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Comunidades indígenas bloqueiam acesso de turistas a Chichén Itzá

A zona arqueológica de Chichén Itzá, no estado mexicano de Yucatán, recebeu 2,5 milhões de visitantes em 2022. Mas, sob o «êxito», há problemas – e as comunidades em redor estão fartas.

Zona arqueológica de Chichén Itzá 
Créditos / AbrilAbril

Centenas de pessoas bloquearam o acesso à cidade maia com pneus e pedras, esta segunda-feira, exigindo a demissão de Marco Antonio Santos Ramírez, director da zona arqueológica de Chichén Itzá desde 2014.

Se não por todos, consideram-no responsável por muitos dos seus males: os comerciantes não podem vender ali o seu artesanato, os guias turísticos são impedidos de entrar no espaço e os camponeses não podem plantar em terras que historicamente foram deles.

A 30 de Dezembro último, a administração de Chichén Itzá, no estado mexicano de Yucatán, assinalou 2,5 milhões de visitantes no enclave pré-hispânico em 2022, o que faz dele o mais visitado do México. Passados três dias, os problemas da mundialmente famosa cidade maia vieram para as estradas circundantes.

Comerciantes de artesanato das comunidades, que instalam as suas bancas na zona arqueológica, denunciam que têm estado a ser expulsos / AbrilAbril

Na manifestação, liderada pelas comunidades de Pisté, Xcalacoop e San Felipe Nuevo (no Município de Tinum), centenas de pessoas exibiam cartazes em que se lia «Chichén Itzá trava e reprime o desenvolvimento das comunidades de língua maia», «Basta de roubos e negócios corruptos do director de Chichén Itzá» e «Fim aos abusos das autoridades contra os guias turísticos», revela o periódico La Jornada Maya.

Arturo Ciau Puc, professor de uma escola pública e secretário dos Povos Indígenas do Comité Estadual de Cioac Yucatán, tornou-se a voz desses protestos, tendo acusado Santos Ramírez de expulsar comerciantes que vendem diariamente o seu artesanato, os camponeses de Ticimul, que limpavam as pirâmides de Chichén Itzá, e os guias turísticos, cujo sustento depende das propostas que todos os dias fazem aos visitantes.

Os camponeses de Xcalacoop, uma terra localizada a cerca de oito quilómetros a leste de Chichén Itzá, denunciam que foram expulsos do seu território por funcionários do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH) do México, e alertam para o facto de o seu território ter sido invadido pelos hotéis que se acumulam na região, revela o El País – México.

Reunião sem acordo

Na sexta-feira passada, representantes das três comunidades que circundam Chichén Itzá sentaram-se à mesa com Cristóbal Alonso, representante do Governo Federal, tendo aproveitado a ocasião para expor os seus problemas e apresentar as medidas que, em seu entender, devem ser tomadas para melhorar a convivência com os funcionários da zona arqueológica.

Baixo-relevo em Chichén Itzá / AbrilAbril

No entanto, Arturo Ciau Puc considera que não houve diálogo e que as comunidades se limitaram a ser ouvidas, sem obterem respostas. «Não se chegou a um acordo porque não houve uma resposta concreta aos nossos pedidos», afirmou o secretário dos Povos Indígenas, que acusa Antonio Santos Ramírez de estar à frente de «uma máfia que quer destruir a cultura maia e impedir os indígenas de trabalhar no sítio arqueológico».

Após o protesto, o INAH publicou um comunicado em que apela ao «diálogo directo, sem intermediários» e em que nega que exista exclusão ou proibição de falar a língua maia em qualquer zona arqueológica do país, indica o El País – México.

Chichén Itzá, declarada Património da Humanidade pela Unesco em 1988, é a cidade maia mais famosa do mundo e também a que sente mais pressão do turismo de massas, dada a proximidade da chamada Riviera Maia, no estado vizinho de Quintana Roo.

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