No final da 43.ª Cimeira de Chefes de Governo da Comunidade das Caraíbas (Caricom), que decorreu entre domingo e terça-feira passada em Paramaribo, capital do Suriname, os países-membros instaram a actual administração norte-americana a pôr fim às medidas coercivas unilaterais que impõe à Venezuela.
Dessa forma, afirmam, os países caribenhos poderiam beneficiar da iniciativa Petrocaribe, criada por Hugo Chávez em Junho 2005 com o intuito de garantir a soberania energética na região e o desenvolvimento dos povos das Caraíbas, com uma perspectiva solidária e sem interferência de multinacionais.
Na cerimónia de encerramento, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, referiu-se aos efeitos nefastos das sanções impostas à Venezuela no que respeita ao Petrocaribe, prejudicando os países da região.
Gonsalves condenou as sanções à Venezuela, que, na prática, «puseram fim ao acordo Petrocaribe», criando dificuldades aos países do organismo, indica a TeleSur.
A propósito dos 17 anos de existência do mecanismo de cooperação energética e de integração regional, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, destacou na sua conta de Twitter que o seu país irá recuperar a capacidade de investimento da Petrocaribe, para poder cumprir «o seu papel histórico como factor de justiça social e estabilidade na América Latina e nas Caraíbas».
Bloqueio dos EUA a Cuba tem de acabar
Na intervenção de abertura da cimeira regional, o primeiro-ministro do Belize e presidente cessante da Caricom, John Briceño, insistiu na necessidade pôr fim ao bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos a Cuba há mais de 60 anos.
A Comunidade das Caraíbas (Caricom) reafirmou os laços de amizade e cooperação com Cuba, bem como a rejeição do bloqueio imposto pelos EUA, quando passam 49 anos do estabelecimento de relações diplomáticas. «A Caricom e Cuba têm muito de que se orgulhar. Uma amizade crescente, que se prolonga há quase meio século, é um marco pouco comum na história de qualquer relação», afirmou ontem Hon Gaston Browne, presidente do organismo regional e primeiro-ministro de Antígua e Barbuda. Referindo-se ao «compromisso inabalável da Caricom para continuar a reforçar e melhorar os laços de amizade, cooperação e solidariedade que nos unem», Browne sublinhou que o espírito de cooperação foi «uma grande ajuda, tanto a nível bilateral como regional, particularmente no que respeita ao desenvolvimento das capacidades humanas e ao fornecimento de serviços de saúde», informa o portal today.caricom.org. Neste sentido, destacou a presença de pessoal da saúde cubano nos países das Caraíbas para ajudar a fazer frente à Covid-19, algo que classificou como «exemplo da contínua solidariedade de Cuba face aos seus próprios desafios, decorrentes do bloqueio norte-americano de longa duração e universalmente condenado». «Esta relação viu-se reforçada pelos laços formais de compromisso desenvolvidos ao longo dos anos, a cooperação Sul-Sul e os esforços para fortalecer as ligações comerciais, uma área em que ambas as partes podem conseguir mais», acrescentou. Fundada em 1973 por quatro países das Caraíbas anglófonas – Barbados, Jamaica, Guiana e Trindade e Tobago –, a Caricom é integrada ainda por Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Dominica, Granada, Haiti, Monserrate, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas e Suriname. Na terça e na quarta-feira, a instituição universitária da capital cubana acolheu a XV Conferência Internacional da Cátedra de Estudos Caribenhos, no âmbito da qual se debateu o significado do 49.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre Cuba e Guiana, Trindade e Tobago, Barbados e Jamaica. Depois de tornarem independentes do Reino Unido, os quatro estados caribenhos decidiram formalizar as relações com Cuba, mesmo com o bloqueio económico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos. No encontro académico, sublinhou-se o facto de as relações do território da actual Cuba com as Caraíbas insulares remontarem a um período anterior à chegada dos europeus, em resultado de migrações na região. Os estados-membros da ALBA-TCP decidiram ontem, em Caracas, trabalhar em prol do reforço da unidade e da integração da América Latina e das Caraíbas. Expressaram a sua preocupação com os migrantes latino-americanos, cuja situação vão analisar em Cuba. A criação de condições que assegurem o desenvolvimento do bloco, a afirmação da unidade e da integração regionais como «condição inadiável», a reafirmação da América Latina e das Caraíbas como Zona de Paz, e a reactivação de um fundo de apoio jurídico e de assessoria aos migrantes são algumas das decisões tomadas na XIV Cimeira da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP), que ontem decorreu no Palácio de Miraflores, sede do Governo venezuelano. A declaração final, lida pela ministra dos Negócios Estrangeiros da Venezuela, Delcy Rodríguez, insta a ALBA-TCP a prosseguir a senda do contributo «para a integração regional», juntamente com outros organismos regionais, como são o Mercosul, a Unasul, a Caricom «e outros que assumiram protagonismo na última década». Sublinhando que a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) é a sua «obra mais valiosa», os países da ALBA criticam o papel assumido na região pela Organização de Estados Americanos (OEA) – e em particular a acção do seu secretário-geral, Luis Almagro –, na qual os seus povos «não encontram expressão e muito menos apoio ou defesa, mas sim tentativas e projectos hegemónicos». Os estados-membros da ALBA-TCP alertam para «a nova investida do imperialismo, do capital transnacional e das oligarquias nacionais» que os «processos democráticos populares» enfrentam na região, e sublinham que o principal visado pelo «ataque» é a Revolução Bolivariana. Neste sentido, afirmam que «a defesa da Venezuela e da sua revolução não é um problema exclusivo dos venezuelanos», mas que «convoca todos os que lutam por uma verdadeira independência na América Latina e nas Caraíbas». É também face à ofensiva imperialista, neoliberal e conservadora que estes países assumem como uma prioridade o controlo social dos bens públicos e colectivos, e salientam que «a água e o saneamento básico são um direito humano que não pode estar em mãos privadas», devendo ser os estados «a garantir o abastecimento para o bem-estar dos povos». Encarando um contexto internacional adverso, em que se incluem o aumento «da xenofobia, do racismo e do militarismo» e medidas persecutórias contra os migrantes latino-americanos, a Cimeira de Caracas vislumbrou novas oportunidades para «a mobilização e a luta» das forças progressistas na região. Assim, os representantes dos países-membros da ALBA mostraram-se dispostos «a apoiar acções emancipadoras», estabelecendo «de modo claro os horizontes, valores e princípios» que os unem, e assumindo um «programa de acção integracionista, solidário e internacionalista». De igual modo, estes países reafirmam o seu compromisso com uma «agenda de trabalho social, económica e produtiva que fortaleça a Aliança e proporcione aos [seus] povos as condições adequadas para o seu desenvolvimento integral». O documento final manifesta ainda a satisfação pela nomeação de David Choquehuanca, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros boliviano, como novo secretário executivo da organização e apoia a convocatória realizada pelo Estado Plurinacional da Bolívia para a Conferência Mundial dos Povos por um Mundo sem Muros, a realizar nos dias 20 e 21 de Junho deste ano na cidade de Cochabamba, naquele país. Esta cimeira realizou-se no dia do quarto aniversário da morte do líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez Frías, e integrou-se nas muitas homenagens que, ontem, em Caracas e em diversos lugares do mundo, foram tributadas ao Comandante Eterno. Hugo Chávez foi, com Fidel Castro, um dos grandes promotores da ALBA, cuja fundação teria lugar a 14 de Dezembro de 2004, em Havana. Aos dois estados fundadores – Cuba e Venezuela – juntou-se, em 2006, a Bolívia. Hoje, a organização que surgiu em grande medida para fazer frente aos desígnios da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas) é integrada por 11 países. Além dos três referidos: Antígua e Barbuda, Dominica, Equador, Granada, Nicarágua, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, e São Vicente e Granadinas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, milhares de trabalhadores haitianos e jamaicanos, e, em menor medida, de outras ilhas da região foram para Cuba participar na próspera indústria açucareira, segundo se pode ler num texto divulgado no portal do Ministério cubano dos Negócios Estrangeiros. Registos da época confirmam igualmente a chegada à Ilha de jornaleiros provenientes de Saint Kitts e Neves, e, em menor número, de Martinica e Guadalupe. «Depois do triunfo da Revolução cubana, em Janeiro de 1959, Havana deixou de olhar para os seus vizinhos como fonte de mão-de-obra e adoptou uma política identificada com o fim do colonialismo», lê-se no texto. Desde os anos 70, Cuba deu formação profissional a mais de 50 mil educandos provenientes destes países, para os quais também destinou destacamentos de profissionais da saúde e com os quais cooperou em diversos sectores importantes para a região, como o turismo. 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Cuba e países da Caricom, quase meio século de cooperação e solidariedade
Conferência na Universidade de Havana
Internacional
XIV Cimeira da ALBA-TCP
Reforçar unidade e integração, desafio para a América Latina
Agenda libertadora face a ofensiva imperialista
Novas oportunidades
Legado de Chávez e Fidel
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No seu período à frente da Caricom, Briceño foi um defensor da integração regional e foi em nome deste organismo que, na IX Cimeira das Américas, celebrada em Junho em Los Angeles (EUA), criticou a exclusão de Nicarágua, Venezuela e Cuba por razões políticas, tendo exigido a Washington que acabasse com a sua política hostil para com Havana, refere a Prensa Latina.
A John Briceño sucede, na presidência rotativa da Caricom, o chefe de Estado do Suriname, Chandrikapersad Santokhi.
Fundada em 1973 por quatro países das Caraíbas anglófonas – Barbados, Jamaica, Guiana e Trindade e Tobago –, a Caricom é integrada ainda por Antígua e Barbuda, Bahamas, Belize, Dominica, Granada, Haiti, Monserrate, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas e Suriname.
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