|África

Palestina louva críticas à inclusão de Israel como observador da União Africana

O governo palestiniano congratulou-se com a rejeição da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) da decisão de atribuir a Israel o estatuto de Estado observador da União Africana (UA).

Créditos / alghad.com

«O posicionamento da SADC está em consonância com o direito internacional e a longa historia partilhada de solidariedade e luta contra o colonialismo e a opressão entre os povos palestiniano e africano», afirmou o Ministério palestiniano dos Negócios Estrangeiros num comunicado emitido esta quinta-feira.

«Esta objecção firme, juntamente com as objecções de outros estados, servirá como uma dura lembrança de que a ocupação colonial, o racismo e as violações constantes do direito internacional, que continuam a algemar a Palestina, não devem ser recompensados», sublinha o documento divulgado pela WAFA.

Agradecendo profundamente aos estados-membros da SADC pela sua liderança política e moral e por honrar o legado de África contra o colonialismo, a Palestina instou outros países africanos a unir-se a esta atitude, de modo a acabar «com a ocupação israelita das terras palestinianas e seu regime de apartheid».

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Vários países protestam contra estatuto de observador de Israel na União Africana

Sete estados-membros da União Africana enviaram uma carta de protesto a Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão do organismo, contra a decisão de atribuir a Israel o estatuto de observador.

Vista da sede da União Africana, em Adis Abeba, na Etiópia 
Créditos / PressTV

Na missiva, as embaixadas da Argélia, Egipto, Comores, Tunísia, Djibuti, Mauritânia e Líbia na Etiópia, onde está sediada a União Africana (UA), afirmam que a decisão contradiz o apoio do bloco africano à causa palestiniana e aos seus princípios, informa a PressTV.

Os sete países condenaram este passo como «inaceitável» e como uma acção de «abuso político da autoridade executiva» do presidente da Comissão da UA.

Os estados-membros do organismo solicitaram ainda ao presidente que o tema seja abordado na próxima reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros, prevista para Outubro.

De acordo com jornal Rai al-Youm, de Londres, a Argélia já começou oficialmente a formar um grupo de países africanos para se oporem à integração de Telavive na UA como observador, de modo a preservar os princípios do organismo e o apoio à Palestina.

Segundo a fonte, a que a PressTV faz referência, África do Sul, Tunísia, Eritreia, Senegal, Tanzânia, Níger, Comores, Gabão, Nigéria, Zimbabwe, Libéria, Mali e Seychelles são os países que se puseram de acordo para «expulsar» Israel da UA.

A Al Mayadeen indica que Lesoto, Botswana, Mauritânia, Líbia, Djibuti e Egipto também se pronunciaram contra a medida.

Apoio constante à Palestina

As autoridades argelinas emitiram um comunicado condenando uma decisão que «foi tomada sem consultar previamente os estados-membros» e lembrando que tal medida «não deve alterar o apoio constante e activo da organização continental à justa causa palestiniana», indica a Al Mayadeen.

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Mil artistas irlandeses comprometem-se a não branquear os crimes de Israel

O documento em que os artistas da Irlanda se comprometem a não actuar em Israel, nem a ser apoiados pelo Estado ocupante da Palestina surgiu há dez anos e ultrapassou agora a marca dos mil signatários.

Créditos / derryjournal.com

A Campanha de Solidariedade Irlanda-Palestina (IPSC, na sigla em inglês) afirma no seu portal que o facto de o «Compromisso dos Artistas da Irlanda para Boicotar Israel» ter atingido e ultrapassado as mil assinaturas é um «marco extremamente significativo».

O documento foi lançado em Agosto de 2010 por Raymond Deane, compositor e co-fundador da IPSC, para apoiar o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) contra Israel, liderado pela sociedade civil palestiniana.

Apoiado inicialmente por 140 figuras do mundo da Cultura, o «compromisso irlandês» baseou-se no «boicote cultural» à África do Sul do apartheid e é considerado o primeiro organizado contra Israel, tendo sido seguido por iniciativas semelhantes na Suíça, na África do Sul, no Reino Unido, entre outros países.

Zoë Lawlor, da secção cultural da IPSC, declarou o «orgulho» da Campanha Solidária por haver «tantos artistas a assinar o compromisso», sublinhando que se trata de «uma afirmação séria de apoio à luta da Palestina pela liberdade, justiça e igualdade» e «quando o povo palestiniano sofre o 73.º ano de roubo, limpeza étnica, apartheid e exílio forçado».

A adesão dos artistas irlandeses ao documento e o seu apoio à Palestina foram ainda mais valorizados por Lawlor pelo facto de «este ano ter sido extremamente difícil», no contexto da crise sanitária.

Mais de mil artistas na Irlanda não branqueiam os crimes de Israel

Nas actuais circunstâncias e «em resposta ao apelo da sociedade civil palestiniana para um boicote cultural a Israel, nós comprometemo-nos a não aceitar qualquer convite para actuar ou expor em Israel, nem financiamento de qualquer instituição ligada ao governo de Israel».

Entre os signatários encontram-se: Stephen Rea, Sinéad Cusack, Donal Lunny, Andy Irvine, Damien Dempsey, Sharon Shannon, Robert Ballagh e Mary Black and Kíla; Sisterix, CMAT, Pillow Queens, Kneecap, TPM, Steo Wall, Oein DeBhairduin e Roisin El Cherif; Kevin Barry, Joe Rooney, Mary Coughlan, Derbhle Crotty, Paul Duane e Eugene O’Hare.

A lista inclui actores, escritores, poetas, pintores, escultores, realizadores de cinema, dançarinos, arquitectos, compositores, designers, músicos, entre outros. 

Fatin al-Tamimi, presidente da Campanha de Solidariedade Irlanda-Palestina, disse que, «enquanto os palestinianos lutam para fazer frente à dupla ameaça da pandemia de Covid-19 e do regime opressivo de apartheid de Israel, há uma ausência crescente de esperança no meu país».

«No entanto, o facto de mais de mil artistas na Irlanda estarem dispostos a solidarizarem-se com a nossa luta, recusando-se a ajudar o apartheid de Israel a branquear culturalmente os seus crimes contra o meu povo, é um enorme raio de esperança, e faz-me sentir muito orgulhosa da minha pátria de adopção», disse, citada pelo portal da IPSC.

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Por seu lado, o governo sul-africano mostrou-se «chocado com a decisão injusta e injustificada» do presidente da Comissão, e recordou que, de acordo com as normas do organismo, tal medida requeria a consulta prévia aos seus estados-membros.

Também o governo da Namíbia se pronunciou, afirmando que «atribuir o estatuto de observador a uma potência ocupante contraria os princípios e objectivos do Acto Constitutivo da União Africana».

A potência colonial não deve ser premiada

A Rede de Solidariedade África-Palestina está a mobilizar o apoio de organizações africanas para que instem os estados-membros da UA a opor-se à integração de Israel no bloco como observador.

Em comunicado, a Rede lembra que Israel «viola sistematicamente o direito internacional» e é «uma ameaça constante e directa à paz e à segurança no Médio Oriente e no Norte de África».

«A UA não devia premiar uma potência colonial agressora […]; antes apoiar o apelo do povo palestiniano ao BDS [boicote, desinvestimento e sanções]» e «isolar o apartheid israelita», defende a rede solidária.

No passado dia 22 de Julho, Moussa Faki Mahamat anunciou que Israel tinha obtido estatuto de observador junto da União Africana – um estatuto que o Estado sionista perdera em 2002, quando desapareceu a Organização da Unidade Africana, e por cuja obtenção vinha a fazer pressão.

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Durante a 41.ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo do bloco austral, que decorreu a 17 e 18 de Agosto em Lilongwe, capital do Malawi, os 16 membros da SADC expressaram o seu repúdio pela decisão da Comissão da UA de aceitar Telavive como observador.

Integram a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral 16 países: África do Sul, Angola, Botswana, Comores, Eswatini, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícia, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seychelles, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

Um passo «inaceitável»

No passado dia 22 de Julho, Moussa Faki Mahamat, presidente da Comissão da UA, anunciou que Israel tinha obtido estatuto de observador junto da União Africana – um estatuto que o Estado sionista perdera em 2002, quando desapareceu a Organização da Unidade Africana, e por cuja obtenção vinha a fazer pressão.

A decisão foi duramente criticada por diversos estados-membros do organismo sediado em Adis Abeba, afirmando que se trata de um passo «inaceitável», de uma posição que contradiz a política de apoio à causa palestiniana e que viola os princípios da UA.

Argélia, África do Sul e Namíbia foram dos países que mais pronta e claramente se posicionaram contra a decisão, sublinhando também que tal implicava uma consulta prévia aos estados-membros.

O governo da Namíbia alertou que «atribuir o estatuto de observador a uma potência ocupante contraria os princípios e objectivos do Acto Constitutivo da União Africana».

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