Para celebrar o 20 de Outubro, Dia da Cultura Cubana, a Uneac propôs-se juntar música e literatura. Assim, a apresentação da edição definitiva, em Havana, de uma obra maior do legado de Carpentier contou com a actuação de estudantes do Conservatório Amadeo Roldán.
A apreciação literária esteve a cargo de Rafael Rodríguez, licenciado em Língua e Literatura Francesas, e vice-presidente da fundação que tem o nome do escritor cubano (1904-1980).
Ao abordar a «narração mais lida, mais admirada e mais traduzida» de Alejo Carpentier, Rodríguez fez referência «à arqueologia da obra» e «à sua justa apreciação do desenvolvimento de Cuba e do continente durante o período convulso que abarca», indica a Prensa Latina.
Anteriormente, Graziella Pogolotti, uma das grandes estudiosas do acervo de Carpentier, havia dito que a obra em causa transcendeu a mera definição do género, tornando-se um símbolo literário para Cuba e para o continente.
A nova edição, que vai chegar aos leitores com a chancela da editora Letras Cubanas, «foi preparada cuidadosamente por investigadores que eliminaram os erros acumulados em sucessivas reimpressões e integraram um corpo de notas extremamente útil para os leitores», explicou.
Precursor de García Márquez, rompeu com a visão eurocêntrica
A edição definitiva de O Século das Luzes já tinha tido uma apresentação na Biblioteca Alejo Carpentier, em Havana, a 17 de Setembro, que serviu para dar início às iniciativas de comemoração do sexagésimo aniversário da primeira publicação do livro.
Na ocasião, a Uneac lembrou que O Século das Luzes é colocada por investigadores e críticos, dentro e fora de Cuba, entre as obras do escritor cubano que possuem «maior alcance e transcendência».
«A importância do texto não se limita à reconstrução dos grandes acontecimentos da história a partir da perspectiva dos de baixo na América Latina e Caraíbas. Os conflitos que desgarram as personagens do romance propõem ao leitor dos nossos dias uma reflexão sobre os grandes problemas da contemporaneidade», lê-se no portal da instituição.
Carpentier foi o primeiro latino-americano a obter o Prémio Cervantes (1977) e é reconhecido como um dos pais fundadores do novo romance no continente, precursor de Gabriel García Márquez – destaca a Uneac.
«Rompeu com a visão eurocêntrica para edificar o relato dos grandes acontecimentos do mundo a partir deste lado do Atlântico», diz ainda a União de Escritores e Artistas de Cuba sobre aquele que é também autor de obras-primas como O Reino deste Mundo, Os Passos Perdidos, Concerto Barroco ou A Sagração da Primavera.
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