação das consequências dos químicos venenosos lançados pelos militares dos EUA durante a guerra, procurando recolher dados detalhados sobre os impactos nas pessoas e no ambiente.
Em Janeiro de 2004, foi oficialmente formada a Associação de Vítimas do Agente Laranja/dioxina (VAVA, na sigla em inglês), expressando a grande preocupação do Partido e do Estado em corrigir as consequências dos químicos tóxicos e apoiar as vítimas.
Muitas políticas foram decretadas em apoio às vítimas e, em simultâneo, o Vietname tem envidado esforços apelando ao envolvimento de outros países, organizações internacionais e organizações não governamentais na assistência às vítimas do Agente Laranja, com a premissa de «não deixar ninguém para trás».
Processos judiciais no estrangeiro e sensibilização
Logo após o seu surgimento, a VAVA e diversas vítimas vietnamitas do Agente Laranja/dioxina apresentaram um processo judicial em Nova Iorque, exigindo justiça, contra 37 empresas norte-americanas que tinham produzido os químicos e abastecido as forças militares invasoras com eles para que fossem utilizados na Guerra do Vietname.
A Associação de Vítimas do Agente Laranja/Dioxina criticou a decisão de um tribunal francês que rejeitou o processo interposto por uma franco-vietnamita contra os produtores do desfolhante. O coronel-general Nguyen Van Rinh, presidente da associação, concordou com os advogados da queixosa, Tran To Nga, de acordo com os quais os fabricantes da dioxina não eram obrigados a cumprir ordens de Washington. O tribunal da cidade francesa de Evry, nos arredores de Paris, alegou que não era sua competência julgar as 14 empresas que fabricaram ou venderam o químico altamente tóxico, incluindo a Monsanto, agora propriedade do gigante alemão Bayer, e a Dow Chemical, porque estavam vinculadas contratualmente ao governo norte-americano, informa a Prensa Latina. O tribunal alegou ainda que ficavam fora da sua jurisdição as acções levadas a cabo em tempo de guerra pela administração dos EUA, e que as empresas agiam às ordens de um governo envolvido num «acto soberano». No entanto, os advogados de Nga anunciaram que vão apelar da decisão judicial, uma vez que as empresas envolvidas responderam a um concurso público sabendo quão prejudicial era o Agente Laranja, que eram livres de produzir ou não, e inclusive excederam o nível de dioxina que continha o poderoso desfolhante. A Associação de Vítimas do Agente Laranja/Dioxina no Vietname juntou nos últimos 5 anos mais de 53 milhões de euros para fazer frente às sequelas da utilização dessa substância pelos EUA durante a guerra. O vice-presidente da Associação, Dang Nam Dien, explicou esta segunda-feira em Hanói, numa reunião da Comissão Central do organismo, que os fundos recolhidos se destinaram fundamentalmente à desintoxicação e à prestação de cuidados médicos a quem ainda sofre as consequências dos ataques, à melhoria das suas condições de habitação e à atribuição de bolsas de estudo aos seus descendentes. Nam Dien, que agradeceu o apoio das diversas instituições que participam activamente no movimento Agir pelas Vítimas do Agente Laranja, disse que, apesar das dificuldades colocadas este ano pela pandemia de Covid-19 e pelos desastres naturais, a Associação conseguiu cumprir todas as tarefas previstas, indica a Agência de Notícias do Vietname. Ao longo deste ano, cerca de 13 milhões de euros foram destinados às vítimas do Agente Laranja, disse o director da Associação, tendo precisado que, com esses fundos, foram construídas 1041 casas, atribuídas bolsas a quase 3100 estudantes e prestados cuidados de enfermagem a 4000 pessoas, entre outros serviços. Os esforços daqueles que actuam em prol das vítimas contribuíram para que o Congresso e a administração dos Estados Unidos tenham aceitado mais a responsabilidade do país nos bombardeamentos levados a cabo com dioxina no Vietname, referiu, acrescentando que as iniciativas para reivindicar justiça para as vítimas têm estado a dirigir-se na direcção certa. Dang Nam Dien informou ainda que a Associação irá organizar um evento, no próximo ano, para «assinalar os 60 anos do desastre do Agente Laranja no Vietname». Recorde-se que, entre 1961 e 1971, a aviação militar norte-americana lançou sobre o país do Sudeste Asiático milhões de litros de herbicida, em particular um desfolhante à base de dioxina conhecido como Agente Laranja. Esta operação de guerra química provocou uma grande desflorestação, a extinção de espécies animais, a contaminação de habitats, e a proliferação de doenças irreversíveis, como malformações congénitas, cancro e síndromes neurológicos, por milhões de vietnamitas. Cinquenta anos depois, ainda nascem crianças com malformações congénitas no Vietname. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. O coronel-general Van Rinh comentou, na terça-feira, que se tratou de uma decisão criminosa consciente e afirmou que a associação vai continuar a prestar apoio moral e material a Nga. Na quarta-feira, a Associação de Vítimas do Agente Laranja/Dioxina emitiu um comunicado sublinhando que a decisão do tribunal sobre Nga mostra que nega o direito dos cidadãos franceses que sofreram danos causados por entidades legais estrangeiras a ser reconhecidos pela Lei francesa, informa o portal vietnamnews.vn. Tran To Nga, uma mulher de 79 anos com nacionalidade vietnamita e francesa, tem procurado processar, na última década, as multinacionais que produziram o Agente Laranja, a cuja toxicidade esteve exposta. Por isso, sofre de várias doenças crónicas e perdeu uma das suas filhas, com uma malformação no coração. «Estou decepcionada, mas não derrotada. Continuaremos a lutar», disse, após a decisão. As autoridades vietnamitas também se mostraram decepcionadas. Le Thị Thu Hang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirmou esta quinta-feira, em Hanói, que o Vietname sofreu, enquanto país, consequências devastadoras das guerras, em que se incluem os impactos sérios e duradouros do Agente Laranja/Dioxina. Para privar de alimentos e esconderijos os guerrilheiros vietnamitas, entre 1961 e 1971, a aviação militar norte-americana lançou sobre o país do Sudeste Asiático dezenas de milhões de litros de herbicida, em particular um desfolhante à base de dioxina conhecido como Agente Laranja. Além dos milhões de vietnamitas que morreram ou sofreram problemas graves devido ao Agente Laranja, estima-se que mais de meio milhão de crianças nasceram com defeitos congénitos e doenças mortais. E ainda continuam a nascer. «Apoiamos inteiramente as vítimas do Agente Laranja/Dioxina na procura da responsabilização legal das empresas químicas que o produziram e venderam. Pensamos que estas empresas têm a obrigação de corrigir as consequências que o Agente Laranja/Dioxina provocou no Vietname», disse Hang, tendo acrescentado que, através da Embaixada em França, as autoridades vietnamitas estiveram em contacto com Nga e lhe deram o apoio necessário. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Vietnamitas lamentam decisão de tribunal francês sobre Agente Laranja
Internacional|
Apoio no Vietname a vítimas do Agente Laranja
Contribui para uma boa ideia
Autoridades vietnamitas decepcionadas
Contribui para uma boa ideia
Embora o processo tenha sido rejeitado pelo tribunal, permitiu às pessoas em todo mundo adquirirem uma noção mais real do que era o «desastre do Agente Laranja» no Vietname, com as suas consequências a nível da saúde e ambiental. Esta luta, explica a VNA, acendeu um movimento de apoio às vítimas não só no Vietname, mas também em países envolvidos na Guerra Americana no Vietname.
Outro processo judicial que ganhou grande mediatismo foi o que a franco-vietnamita Tran To Nga apresentou, em 2015, contra 26 empresas dos EUA que tinham produzido o desfolhante tóxico de que ela foi vítima.
Nga, uma mulher de 79 anos, tem procurado processar, na última década, as multinacionais que produziram o Agente Laranja, a cuja toxicidade esteve exposta. Por isso, sofre de várias doenças crónicas e perdeu uma das suas filhas, com uma malformação no coração.
Recentemente, um tribunal francês alegou que ficavam fora da sua jurisdição as acções levadas a cabo em tempo de guerra pela administração dos EUA, e que as empresas agiam às ordens de um governo envolvido num «acto soberano». No entanto, Nga disse que iria continuar a lutar.
Apoio internacional e projectos de cooperação
O Ministério vietnamita da Defesa e o governo em geral têm levado a cabo várias investigações e estudos sobre as consequências do Agente Laranja, de modo a dinamizar o desenvolvimento socioeconómico e a modernização do país – e, para tal, têm contado com o apoio de governos estrangeiros e organizações internacionais.
Em Junho de 2021, refere a agência, os projectos de cooperação conduzidos conjuntamente pelas autoridades vietnamitas, governos estrangeiros e organizações internacionais tinham permitido limpar cerca de 90 mil metros cúbicos de terra poluída com dioxina, enquanto zoneava e geria com segurança cerca de 50 mil metros cúbicos de sedimentos menos contaminados no aeroporto de Da Nang (no Centro do país).
A Guerra do Vietname acabou em 1975. Desde então, mais de 40 mil vietnamitas morreram por causa de munições não detonadas. As autoridades estimam que haja pelo menos 800 mil toneladas por explodir. Pham Quy Thi mexia na terra com a enxada quando viu algo com forma de limão e aparência rochosa. Curioso, abaixou-se e puxou o objecto para cima. A última coisa de que se lembra é de uma explosão como um raio e de terra na boca. Estava sozinho no campo e passaram-se vários minutos até que os seus vizinhos, na província de Quang Tri (Centro do Vietname), corressem para o local, atraídos pela explosão. Quando chegaram, encontraram-no banhado em sangue engrossado pela terra, com o braço direito em farrapos e o torso dilacerado. Se não o tivessem levado depressa para o hospital, Quy Thi não estaria agora a contar o que aconteceu naquele fatídico dia de 1977. «Os meus sonhos e planos foram destruídos. Tinha apenas 21 anos e, se era o ganha-pão da família, tornei-me um fardo. Só voltei ao campo um ano depois, após muito cuidado e trabalho árduo da minha mãe… Mas eu já não era o mesmo, só tinha o braço esquerdo e durante muito tempo tive medo que a enxada batesse noutro explosivo», disse Pham Quy Thi a Alberto Salazar, correspondente da Prensa Latina. Algo de semelhante ocorreu a Ho Van Lai, em 2000, quando tinha apenas dez anos. Estava a correr com alguns amigos junto a uma estrada, na mesma província, quando uma bomba escondida explodiu debaixo da terra. Dois dos rapazes morreram e Van Lai perdeu um braço, ambas as pernas, o olho direito e quase o esquerdo, porque ficou com a visão reduzida a um décimo. «Passei por nove operações e fiquei com 86% de deficiência. Quando, três anos depois, fiquei fora de perigo, não pude continuar a frequentar uma escola normal e parecia que o futuro estava fechado para mim. A sorte foi que os meus irmãos mais velhos me ajudaram!», relata. No distrito de Trieu Phong, ainda na província de Quang Tri, em 1983, outro artefacto explosivo devastou a vida de Phan Dang Nguyen, com 16 anos de idade. Trabalhava no campo e pisou uma mina, que lhe arrancou meia perna. «No meu bairro isso acontecia com frequência, mas a gente acha que nunca vai acontecer connosco... Até que pisamos onde não devíamos ou vamos onde não devíamos... Mas como podemos sabê-lo, se estão escondidas debaixo da terra, à nossa espera?», pergunta a si mesmo Dang Nguyen. Os Estados Unidos nunca declararam guerra ao Vietname, mas fizeram-na e continuam a fazê-la tecnicamente, pois uma parte das minas e bombas que lançaram sobre este país – 15 milhões de toneladas, segundo as autoridades vietnamitas, quatro vezes mais que as utilizadas em toda a Segunda Guerra Mundial – continuam a matar e a desmembrar pessoas. Desde o fim da guerra, em 1975, mais de 42 mil vietnamitas morreram por esta causa, afirma Salazar. Se a este número se juntarem o dos que morreram depois daquele ano por causa do Agente Laranja, um desfolhante com que os aviões americanos pulverizaram as selvas para privar os guerrilheiros dos seus esconderijos, os mortos no Vietname seriam quase tantos como as baixas em combate dos Estados Unidos ao longo do conflito. A Guerra do Vietname acabou em 1975, mas ao hospital desta cidade continuam a chegar pacientes com feridas desse tempo ou de agora mas provocadas por explosivos de então. Foi de Fidel a ideia de o construir. O médico cubano Aracelio Pérez implantou várias próteses da anca a pacientes que ainda tinham alojada nessa parte do corpo metralha corrompida pela passagem dos anos, indica a Prensa Latina. Um outro exemplo é o do seu colega Crescencio Aneiro, que teve de operar com urgência um canalizador a quem rebentou na cara uma velha mina quando cavava o chão para instalar os canos de um lava-louças, refere a peça publicada por Alberto Salazar, correspondente da agência cubana no país do Sudeste Asiático. A ideia de fundar este hospital localizado na capital da província de Quang Binh (Centro do Vietname) surgiu da necessidade de lidar com as sequelas da guerra neste território, que foi um dos mais assolados pelos bombardeamentos norte-americanos, uma vez que marcava o limite entre o Norte e o Sul do país. Quando Fidel Castro visitou o Vietname, em Setembro de 1973, viajou de Hanói para Quang Binh num pequeno avião, e ficou comovido com o que viu lá em baixo: as pontes todas – «sem excepção» – destruídas, as aldeias arrasadas, as bombas de fragmentação que caíam sobre os campos de arroz onde crianças, mulheres e velhos trabalhavam. O líder da Revolução cubana atravessou depois o tristemente célebre Paralelo 17 – foi o único estadista a fazê-lo naqueles tempos – e percorreu a recém-libertada província de Quang Tri, onde pôde ver in loco os horrores da guerra. No regresso a Quang Binh, por estrada, foi abalado por um novo acontecimento, ao dar com três crianças feridas, duas delas em estado grave, depois de terem feito explodir uma granada quando trabalhavam a terra. Os médicos cubanos que iam na caravana «cuidaram delas directamente durante horas e salvaram-lhes a vida», contou Fidel nas suas Reflexões. Este facto, o que vira a partir do avião e no cenário de guerra levaram-no a fazer uma promessa aos habitantes da província de Quang Binh no dia seguinte, antes de voltar para Hanói: construir e equipar totalmente um hospital em Dong Hoi, o mais rapidamente possível. «Também virão cubanos trabalhar na construção deste hospital», disse. O hospital começou a ser construído a 19 de Maio de 1974, coincidindo com o 84.º aniversário do nascimento de Ho Chi Minh. E os cubanos lá estavam, como prometido: mais de cem engenheiros, construtores e outros especialistas, refere a Prensa Latina. Quando foi inaugurado, a 9 de Setembro de 1981, era um dos mais avançados do país. Até 1991, passaram por ali 146 médicos, enfermeiros e técnicos cubanos da Saúde. Hoje, em Dong Hoi, ainda se lembra que alguns chegaram a dar sangue a pacientes que dele precisavam com urgência. A colaboração médica cubana interrompeu-se entre 1991 e Abril de 2018, quando chegaram ao hospital quatro especialistas de Cuba. Posteriormente, chegaram mais quatro. Além dos casos médicos, uma das coisas que mais os impressionaram foi ver que os andares da ala mais antiga do hospital têm o piso de granito colocado pelos pedreiros cubanos e que continuam a ser usadas as camas enviadas por Cuba há tantos anos. Ampliado e modernizado, o hospital, onde um busto honra quem inspirou a sua criação, é considerado hoje um dos melhores do seu tipo no país asiático. O director da instituição, Duong Thanh Binh, disse à Prensa Latina que para a população de Quang Binh é «uma grande sorte ser atendida por médicos que vêm de um país com tanto prestígio na área da Medicina». «Inseriram-se muito rapidamente no ambiente de trabalho do hospital e deram mostras de uma grande atitude profissional no trabalho, uma elevada qualificação e um trato muito amável com os pacientes», referiu. Para Binh, a presença dos médicos cubanos ajuda-os bastante na formação dos jovens médicos vietnamitas e no desenvolvimento de especialidades de alta tecnologia que a unidade quer promover. «Essas são algumas das razões por que queremos contratar mais profissionais da Ilha», revelou, sublinhando: «Este hospital foi e continua a ser um dos mais preciosos presentes que Fidel Castro e o povo cubano deram ao Vietname.» Actualmente, há no país do Sudeste Asiático uma dezena de especialistas e técnicos cubanos, mas, de acordo com a vontade dos dois países, esse número deve chegar à centena nos próximos tempos. «Serão os novos frutos de uma semente plantada há 45 anos num hospital de Dong Hoi» que tem por nome Amizade Vietname-Cuba. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Pode dizer-se que já há paz no Vietname? Quy Thi, Van Lai, Dang Nguyen e mais de 62 mil compatriotas mutilados por bombas e minas de então para cá acham que não», nota o jornalista. De acordo com o Centro de Tecnologia para a Eliminação de Bombas e Minas, mais de 6,5 milhões de hectares, um quinto do território vietnamita, estão contaminados com munições não detonadas, artefactos reconhecidos internacionalmente com a sigla UXO (do inglês unexploded ordnance). As suas principais vítimas são os camponeses do Centro e do Sul do país, às vezes por tocarem inadvertidamente num artefacto explosivo, outras ao tentarem desmontar o que encontram enquanto trabalham nas suas terras, para depois vender o metal. A tragédia ainda pode durar, pois, de acordo com as estimativas oficiais mais conservadoras, há pelo menos 800 mil toneladas de bombas não detonadas; outras apontam que um quinto das bombas lançadas pelos aviões norte-americanos ainda não explodiram. «As minas e bombas que ficaram da guerra impedem-nos de levar uma vida normal, de andar tranquilos por onde quisermos – diz Pham Quy Thi –, mas temos de seguir em frente.» «Depois de ter recuperado, eu e outros mutilados por bombas e minas começámos a dar palestras às famílias do distrito, para as convencer a abandonar a perigosa ocupação de as recolher. Também criámos organizações para deficientes», diz ao correspondente da Prensa Latina. Quy Thi casou e teve três filhos. «Todos eles foram para a faculdade e casaram-se. Tenho orgulho deles e agradeço à minha esposa», diz. Hoje, com 62 anos e com um braço esquerdo que, musculoso, parece ser de uma pessoa com uma constituição mais forte, trabalha na Renew (Renovar). Envolveu-se há dez anos neste projecto que, com apoio financeiro da Noruega, realiza várias acções para enfrentar as sequelas das munições por explodir. «Como porta-voz da Renew, visitei 30 países para revelar as consequências das UXO no Vietname. Fui vítima de uma bomba de fragmentação e luto pela proibição total dessa arma», refere. Ho Van Lai também refez a sua vida. «Estudei numa escola para deficientes e, depois, Tecnologia da Informação na Universidade Politécnica de Da Nang», diz. Também apoio o trabalho da Renew, ensinando as crianças a protegerem-se das bombas e minas, para evitar uma tragédia como a minha. Sinto-me uma pessoa útil à comunidade e sonho com um futuro melhor.» A Renew tem assento no Centro Contra a Acção das Bombas e Minas em Dong Ha, capital de Quang Tri. Há ali uma colecção arrepiante de objectos sobre o tema, revela o jornalista Alberto Salazar. Na cidade também existe uma fábrica de próteses. No momento da reportagem, Phan Dang Nguyen estava lá a fazer as medidas para que lhe fosse implantada uma nova perna artificial. «Este serviço é gratuito e, além disso, a autarquia dá-me um subsídio mensal... Não é muito, mas ajuda-me a comprar os medicamentos para aliviar as dores das minhas antigas feridas», diz a sorrir. Dang Nguyen não quer ser um fardo para a família ou para a sociedade. «Fiz cursos formação profissional para deficientes físicos e ganho a vida como mecânico de motocicletas», explica. Quang Tri era a província mais a norte do Sul do Vietname e, quase até ao fim da guerra, marcava, com a vizinha província de Quang Binh (a mais a sul do Norte), a «fronteira». Foram dos territórios mais bombardeados pelos Estados Unidos. Ali, como em quase todo o país, o drama dos mutilados por bombas e minas envolve todos os anos dezenas de outras pessoas que, como Quy Thi, Van Lai e Dang Nguyen, «têm de lutar muito para fazer com que nada lhes mate os sonhos». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Bombas e minas no Vietname, um drama ainda muito actual
Um drama que perdura
Internacional|
Um hospital de guerra, paz e amizade em Dong Hoi
A ideia de Fidel
E a promessa foi cumprida
Médicos cubanos em Dong Hoi
Contribui para uma boa ideia
O imperativo de viver
Contribui para uma boa ideia
Também a Casa Branca foi aumentando, ao longo dos anos, a cooperação com o Vietname no que respeita aos impactos da dioxina, empenhando-se activamente em iniciativas para resolver as suas consequências.
Em Maio de 2020, o Congresso dos EUA aprovou 328 milhões de dólares para que o governo norte-americano trabalhasse neste sentido. Um mês antes, foi aprovada uma verba de 80 milhões de dólares para os EUA utilizarem em projectos de apoio às vítimas com deficiências no Vietname, incluindo as do Agente Laranja.
O tenente-general Nguyen Chi Vinh, antigo vice-ministro vietnamita da Defesa, disse que, nos muitos encontros que manteve com oficiais, representantes políticos e outras pessoas de diversos países, algumas das quais veteranos norte-americanos da Guerra no Vietname, ninguém negou o desastre do Agente Laranja/dioxina no país do Sudeste Asiático provocado pelos EUA.
«Todos partilharam a esperança de poder aliviar o sofrimento da dioxina no país», afirmou, sublinhando que isso é uma grande motivação para a cooperação internacional no que respeita a resolver as sequelas da guerra.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui