Alimentando as desigualdades e injustiças que grassam no nosso país, o Governo de António Costa, que tem fugido à questão de taxar os lucros milionários que os grupos económicos têm vindo a alcançar à custa do sacrifício dos portugueses, propõe-se antes continuar a beneficiar esses mesmos grupos.
Numa entrevista ao JN e à TSF, este domingo, onde praticamente só falou de empresas, António Costa e Silva manteve arredada a possibilidade da aplicação de uma taxa sobre as que mais têm lucrado com a guerra na Ucrânia, tendo destacado antes o facto de o Governo estar a prever uma descida «transversal» do IRC, beneficiando ainda mais quem menos contribui.
«As empresas não estão preparadas para a taxa sobre lucros excessivos», argumentou António Costa e Silva, depois de confrontado com o facto de o líder da Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) ter admitido o contrário, como os lucros da Galp deixam perceber.
A afirmação do ministro surpreende, não apenas pelos lucros que as energéticas e a banca, entre outros sectores, arrecadaram no primeiro semestre, mas pelas dificuldades com que as famílias estão confrontadas graças à escalada da inflação, e que o Governo recusa inverter.
Questionado sobre se o Estado não deveria dar o exemplo e tentar um efeito de contágio no sector privado que leve os aumentos acima da fasquia de 2%, António Costa e Silva optou por destacar a redução do défice e da dívida.
«Temos o mercado de trabalho a funcionar também de uma forma admirável, com os níveis de desemprego mais baixos historicamente», defendeu Costa e Silva, sem falar da precariedade. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em Setembro do ano passado, mostravam que oito em cada dez empregos criados em Portugal são precários.
Recorde-se que, já em 2018, o Governo de António Costa se recusou a criar um novo escalão da derrama estadual para as grandes empresas com mais de 20 milhões de euros de lucros.
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