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«Calam-se como múmias»: Obrador critica silêncio quando mexicanos são mortos nos EUA

López Obrador lamentou o rapto de quatro cidadãos dos EUA, dois dos quais foram assassinados, e criticou o tratamento mediático enviesado e «de tablóide» dado à questão.

Andrés Manuel López Obrador, presidente do México 
Créditos / La Jornada

Na habitual conferência de imprensa matinal, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, lamentou esta terça-feira o rapto de quatro norte-americanos em Matamoros (estado de Tamaulipas), dois dos quais foram assassinados.

Américo Villarreal, governador de Tamaulipas, confirmou na ocasião as duas mortes, e Obrador enviou as condolências aos familiares, ao governo e ao povo dos Estados Unidos, tendo ainda prestado esclarecimentos sobre os factos ocorridos e prometido castigo para os responsáveis.

«Estamos a trabalhar todos os dias para garantir a paz», disse, citado pelo La Jornada, acrescentando: «Lamentamos muito que isto aconteça no nosso país.»

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Apoiado por uma multidão, presidente mexicano destaca as conquistas da sua gestão

Há quem fale em dois milhões de pessoas e até mais para se referir à participação na marcha de apoio a Obrador, este domingo, na Cidade do México. Num Zócalo abarrotado, o presidente enumerou as conquistas.

Uma multidão junto à Glorieta do Anjo da Independência segue em direcção ao Zócalo, a 27 de Novembro de 2022 
CréditosPablo Ramos / La Jornada

A marcha entre o Anjo da Independência e a Praça do Zócalo, no centro da capital mexicana, deixou imagens impressionantes de uma maré humana de apoio a Andrés Manuel López Obrador e ao projecto político que leva a cabo no país latino-americano.

A marcha popular, que reuniu pessoas provenientes dos 31 estados do país e avançou de forma lenta – durou cerca de seis horas no total, segundo o La Jornada –, serviu para assinalar os quatro anos de governo do executivo de Obrador, que tomou posse como presidente do México a 1 de Dezembro de 2018, derrotando os candidatos conservadores.

Algumas fontes afirmam que a marcha de apoio a Obrador, no quarto aniversário da tomada de posse, reuniu cerca de dois milhões de pessoas na Cidade do México / @lajornadaonline

No Zócalo, a abarrotar de gente e onde apenas conseguiu entrar uma parte dos que participaram na marcha, López Obrador apresentou o quarto relatório daquilo que designa como a Quarta Transformação da vida social e económica do México na sua história recente, depois das que foram lideradas por Miguel Hidalgo em 1810, por Benito Juárez em 1857 e por Francisco Madero em 1910 (a Revolução Mexicana).

«Humanismo Mexicano»

Ao apresentar o quarto relatório da acção governativa ao povo, Obrador afirmou que o seu legado de governo deverá ser definido como Humanismo Mexicano, tendo em conta a orientação social das suas políticas, indica o La Jornada.

Afirmando que esse Humanismo se nutre «do pensamento universal», o presidente do México disse que, na sua essência, «surge da milenária riqueza cultural mexicana e da fecunda história nacional».

Neste sentido, defendeu a independência e a soberania do país norte-americano, a não aceitação de imposições, a sua vocação de dever ao povo e a proclamação de Hidalgo de que o povo que quiser ser livre sê-lo-á.

Combate à pobreza, apostas na Saúde e na Educação

Num discurso de quase duas horas, Andrés Manuel López Obrador enumerou as principais 110 acções cumpridas na sua gestão, que passam pelo combate à pobreza, os apoios a programas sociais, a dignificação dos povos indígenas, a defesa dos direitos individuais e colectivos.

O chefe de Estado destacou ainda o aumento do salário mínimo nacional em 62%, bem como o aumento das remessas enviadas pelos mexicanos residentes no estrangeiro, a reforma laboral, a política de saúde gratuita, a luta contra a precariedade e o crescimento económico do país.

No Zócalo ou Praça da Constituição, uma parte dos participantes na marcha ouviu o discurso de López Obrador // Roberto García Ortiz / La Jornada

No que respeita à Educação e à Saúde, sublinhou a aposta na construção de infra-estruturas escolares e universitárias, as bolsas para estudantes de todos os níveis de ensino, a contratação de médicos pelo Estado e a vacinação de toda a população contra a Covid-19.

Fim dos perdões fiscais a milionários e avanços na luta contra o crime

López Obrador deu particular ênfase aos avanços no combate ao roubo de gasolina, à corrupção e ao gasto supérfluo na administração pública, ao mesmo tempo que, disse, se acabou com os perdões fiscais a milionários no país.

Outro dos elementos destacados por López Obrador foi o avanço na «batalha contra a violência e o crime, sem lhe declarar guerra, como faziam governos anteriores, mas atacando as causas que estão na sua origem».

Obrador disse que o petróleo e todo o combustível que se produz no México já é propriedade do povo, tendo ainda destacado grandes obras terminadas ou que estão em construção, ao nível da indústria e das infra-estruturas de transportes.

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No decorrer do encontro diário com a imprensa, no Palácio Nacional, o chefe de Estado teceu fortes críticas à cobertura mediática norte-americana e à atitude de determinados sectores políticos do país vizinho.

«Chama muito atenção que ocorram este factos lamentáveis e todos os meios de comunicação nos EUA tratem a informação de forma tablóide. Mas não quando mexicanos são assassinados nos EUA: calam-se como múmias», criticou.

A título de exemplo, López Obrador recordou o caso ocorrido no final de Janeiro, na Califórnia, em que o dono de uma quinta de cogumelos matou a tiro dois jornaleiros mixtecos, provenientes do estado de Oaxaca.

«Não veio nada na imprensa norte-americana», criticou Obrador, afirmando que «arrancam os cabelos de forma hipócrita».

Ainda a propósito do rapto dos quatro norte-americanos, perpetrado na sexta-feira passada, ao que parece por elementos de um clã da droga, López Obrador também dirigiu farpas para dentro. «Ontem estava a atento a todas as cadeias de rádio, de TV. E aqui a mesma coisa, a aproveitarem-se da dor das pessoas, como abutres», criticou.

Em seu entender, existem muitos interesses partidários de gente «muito hipócrita» que procurou aproveitar-se do caso dos quatro norte-americanos sequestrados no México.

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México apresenta nova queixa contra empresas nos EUA por tráfico de armas

O governo mexicano abriu um processo no Tribunal Federal do Distrito de Tucson contra cinco empresas de armas no estado norte-americano do Arizona, com o intuito de travar o tráfico para o país azteca.

Créditos / Prensa Latina

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros explica que estes vendedores participam, de forma rotineira e sistemática, no tráfico ilícito de armas, incluindo as de tipo militar, para cartéis e outras organizações criminosas no México, através de outras entidades.

A queixa, apresentada esta segunda-feira, dirige-se às empresas Diamondback Shooting Sports, SNG Tactical, Loan Prairie, Ammo A-Z e Sprague's Sports, informou o ministério, acrescentando que o litígio faz parte de uma estratégia multifacetada do executivo mexicano para travar a avalanche de armas, sobretudo de assalto, provenientes dos Estados Unidos e que dão força a grupos criminosos, provocam derramamento de sangue e contribuem para o tráfico de drogas.

Num vídeo divulgado pelo La Jornada, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, Marcelo Ebrard, sublinhou que as empresas visadas na acção civil são responsáveis, nos últimos anos, «pela venda de armas que aparecem aqui em crimes muito graves, em homicídios, em feminicídios, em coisas muito delicadas no México».

O diplomata recordou que os EUA pediram ao governo de López Obrador ajuda na luta contra o fentanil e os cartéis da droga, «e está certo que trabalhemos juntos, mas nós também queremos que nos ajudem a reduzir o fluxo de armas, que nos provoca muitos danos».

No Senado mexicano, o responsável pela política externa destacou a luta que o seu país trava, também na Justiça norte-americana, contra o tráfico de armas proveniente dos EUA / @m_ebrard

«Não nos damos por vencidos», disse Ebrard em alusão à luta legal do país latino-americano contra os traficantes de armas que operam a partir do vizinho nortenho.

Estabelecer responsabilidades penais

Há uma semana, Marcelo Ebrard anunciou no Senado mexicano a acção judicial, destacando a importância de «começar a estabelecer responsabilidades penais» para travar o tráfico com destino ao México e, assim, conseguir travar a violência no seu país.

O responsável da política externa confirmou ainda que o seu governo vai recorrer da decisão do juiz federal do Tribunal do Distrito de Boston (estado norte-americano de Massachusetts), Dennis Saylor, que indeferiu a primeira queixa apresentada por um governo de um país contra a indústria de armamento nos EUA, refere a Xinhua.

A acção, anunciada em Agosto do ano passado, visa 11 fabricantes de armas norte-americanos, que o executivo mexicano acusa «de negligência e de fomentar o tráfico ilícito dos seus produtos» no México. Apesar de o juiz Saylor ter considerado que é um processo improcedente à luz das leis federais norte-americanas, o executivo de Obrador vai insistir.

«O tráfico destas armas é superior em número e capacidade de fogo a tudo o que compramos oficialmente num ano para as nossas forças armadas e policiais», disse Ebrard na Câmara Alta do México, citado pela Xinhua.

Em Abril último, as autoridades mexicanas afirmaram que entre 70 e 90% das armas encontradas em cenas de crime no país «têm como origem» os Estados Unidos.

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Questionado sobre o facto de a Casa Branca considerar «inaceitável» a situação, López Obrador, que informou que as autoridades mexicanas estiveram a trabalhar neste caso em coordenação com o Departamento Federal de Investigação (FBI), disse que Washington tem o direito a expressar o que bem entender.

Vincou, no entanto, a ideia de que o governo mexicano não irá permitir que nenhum governo estrangeiro tente intervir em questões internas, que apenas dizem respeito ao povo mexicano, como é a da segurança.

A propósito das declarações do congressista Dan Crenshaw ligando as mortes por fentanilo nos EUA ao México, Obrador disse que não cabe ao seu país controlar a droga nos Estados Unidos. «Não têm redes? Não têm cartéis? Quem vende a droga? Isso têm de ser as autoridades norte-americanas a resolver», frisou.

Disse ainda, a propósito das declarações do congressista republicano, que «já basta de hipocrisias». «80% das armas de elevada potência que os grupos de delinquentes utilizam no México são adquiridas nos EUA e não há controlo. Há até senadores que recebem dinheiro para as suas campanhas das fábricas de armamento», denunciou, acrescentando que há quem veja «o cisco no olho alheio e não veja a trave no próprio».

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