|TAP

Presidente da TAP foi à Assembleia da República reafirmar o processo de privatização

Chamada a prestar esclarecimentos sobre a polémica das indemnizações, a Presidente da TAP acabou por falar também do plano de reestruturação. Ficou evidente que a sua tarefa é embrulhar para oferecer, ou seja, privatizar.

Depois de um requerimento, Christine Ourmières-Widener foi à comissão de economia da Assembleia da República falar sobre os mais recentes casos da TAP. O que seria uma oportunidade para se tirar a limpo quais os objetivos políticos da gestão, foi desperdiçada pela maioria dos grupos parlamentares.

Neste campo, o Chega assumiu logo à partida que não queria falar da Tap nem do seu modelo de gestão, ignorando que a questão da indemnização a Alexandra Reis é precisamente uma questão que se prende com o modelo de gestão e objetivos da mesma. 

Já a Iniciativa Liberal mostrou grande preocupação com o modelo de nomeação de Alexandra Reis e quis somente apurar se a nomeação teria sido feita por accionistas privados, dando como exemplo uma outra onde nada de mal correu e assim procurando culpabilizar o Estado pelo sucedido. Acontece que, de acordo com a presidente da TAP, a nomeação foi mesmo feita por um accionista privado. Indo na mesma lógica de ataque ao controle público da TAP, o PSD apenas lamentou a renacionalização. 

O Bloco de Esquerda não indo ao encontro dos objetivos políticos das intervenções à direita e não colocando em causa o carácter público da empresa, procurou saber se a administração da TAP está sujeita ao Estatuto de Gestor Público e se o salário dos administradores também fora cortado na mesma percentagem que os trabalhadores.

A intervenção do PCP foi a única que procurou denunciar o processo que está em marcha contra a TAP e os seus objectivos. Começando por recordar toda a alegada necessidade de vender a empresa pública à Swissair, e o que teria acontecido se tal privatização tivesse avançado uma vez que esta última entretanto desapareceu, Bruno Dias afirmou de seguida que «primeira linha e mais importante são os trabalhadores da TAP» e que ataca-los e colocá-los «sobre uma ofensiva total, retirando-lhes a contratação colectiva, cortando-lhes os salários, inclusivamente no plano público atacar a sua dignidade» é uma forma muito óbvia de atacar a companhia aérea e o seu futuro. 

Foi precisamente neste campo que caiu a máscara ao objectivo político da actual presidente da TAP. Christine Ourmières-Widener, que fez questão de dizer várias vezes que não era advogada nem jurista, mas sim CEO e que o seu trabalho era colocar em prática o plano de reestruturação acordado entre o Estado e a Comissão Europeia, em resposta ao comunista disse: «eu concordo consigo, mas o plano de reestruturação da TAP inclui um número de parâmetros e um dos compromissos do plano [de reestruturação] inclui um corte salarial e a renegociação».

Numa audição que se centrou mais em casos e não no modelo de gestão da TAP que gera esses mesmo casos, a presidente da TAP nunca procurou negar algo que o Governo já tinha dito que iria fazer: privatizar a empresa. Essa parece ser a conclusão do plano de reestruturação que a Presidente empenhadamente procura cumprir e foi precisamente esse o motivo para a incompatibilidade com Alexandra Reis. 

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui