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Trabalhadores da Saúde em luta contra a agenda liberal na Austrália

Mais de 100 trabalhadores participaram numa concentração no âmbito da greve que realizaram esta terça-feira, a segunda deste mês nos grandes hospitais da Austrália do Sul.

Créditos / @UnitedWorkersOz

O protesto foi organizado pelo sindicato United Workers Union (UWU), abrangendo trabalhadores essenciais em duas das maiores unidades hospitalares da capital da Austrália do Sul, o Hospital Royal Adelaide e o Hospital Queen Elizabeth.

No início do mês, um protesto similar, também organizado pelo UWU, fez-se sentir em três grandes hospitais deste estado australiano, onde os trabalhadores se queixam de «práticas laborais inseguras» e de carência de pessoal, indica o portal Peoples Dispatch.

Estas mobilizações integram-se numa campanha a nível nacional, levada a cabo por trabalhadores essenciais no sector da Saúde – em que se incluem funcionários da limpeza e da esterilização dos espaços, do catering e dos serviços de atendimento aos pacientes –, para reivindicar condições de trabalho mais seguras, que não ponham em risco os utentes e quem com eles trabalha.

A carência de funcionários nos hospitais da Austrália do Sul também tem sido apontada pelo UWU, sublinhando que esteve na origem de falhas inaceitáveis nos cuidados dos pacientes. Devido à falta de pessoal, alguns utentes, sobretudo pacientes com deficiência e idosos em situação de risco, enfrentaram situações de negligência.

O UWU denunciou estes casos e elaborou relatórios sobre eles. Paul Blackmore, coordenador do sector público do sindicato, afirmou que a situação evidencia a crise da Saúde no estado e que os trabalhadores «não vão aguentar mais tempo».

Governo liberal «esforça-se» por privatizar

Os funcionários dizem que muitos são obrigados pelas autoridades hospitalares a realizar tarefas inseguras. «Os trabalhadores essenciais da Saúde decidiram não realizar determinadas tarefas para evitar condições de trabalho perigosas, em que que lhes é pedido que quebrem regras de segurança devido à falta de pessoal», explicou Blackmore.

O sindicato também criticou os esforços do governo estadual, liderado por Steven Marshall, do Partido Liberal, para privatizar a Saúde, quando os hospitais públicos enfrentam uma situação de crise.

No mesmo sentido, os dirigentes sindicais denunciaram os planos do governo de Marshall para eliminar 2000 postos de trabalho no sector da Saúde nos próximos dois anos e meio, quando se conhecem os problemas causados pela falta de pessoal nos hospitais públicos.

De acordo com o UWU, há centenas de vagas não preenchidas nos principais hospitais de Adelaide e, enquanto isso, pede-se frequentemente aos trabalhadores que realizem dois turnos consecutivos. A falta de EPI (equipamentos de protecção individual) também é apontada pela organização sindical.

«Não vamos ficar parados e deixar o nosso sistema de saúde transformar-se numa margem de lucro para uma empresa multinacional», disse um sindicalista em comunicado divulgado pelo UWU. «Temos muito orgulho em trabalhar e servir a nossa comunidade, e vamos lutar até ao fim contra a agenda liberal de privatizações», acrescentou.

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