Estruturas sindicais integradas na Mesa Representativa da PIT-CNT aderiram à jornada de paralisação e protesto contra o novo projecto de Segurança Social, e mobilizaram-se, esta terça-feira, até ao Palácio Legislativo, onde uma comissão especial do Senado estuda a iniciativa do governo de Lacalle Pou.
Nos últimos tempos, a PIT-CNT tem estado a realizar actividades pelo país sul-americano para passar a mensagem do movimento sindical contra esta reforma e alertar para o actual contexto socioeconómico, em que, afirma, há desvalorização de salários e pensões, e mais pobreza, com mais pessoas a recorrer a refeitórios populares.
Uma reforma que «quer roubar direitos e futuro»
A intervenção principal, frente ao Parlamento, coube a Marcelo Abdala, presidente da central sindical PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores).
Falando para a multidão, o dirigente sindical denunciou o actual projecto de reforma da Segurança Social, porque tem como única premissa «recair nas costas dos trabalhadores», e apelou ao fim dos fundos privados de pensões, porque, defendeu, «não têm a ver com segurança social, mas com lucro».
Para Abdala, a mobilização «massiva» levada a cabo pelo movimento sindical uruguaio deu expressão à luta pelos direitos das actuais gerações de trabalhadores e das futuras, das que «ainda não nasceram e às quais esta reforma das pensões quer roubar direitos e futuro».
O projecto apresentado pelo executivo de Lacalle Pou é «aberrante» e, «se fosse sincero, diria: "proponho que trabalhes mais e que ganhes menos"», denunciou o dirigente da PIT-CNT, sublinhando que a «Segurança social nunca pode ser encarada como um custo».
Um governo que não toca nos privilégios de uns quantos
Tendo pela frente um mar de bandeiras, faixas e cartazes reivindicativos de múltiplos sindicatos, iluminados pela luz da Primavera que corre para o Verão austral, Marcelo Abdala afirmou que os mais ricos e poderosos – os chamados malla oro – têm de contribuir mais, acrescentando que, como o governo «não está disposto a tocar nos privilégios de uns quantos, para os quais governa, é óbvio que este projecto viola de forma radical os direitos conquistados pelos trabalhadores».
Fá-lo – disse – aumentando a idade da reforma para todos os que nasceram desde 1973, atentando contra a promoção do emprego juvenil, diminuindo de forma substancial a pensão de reforma que os trabalhadores vão receber, lê-se no portal da PIT-CNT.
Neste sentido, Marcelo Abdala considerou que «estão a ir ao bolso dos trabalhadores», tendo ainda enfatizado os deméritos de um projecto que não traz nada de positivo para o sistema de cuidados aos mais idosos e às pessoas com deficiência, nem reforça a participação das mulheres trabalhadoras no mundo laboral, antes pelo contrário.
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