Ao contrário das previsões do Banco de Portugal, a inflação não está a desacelerar. Antes pelo contrário. A inflação voltou a crescer no mês de Outubro para 10,2% e traz consigo mais notícias que revelam uma generalização do aumento do custo de vida. Ou seja, a inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, fixou-se nos 7,1%. Já o índice relativo aos produtos energéticos aumentou 5,4 pontos percentuais, face a Setembro com destaque para os aumentos de preços do gás natural.
Se a inflação regista o maior aumento nos últimos 30 anos, a inflação subjacente está em máximos de 28 anos. Isto vem assim comprovar que o aumento do custo de vida tem um aumento generalizado e permanente e não o carácter temporário que muitas instituições apontavam. A título de exemplo, o Banco de Portugal, em Outubro, no Boletim Económico de Outono, dizia que o pico da inflação já teria passado e que 9,5% de inflação seria o ponto máximo de 2022. A realidade desmente assim as previsões.
Apesar destes dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística serem provisórios, a verdade é que deixam também muita margem para as previsões do Governo falharem. De acordo com essas previsões o ano iria fechar com uma taxa de inflação de 7,4%, mas para que tal aconteça é necessário que os meses de Novembro e Dezembro apresentem taxas de inflação de pelo menos 7,2%, algo que parece difícil de se concretizar.
A cada subida da taxa de inflação corresponde a uma perda no poder de compra e o Governo, na proposta de Orçamento do Estado para 2023, perspectiva uma taxa de inflação de 4% no próximo ano como base para o aumento do salário mínimo nacional (SMN). O problema é que, para já, tudo indica que a sua previsão para o actual irá falhar, e para o próximo ano, o Conselho de Finanças Públicas aponta para os 5,1%. Ou seja, há uma forte possibilidade de as previsões do Governo não se efectivarem e, assim sendo, o SMN subir apenas de forma nominal e não real.
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