O fecho da refinaria de Matosinhos representa a destruição de cerca de 5000 postos de trabalho e a perda de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) na Área Metropolitana do Porto.
Como reconheceu recentemente a Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, «não há racionalidade económica na decisão tomada pela administração e demonstra-o, relativamente apenas a um semestre, o primeiro de 2021 e o primeiro onde é possível avaliar o impacto global para a empresa/grupo que foi penalizada em 70 milhões de euros e torna incompreensível a teimosia em levar por diante um crime económico e social que em aparência não aproveita a ninguém».
No entender da CCT, a administração prescindir de várias dezenas de milhões de euros numa altura em que a redução de custos é asfixiante, «apenas pode indiciar que a decisão de encerramento da refinaria de forma apressada se deveu a compromissos assumidos e cujo retorno ainda não foi desvendado».
A Galp anunciou que vai concentrar as suas operações em Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir do próximo ano. Em causa estão 500 postos de trabalho directos e 1000 indirectos. A confirmar-se o encerramento desta refinaria, tal constituirá um grave atentado aos interesses nacionais, pois anulará importantes activos industriais, que beneficiaram inclusivamente de investimentos recentes com recurso a apoios públicos, atirando para o desemprego centenas de trabalhadores industriais qualificados. Em declarações à Lusa, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Galp disse que vai contestar a decisão da empresa de concentrar a refinação em Sines e descontinuar a operação em Matosinhos, e pedir novamente a intervenção do Governo. «A nossa intenção é contrariar. Vamos discutir. Vamos reunir com os sindicatos e convocar o Governo, como temos feito desde 24 de Abril. Alertámos, desde essa altura, o Governo e o Presidente da República para as consequências que a distribuição de dividendos iria ter num contexto de pandemia. Não tivemos resposta», afirmou Hélder Guerreiro, da CT da Galp. Apesar de concordar que houve uma redução do consumo de combustíveis e um consequente impacto económico, devido à pandemia de Covid-19, Hélder Guerreiro vincou que as contas da empresa, referentes ao terceiro trimestre, mostram que todas as áreas totalizaram resultados positivos. Por outro lado, o encerramento não está desligado de interesses especulativos sobre os terrenos onde a refinaria se localiza, nem dos volumosos recursos públicos que estão a ser transferidos para os grupos económicos, em nome da chamada «transição energética». Em Outubro, a CT afirmava que o Governo não poderia continuar a «derramar milhares de milhões de euros sobre o sector em nome de um processo, "a transição energética", que só poderá dirigir recuperando o controlo público sobre empresas estratégicas». Os grupos parlamentares do PCP e do BE já convocaram o ministro do Ambiente à Assembleia da República para prestar esclarecimentos sobre o processo. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
Encerramento da refinaria é contrário aos interesses nacionais
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Um estudo encomendado pela Câmara Municipal de Matosinhos à Universidade do Porto para avaliar os impactos socio-económicos do fecho do complexo petroquímico no concelho traça um «cenário particularmente grave» para a região Norte e para o País, caso não seja dado qualquer destino àquela instalação industrial.
«No cenário de não existirem alternativas para o complexo de refinação da Petrogal estima-se a perda de 1600 postos de trabalho em Matosinhos e de 5000 na Área Metropolitana do Porto», refere.
A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de Abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines. O despedimento colectivo de cerca de 150 trabalhadores da refinaria, consumado esta quarta-feira, «será o marco mais negro na história da empresa/grupo associado à decisão comprovadamente errada do encerramento daquela instalação», referia a CCT num comunicado divulgado na semana passada.
O Estado é um dos accionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.
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