Sem surpresa, o Orçamento do Estado (OE) para 2022 foi aprovado hoje com os votos contra de PCP e BE, mas também do PSD e dos partidos à sua direita, embora por razões distintas. Enquanto à esquerda se reivindicam medidas para assegurar uma justa redistribuição da riqueza criada, combater os preços especulativos, valorizar os serviços públicos e promover a produção nacional, a direita abraça os interesses do grande capital e reclama, sobretudo, menos impostos para os mais ricos e mãos livres para a especulação e os lucros dos grandes grupos económicos.
O documento passa ao lado dos problemas estruturais do País, recusando, por um lado adoptar medidas para controlar os preços dos alimentos, eletricidade e gás, e, por outro, implementar medidas, no caso da saúde, como o regime de dedicação exclusiva e o alargamento da atribuição de incentivos para a fixação de profissionais em zonas carenciadas, quando existem cerca de 1,3 milhões de portugueses sem médico de família. Além do sistemático adiamento de consultas, cirurgias, tratamentos e exames.
Um OE, que o PS considera o mais à esquerda de sempre, mas que não assume a valorização dos salários e pensões e o controlo de preços de bens essenciais, num quadro político-social onde sobressaem os milhões de euros de lucros das grandes empresas, designadamente da GALP, EDP, SONAE, Jerónimo Martins e do sector bancário.
Realidade que contribui para um País mais injusto e desigual, e motiva o protesto dos trabalhadores, que esta manhã se manifestaram junto à Assembleia da República, exigindo melhores salários e pensões, o controlo dos preços e a melhoria dos serviços públicos e das funções sociais do Estado.
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