A resolução dos trabalhadores em avançar para um dia de greve, informa o comunicado do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB/CGTP-IN) é um resultado directo «da intransigência que a administração tem demonstrado, na recusa da séria negociação da carta reivindicativa» por eles apresentada.
No documento a que o AbrilAbril teve acesso, o SINTAB destaca, de entre os objectivos dos trabalhadores, «a reformulação do escalonamento da tabela salarial, quase totalmente absorvida pelo Salário Mínimo Nacional, e a implementação de perspectivas de progressão de carreira». A administração não deu qualquer «resposta objectiva, desvalorizando a iniciativa» e, desta forma, desvalorizando os seus próprios trabalhadores.
A administração da Sumol Compal não compareceu na reunião marcada para as 14h desta sexta-feira, no Ministério do Trabalho, em Lisboa. À porta, perto de duas centenas de trabalhadores contestaram os baixos salários e a discriminação de que dizem ser alvo. «Há anos que a Sumol Compal discrimina os trabalhadores», denuncia Rui Matias, do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN). Da afirmação percebe-se o quotidiano de luta dos trabalhadores desta empresa. Num comunicado enviado ontem às redacções, o Sintab considerava «ofensivo para os trabalhadores e suas famílias que um grupo que gera milhões de euros por ano pague o salário mínimo nacional (SMN) aos seus trabalhadores». Mesmo assim, e apesar de se tratar de um valor baixo para quem tem encargos a assegurar ao longo do mês, a Sumol Compal veio a praticar salários inferiores aos 557 euros do SMN. De acordo com os documentos, o vencimento base em Fevereiro era de 545 euros, tendo sido actualizado em Abril para 551,64 euros, com efeito a partir de Janeiro. No seguimento da pressão exercida pelo sindicato e da luta dos trabalhadores, a empresa reuniu informalmente com o pessoal para informar sobre a decisão de repor o pagamento do SMN na empresa. A situação já foi regularizada no recibo referente ao mês de Setembro, com retroactivos desde Janeiro. Mas os trabalhadores exigem mais. «Defendemos que a Sumol Compal deve pagar acima do SMN», realça Rui Matias. A proposta dos trabalhadores para 2017 era de 40 euros acima do SMN, mas a empresa, diz o dirigente, «ainda nem sequer se dignou a conversar connosco. Por isso é que nós tivemos que nos deslocar para o Ministério do Trabalho de modo a fazermos aí a negociação». Hoje a empresa faltou ao encontro com o argumento de que não queria negociar sobre pressão, uma vez que os trabalhadores estavam na rua a manifestar-se. Rui Matias defende que a administração «teve medo» do encontro com os trabalhadores. Entretanto, está nova reunião agendada com a empresa, também no Ministério do Trabalho, no dia 14 de Novembro, às 14h. O dirigente sindical denuncia que «há muita coisa que está errada» no grupo Sumol Compal. A falta de equidade salarial é um dos motivos que preocupam os trabalhadores. Rui Matias explica que, por exemplo, um trabalhador na fábrica da Póvoa de Varzim pode ter um salário diferente de outro que cumpra a mesma função em Leiria, Pombal ou Almeirim. «Isto não pode acontecer, não é aceitável e os trabalhadores estão fartos», ressalva. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho
Trabalhadores consideram ofensivo que um grupo que gera milhões pague o SMN
Sumol Compal falha reunião com trabalhadores no Ministério do Trabalho
Não há equidade nos salários
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Só que os problemas na Sumol+Compal não são de agora: «Os plenários de Novembro haviam já deliberado o combate à contínua precarização da mão de obra, por recurso excessivo e injustificado à prestação de serviços externos e trabalho temporário, bem como a firme oposição aos despedimentos colectivos que a empresa colocou em prática durante os últimos anos».
Sem respostas, a greve decorrerá entre as 23h do dia 11 e as 8h do dia 13 de Janeiro, em todos os estabelecimentos da empresa em território nacional. No dia 12 realizar-se-á uma manifestação em frente à Câmara Municipal de Almeirim, entre as 14h e as 16h, com a participação da Secretária-Geral da CGTP-IN, Isabel Camarinha.
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