Os resultados da segunda volta das eleições legislativas em França vai depender da mobilização eleitoral. Os apoiantes de Macron, mais velhos, mais ricos e com diploma do ensino superior normalmente abstêm-se menos que os eleitores da coligação de esquerda Nupes, que se encontram entre os mais jovens e os habitantes dos bairros populares nos subúrbios das grandes cidades.
Todas as semanas surgem conflitos em empresas, desde PMEs a multinacionais, em todos os sectores de actividade. A inflação atingiu o seu nível mais alto durante 37 anos em Maio. Os salários marcam passo. Para assinalarem o início da sua terceira semana de greve, os 67 trabalhadores da fabrica de materiais eléctricos Pommier marcharam pelas ruas de Bagnères-de-Bigorre (Altos Pirinéus) nesta terça-feira, 14 de Junho, «para fazer algum barulho»: estão a exigir um aumento salarial de 5%, a manutenção do subsídio de férias de 400 euros e um aumento do subsídio de refeições. O presidente francês começou tarde a campanha eleitoral, marcada pela hipótese de as listas conjuntas de esquerda poderem acabar com a sua maioria no parlamento. O final da campanha da coligação que apoia o reeleito presidente Francês, Emmanuel Macron, que mudou o nome para Ensemble! (juntos), não tem sido calma, desde lançarem acusações que o principal proponente da coligação de esquerda, Jean-Luc Mélenchon, é o Hugo Chávez francês e que se pudesse faria do país uma nova Venezuela, até afirmarem que está contra as forças da ordem, por ter condenado a morte a tiro de uma pessoa, por polícias numa operação stop, pode-se ouvir um pouco de tudo da boca dos ministros e dirigentes dos partidos que apoiam o presidente. Mas para ilustrar o clima crispado do chefe de Estado na campanha, nada melhor que uma pequena história. Uma estudante do ensino secundário Laura, 18 anos, a viver em Gaillac no Tarn, teve a desagradável surpresa de ter recebido – no dia seguinte a ter interpelado o presidente sobre o facto de dois os seus ministros terem sido acusados de violação – a visita de vários polícias na sua escola. A estudante trocou palavras com Emmanuel Macron, numa viagem deste ao seu departamento eleitoral, sobre as acusações de violação de dois ministros do governo, Gérald Darmanin e Damien Abad (o primeiro tinha sido alvo de uma queixa por violação, fechada sem acção, depois relançada e para a qual o procurador solicitou um arquivamento no início de 2022). O diálogo que terá incomodado o governante foi tido quando o presidente deixava a esquadra de Gaillac com o ministro do Interior, Gérald Darmanin: «O principal objectivo do seu mandato de cinco anos era a igualdade das mulheres e a protecção das mulheres que são violadas. Entretanto, coloca à cabeça do Estado, homens acusados de violação e violência contra as mulheres. Porquê?», questionou a estudante. No dia seguinte recebeu a visita das autoridades. «Eu estava na aula de espanhol quando, por volta das 11.30 da manhã, a subdirectora veio buscar-me para uma conversa. Fora da aula, ela perguntou-me se eu aceitaria falar com os polícias», disse a estudante ao Le Parisien. Os polícias estavam inicialmente preocupados em saber se ela queria apresentar uma queixa. De facto, à margem da sua conversa com o chefe de Estado, ela tinha confiado que tinha sido vítima de uma agressão sexual no RER há quatro anos atrás. Mas «chegámos rapidamente à troca de palavras com Emmanuel Macron. Eles perguntaram-me o que eu queria fazer, por isso disse-lhes que queria fazer essas perguntas. Então o polícia disse-me: "Isso não era para ser feito". A sua colega acrescentou que se eu tivesse querido interrogar o Presidente da República, então deveria ter passado por canais hierárquicos, escrevendo ao Eliseu», disse a jovem ao diário. Ela descreveu esta discussão, que durou dez minutos, como «intimidatória». Os colégios eleitorais da França metropolitana abriram este domingo para a primeira volta das eleições legislativas, nas quais se espera um duelo entre o partido do presidente Emmanuel Macron e a nova coligação de esquerda, de Jean-Luc Mélenchon. Mais de 48 milhões de franceses são convocados para as eleições de dois turnos nas quais estão em jogo os 577 círculos eleitorais da Assembleia Nacional e nas quais a principal incógnita é se Macron alcançará a maioria absoluta ou será forçado a procurar alianças nos próximos cinco anos para levar a cabo o seu programa eleitoral. Um dos elementos que se espera assinalar este dia, segundo os institutos demográficos, é a elevada taxa de abstenção, que se prevê superior ao recorde de 51,3% alcançado nas últimas eleições de 2017. De forma a vencer na primeira volta, o candidato mais votado tem de reunir 50% dos votos que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos. Quando isto não acontece, passam à segunda volta, que se realiza no dia 19 de junho, todos os candidatos que tenham obtido votos equivalentes a mais de 12,5% dos inscritos ou os dois candidatos mais votados. Em 2017, apenas quatro deputados foram eleitos na primeira volta, já que devido ao sistema de percentagem de votos em relação à população inscrita nas listas, dificilmente haverá muitos eleitos na primeira volta. As eleições legislativas francesas disputam-se em 12 e 19 de junho, funcionando com base num sistema uninominal de duas voltas. As últimas sondagens da primeira volta das eleições legislativas de domingo, 12 de Junho, mostram um empate entre os dois pólos principais. Os candidatos de Ensemble! – uma coligação que reúne La République en marche (LRM), Horizons e o MoDem – têm 28% das intenções de voto (margem de erro de mais ou menos 1,3 pontos), logo seguido da Nova União Popular, Ecológica e Social - Nupes, que reúne A França Insubmissa, o Partido Socialista (PS), o Partido Comunista Francês (PCF) e a Europa Ecologia-Os Verdes, com 27% na sondagem (mesma margem de erro). O Rassemblement National (União Nacional de Marine Le Pen está cotado com menor previsão de votos (19%, margem de erro mais ou menos 1,1 pontos). Contudo, se adicionarmos a pontuação esperada de Reconquête (Reconquista), a formação de Eric Zemmour (5,5%, margem de erro de mais ou menos 0,7 pontos), o pólo da extrema-direita atingiria cerca de 24,5%. Num artigo, publicado no diário Le Monde, o economista Thomas Piketty abordou os desafios políticos que estas eleições colocam, com a existência de um bloco liberal de direita, a esquerda e a extrema-direita, da seguinte forma: «É possível saírmos de uma democracia com três partições eleitorais e reconstruir uma divisão esquerda-direita centrada em questões de redistribuição e desigualdade social, em França e, de uma forma mais geral, à escala europeia e internacional? Esta é a questão central das actuais eleições legislativas». Como explica o economista esta partição do eleitorado em três blocos não acabou com as clivagens políticas fundadas sobre os interesses diferentes e divergentes das várias classes sociais. «O bloco liberal atinge de longe os seus melhores resultados entre os eleitores mais favorecidos socialmente, qualquer que seja o critério utilizado (rendimento, riqueza, diploma), particularmente entre os mais velhos. Se este "bloco burguês" consegue reunir um terço dos votos, isso deve-se também à evolução da participação, que se tornou muito mais forte entre os mais abastados e os mais velhos do que entre o resto da população durante as últimas décadas, o que não era o caso antes.» «De facto, este bloco sintetizou as elites económicas e imobiliárias que anteriormente votaram a favor do centro-direita com as elites instruídas que assumiram o centro-esquerda em muitos lugares desde 1990, como mostra a World Political Cleavages and Inequality Database. Com a participação igualitária de todos os grupos sociodemográficos, no entanto, este bloco apenas reuniria cerca de um quarto dos votos e não poderia pretender governar sozinho. Em contraste, as forças de esquerda estariam potencialmente na liderança, uma vez que têm melhor pontuação entre as classes trabalhadoras, e especialmente entre a geração mais jovem. O bloco nacionalista também avançaria, mas mais ligeiramente, porque o perfil do seu voto popular é mais equilibrado entre os grupos etários.» «De certa forma, poderíamos dizer que esta divisão em três blocos se refere às três grandes famílias ideológicas que estruturaram a vida política durante mais de dois séculos [em França]: o liberalismo, o nacionalismo e o socialismo. Desde a revolução industrial, o liberalismo tem sido baseado no mercado e no desmantelamento social da economia, e tem atraído a maioria dos vencedores do sistema. O nacionalismo responde à crise social resultante, reificando a nação e as solidariedades etno-nacionais, enquanto o socialismo tenta, não sem dificuldade, promover a emancipação universalista através da educação, do conhecimento e do acesso ao poder.», analisa Piketty. Para o economista, a grande novidade no presente é que a visibilidade da questão social «perdeu intensidade, em parte, porque quando a esquerda esteve no poder perdeu a sua ambição transformadora e aliou-se muitas vezes ao liberalismo triunfante depois da queda do comunismo.» Aquilo que define esta democracia dividida em três polos, é que as classes populares estão profundamente divididas em torno da questão migratória e pós-colonial, segundo Piketty: «O eleitorado popular jovem e urbano com uma origem nacional mais mixigenada vota nas forças de esquerda; inversamente, o eleitorado popular menos jovem e mais rural sente-se abandonado e vira-se para o bloco nacionalista. O bloco burguês espera permanecer perpetuamente no poder graças a esta divisão, mas esta é uma aposta arriscada e perigosa, porque a retórica utilizada pelo bloco nacionalista (e muitas vezes encorajada pelo bloco burguês) não conduz a nenhum resultado construtivo e apenas agrava os conflitos num impasse.». Não é por isso de admirar que perante esta disputa, o primeiro-ministro português, António Costa, tenha estado recentemente em França para apoiar Macron, contra a opinião do Partido Socialista local. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «Eu já não saio. Já não vou à esteticista ou cabeleireira. E não ponho os meus pés na prais há dois anos", resume uma trabalhadora, divorciada e mãe de três filhos ao diário Le Monde. «Ganho 1 400 euros líquidos, incluindo a antiguidade, mas mil euros vão para despesas fixas. Tenho de apanhar legumes na horta dos meus pais. Porque aqui trabalha-se mais para ganhar menos, e nunca se é aumentado». Tal como em Pommier, todas as semanas surgem em França mobilizações para aumentos salariais. Apoiados pelos sindicatos, afectam pequenas e médias empresas (PMEs), bem como multinacionais, em todos os sectores de actividade. Exemplos incluem greves na Gerflor, perfumista Marionnaud, empresa de energia RTE, seguradora AG2R La Mondiale e especialista em obras rodoviárias Eurovia. As greves de três semanas, como em Pommier, são raras. E as mobilizações são desigualmente bem sucedidas. No final de Maio, 550 dos 700 empregados do fabricante de artigos de couro de luxo Arco, que fabrica bolsas Vuitton em Châtellerault (Vienne), pararam de trabalhar durante três dias. Obtiveram, para todos eles, um extra de 100 euros líquidos por mês e um aumento de 25% nos turnos nocturnos. A situação dos trabalhadores com salários congelados durante anos - multiplicam-se as crises, em que apesar dos rendimentos do trabalho baixarem, os lucros não deixam de subir - , não são alheias às instituições há muito dominadas pela direita liberal. A esse respeito, o escritor francês Eric Vuillard denuncia um poder cada vez mais ligado aos ricos, que se encosta à sombra do presidente Macron. Depois de uma campanha sem brilho e num contexto de uma abstenção recorde de 52,51%, os Nupes (25,65%) estão ligeiramente à frente do Ensemble! (25,2%), nas primeiras estimativas. Fechar os olhos, ranger os dentes e ficar calado pode ser uma estratégia política? Não, de acordo com os resultados da primeira volta das eleições legislativas de domingo, 12 de Junho, afirma a análise do diário Le Monde. Desde a sua reeleição como Presidente da República a 24 de Abril, Emmanuel Macron tem utilizado a «estratégia do clorofórmio», segundo os seus opositores, para tentar amortecer o impacto de uma votação que os estrategas da maioria cessante se aproximavam com um sentimento de afundamento. Com excepção de um texto sobre o poder de compra, prometido para o início do Verão, o chefe de Estado, voluntariamente, imobilizou-se durante as sete semanas que separaram a segunda volta das eleições presidenciais da primeira volta das eleições legislativas. Apenas anunciou a reforma das pensões. Isto não foi suficiente para travar a dinâmica da Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes). A coligação que apoia Macron recusa-se a dar indicação de voto quando a segunda volta se disputa entre a coligação de esquerda e os candidatos da extrema-direita de Marianne Le Pen. Justificam-se, afirmando que são ambas forças extremistas. Longe vai o tempo que Macron apelava ao voto de todos os «republicanos» contra a candidata da extrema-direita nas presidênciais. Várias figuras apoiantes de Macron, incluindo a porta-voz do governo, Olivia Gregoire, recusaram-se a inidicar uma preferência entre a coligação de esquerda e o partido da extrema-direita para a segunda volta. Darão instruções de voto "caso a caso". Na noite de 12 de Junho, os macronistas desfilaram nos aparelhos de televisão. Um hábito nas noites de eleições. Encontraram-se numa posição a que não estão habituados: Em vários círculos eleitorais, os candidatos do Ensemble! (Juntos), coligação que apoiava o presidente reeleito foram eliminados na primeira volta. A segunda ronda será jogada sem eles. A esquerda, unida sob a bandeira dos Nupes, enfrentará aqui ou ali a extrema-direita. A partir daí, coloca-se a questão: quem apoiar? A tradição republicana é que o partido eliminado - neste caso o Ensemble! - deve declarar apoio para o partido que enfrenta a extrema-direita de Marine Le Pen, a União Nacional. Mas para as grandes figuras do macronismo, a resposta não é tão óbvia. Especialmente depois do próprio Emmanuel Macron ter declarado no primeiro dia da campanha: «O projecto de Jean-Luc Mélenchon ou Marine Le Pen é a desordem e submissão». Uma declaração que não admira, dado que só uma força pode, embora dificilmente, ter mais deputados que a coligação que apoia o presidente, e essa força é a coligação de esquerda Nupes. Por sua vez, o líder da coligação de esquerda Nupes, Jean-Luc Mélenchon, reclamou este dominfo à noite vitória na primeira volta das eleições legislativas, considerando que o partido presidencial foi «desfeito» e apelando à mobilização na segunda volta para construir um «futuro de harmonia». «Pela primeira vez na Quinta República, um Presidente recentemente eleito não consegue ter uma maioria absoluta na eleição legislativa que lhe sucede», frisou. «No fim desta primeira volta, a Nupes está à frente: estará presente em mais de 500 círculos eleitorais na segunda volta», declarou Jean-Luc Mélenchon, no espaço «La Fabrique Événementielle», onde decorreu a noite eleitoral da Nupes, no norte de Paris, reagindo às primeiras projeções dos resultados eleitorais. O líder da coligação que junta várias forças de esquerda – designadamente a França Insubmissa, o Partido Socialista francês, o Partido Comunista francês e a Europa Ecologia Os Verdes – considerou que, nesta primeira volta, o partido presidencial «foi derrotado e desfeito». Mélenchon apelou assim que o povo se mobilize para a segunda volta das eleições legislativas, afirmando que o resultado da primeira volta cria uma «oportunidade extraordinária» para o «destino comum da pátria». «Mobilizem-se para escancarar as portas do futuro, um futuro para o qual se mobilizaram tantas gerações antes da nossa. Esse futuro é um futuro de harmonia entre seres humanos, livres das dominações sociais, culturais e de género. É um futuro de harmonia entre os seres humanos e a natureza», sublinhou. Mélenchon apelou designadamente à mobilização junto dos jovens – «a quem pertence o futuro» –, mas também junto «das classes populares que foram tão duramente atingidas por 30 anos de neoliberalismo». As primeiras estimativas da primeira volta das eleições legislativas em França dão a coligação de esquerda liderada por Jean-Luc Melénchon com 25,6 % dos votos e o partido de Emmanuel Macron com cerca de 25,2 % dos votos, com muitos duelos na segunda volta. A União Nacional de Marine Le Pen será a terceira força política podendo chegar a cerca de 19%. De forma a vencer na primeira volta, o vencedor tem de reunir 50% dos votos que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos. Quando isto não acontece, passam à segunda volta, que se realiza no dia 19 de junho, todos os candidatos que tenham obtido votos equivalentes a mais de 12,5% dos inscritos ou os dois candidatos mais votados. Assim, os resultados desta noite não vão definir completamente a configuração da Assembleia Nacional nos próximos cinco anos, já que tudo se joga na segunda volta das eleições legislativas, em 19 de junho. A Nupes é uma coligação eleitoral liderada por Jean-Luc Mélenchon que junta vários partidos de esquerda, partilhando um programa comum e ultrapassando rivalidades históricas entre partidos de esquerda populista, como a França Insubmissa, os verdes, os comunistas e partidos de centro-esquerda pró-europeus, como o Partido Socialista francês. . Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «A representação política é um procedimento de delegação de poder. Mesmo que não seja interpretado literalmente, mesmo que um membro do parlamento deva representar algo diferente da sua posição social e assumir uma vocação universal ao entrar no hemiciclo, o simples facto de haver apenas uma operária qualificada entre os membros da última legislatura para 27 chefes de empresas com mais de dez empregados, o facto de os chefes de empresas, executivos e profissões intelectuais superiores representarem mais de três quartos da Assembleia, é suficiente para lançar sérias dúvidas sobre todo o procedimento.» Quando o verniz se dissolve, os ricos tomam a posição contra quem os ameaça mais. E parece claro que o actual presidente Macron prefere que sejam eleitos mais candidatos de extrema-direita que a esquerda possa ter condições para impedir as suas reformas neoliberais. Eleições legislativas: apenas seis dos 61 candidatos da coligação que apoia Macron apelam para votar a favor dos candidatos da coligação de esquerda contra a extrema-direita, em círculos eleitorais que a segunda volta será decidida entre estas duas forças. Seguem a consigna do presidente, que a esquerda e extrema-direita são extremos iguais. Uns meses depois do mesmo ter apelado aos eleitores de esquerda a votarem nele, contra o ascenso da extrema-direita. É a luta de classes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
A inflação multiplica lutas pelos aumento dos salários
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Quando o poder tem medo de perder
A abstenção ameaça crescer
Empate técnico entre a esquerda e Macron
Quando a luta de classes é escondida
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Um parlamento dos ricos em que o poder prefere a extrema-direita
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A coligação de esquerda surpreende na primeira volta
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Os estudos eleitorais mostram que os votantes do Nupes foram penalizados pela abstenção, na primeira volta das legislativas, em relação à votação tida por Jean-Luc Mélenchon, na primeira volta das eleições presidenciais: um dos sectores que apoiou o candidato populista de esquerda desapareceu, quase completamente, das assembleias de voto: nos bairros sociais à volta das grandes cidades, três quartos dos eleitores recenseados abstiveram-se no domingo, 12 de Março. Os Nupes estão na liderança entre os mais jovens (cerca de 50% das intenções de voto) mas como 70% dos jovens não foram votar, esta especificidade constitui uma desvantagem competitiva.
A boa mobilização da classe média urbana educada, motivada politicamente pela união da esquerda, não foi suficiente para compensar o colapso da participação dos bairros populares e da juventude. Se o total de votos dos Nupes mal ultrapassa metade (53%) dos votos dos candidatos de esquerda nas eleições presidenciais, é portanto na sociologia da abstenção que deve ser procurada a principal razão para tal.
O campo presidencial está em maioria nos reformados e é o preferido das categorias mais instruídas e ricas, que são muito mais constantes na sua participação eleitoral do que as classes jovens e trabalhadoras, uma elevada taxa de abstenção é, a priori, favorável aos candidatos apoiantes de Macron.
O que está em jogo?
Estas eleições vão definir a composição da Assembleia Nacional francesa, depois de, nas últimas eleições legislativas, em 2017, o partido de Emmanuel Macron, 'La République en Marche', ter obtido uma maioria absoluta confortável, com 351 deputados num total de 577.
Depois de uma campanha sem brilho e num contexto de uma abstenção recorde de 52,51%, os Nupes (25,65%) estão ligeiramente à frente do Ensemble! (25,2%), nas primeiras estimativas. Fechar os olhos, ranger os dentes e ficar calado pode ser uma estratégia política? Não, de acordo com os resultados da primeira volta das eleições legislativas de domingo, 12 de Junho, afirma a análise do diário Le Monde. Desde a sua reeleição como Presidente da República a 24 de Abril, Emmanuel Macron tem utilizado a «estratégia do clorofórmio», segundo os seus opositores, para tentar amortecer o impacto de uma votação que os estrategas da maioria cessante se aproximavam com um sentimento de afundamento. Com excepção de um texto sobre o poder de compra, prometido para o início do Verão, o chefe de Estado, voluntariamente, imobilizou-se durante as sete semanas que separaram a segunda volta das eleições presidenciais da primeira volta das eleições legislativas. Apenas anunciou a reforma das pensões. Isto não foi suficiente para travar a dinâmica da Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes). A coligação que apoia Macron recusa-se a dar indicação de voto quando a segunda volta se disputa entre a coligação de esquerda e os candidatos da extrema-direita de Marianne Le Pen. Justificam-se, afirmando que são ambas forças extremistas. Longe vai o tempo que Macron apelava ao voto de todos os «republicanos» contra a candidata da extrema-direita nas presidênciais. Várias figuras apoiantes de Macron, incluindo a porta-voz do governo, Olivia Gregoire, recusaram-se a inidicar uma preferência entre a coligação de esquerda e o partido da extrema-direita para a segunda volta. Darão instruções de voto "caso a caso". Na noite de 12 de Junho, os macronistas desfilaram nos aparelhos de televisão. Um hábito nas noites de eleições. Encontraram-se numa posição a que não estão habituados: Em vários círculos eleitorais, os candidatos do Ensemble! (Juntos), coligação que apoiava o presidente reeleito foram eliminados na primeira volta. A segunda ronda será jogada sem eles. A esquerda, unida sob a bandeira dos Nupes, enfrentará aqui ou ali a extrema-direita. A partir daí, coloca-se a questão: quem apoiar? A tradição republicana é que o partido eliminado - neste caso o Ensemble! - deve declarar apoio para o partido que enfrenta a extrema-direita de Marine Le Pen, a União Nacional. Mas para as grandes figuras do macronismo, a resposta não é tão óbvia. Especialmente depois do próprio Emmanuel Macron ter declarado no primeiro dia da campanha: «O projecto de Jean-Luc Mélenchon ou Marine Le Pen é a desordem e submissão». Uma declaração que não admira, dado que só uma força pode, embora dificilmente, ter mais deputados que a coligação que apoia o presidente, e essa força é a coligação de esquerda Nupes. Por sua vez, o líder da coligação de esquerda Nupes, Jean-Luc Mélenchon, reclamou este dominfo à noite vitória na primeira volta das eleições legislativas, considerando que o partido presidencial foi «desfeito» e apelando à mobilização na segunda volta para construir um «futuro de harmonia». «Pela primeira vez na Quinta República, um Presidente recentemente eleito não consegue ter uma maioria absoluta na eleição legislativa que lhe sucede», frisou. «No fim desta primeira volta, a Nupes está à frente: estará presente em mais de 500 círculos eleitorais na segunda volta», declarou Jean-Luc Mélenchon, no espaço «La Fabrique Événementielle», onde decorreu a noite eleitoral da Nupes, no norte de Paris, reagindo às primeiras projeções dos resultados eleitorais. O líder da coligação que junta várias forças de esquerda – designadamente a França Insubmissa, o Partido Socialista francês, o Partido Comunista francês e a Europa Ecologia Os Verdes – considerou que, nesta primeira volta, o partido presidencial «foi derrotado e desfeito». Mélenchon apelou assim que o povo se mobilize para a segunda volta das eleições legislativas, afirmando que o resultado da primeira volta cria uma «oportunidade extraordinária» para o «destino comum da pátria». «Mobilizem-se para escancarar as portas do futuro, um futuro para o qual se mobilizaram tantas gerações antes da nossa. Esse futuro é um futuro de harmonia entre seres humanos, livres das dominações sociais, culturais e de género. É um futuro de harmonia entre os seres humanos e a natureza», sublinhou. Mélenchon apelou designadamente à mobilização junto dos jovens – «a quem pertence o futuro» –, mas também junto «das classes populares que foram tão duramente atingidas por 30 anos de neoliberalismo». As primeiras estimativas da primeira volta das eleições legislativas em França dão a coligação de esquerda liderada por Jean-Luc Melénchon com 25,6 % dos votos e o partido de Emmanuel Macron com cerca de 25,2 % dos votos, com muitos duelos na segunda volta. A União Nacional de Marine Le Pen será a terceira força política podendo chegar a cerca de 19%. De forma a vencer na primeira volta, o vencedor tem de reunir 50% dos votos que representem pelo menos 25% dos eleitores inscritos. Quando isto não acontece, passam à segunda volta, que se realiza no dia 19 de junho, todos os candidatos que tenham obtido votos equivalentes a mais de 12,5% dos inscritos ou os dois candidatos mais votados. Assim, os resultados desta noite não vão definir completamente a configuração da Assembleia Nacional nos próximos cinco anos, já que tudo se joga na segunda volta das eleições legislativas, em 19 de junho. A Nupes é uma coligação eleitoral liderada por Jean-Luc Mélenchon que junta vários partidos de esquerda, partilhando um programa comum e ultrapassando rivalidades históricas entre partidos de esquerda populista, como a França Insubmissa, os verdes, os comunistas e partidos de centro-esquerda pró-europeus, como o Partido Socialista francês. . Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
A coligação de esquerda surpreende na primeira volta
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Desta vez, os cálculos parecem mais complicados para Macron: depois de ter ganho as eleições presidenciais em abril, com 58,55% dos votos na segunda volta, o Presidente francês enfrenta agora uma esquerda unida, que formou a coligação Nova União Popular Ecológica e Social (Nupes).
Apesar de nenhuma sondagem dar à Nupes a possibilidade de obter uma maioria, a sua progressão pode ditar o fim da maioria absoluta de Macron, o que o obrigaria a negociar com outros partidos para conseguir aprovar leis.
Uma das últimas sondagens, publicada na sexta-feira pelo instituto Ipsos Steria para a France Télévisions, estima que a coligação presidencial, Ensemble! (Juntos), deve obter entre 265 e 305 deputados -- são necessários 289 para obter a maioria absoluta --, a Nupesx entre 140 e 180, seguida do partido de centro-direita Republicanos, entre 60 e 80, e a União Nacional, de Marine Le Pen, com entre 20 e 50 deputados.
Na segunda volta destas legislativas – que funcionam com base num sistema uninominal de duas voltas –, a coligação presidencial vai enfrentar candidatos da Nupes em 270 círculos eleitorais, e candidatos de extrema-direita, da União Nacional em outros 108 círculos eleitorais.
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