Eleito presidente a 9 de Março de 2022, Yoon Suk-yeol, do conservador e neo-liberal Partido do Poder Popular, tratou rapidamente de encontrar respostas necessárias exigidas pela sua base de apoio: quando as grandes empresas se queixaram de que o actual limite máximo de 52 horas de trabalho semanais estava a dificultar o cumprimento de prazos, Suk-yeol achou a sua resposta.
Um sindicato que representa os distribuidores de embalagens na Coreia do Sul convocou uma greve para esta quarta-feira, tendo em conta as negociações estancadas com o governo e empresas de logística. Na sequência de um plenário realizado esta terça-feira, a União Solidária dos Trabalhadores de Distribuição de Embalagens afirmou que os seus cerca de 2100 filiados iam fazer greve por tempo indeterminado a partir desta quarta-feira, refere a agência Yonhap. O sindicato quer a implementação total do acordo alcançado em Janeiro com o governo e as empresas de logística, em virtude do qual as empresas se comprometeram a contratar mais trabalhadores para classificar e etiquetar os volumes. Os dirigentes sindicais afirmaram que as negociações fracassaram depois de a associação da área dos serviços de entrega não ter participado na reunião realizada esta terça-feira e porque as empresas continuaram a exigir o adiamento, por um ano, da implementação do acordo. Desde segunda-feira passada, os trabalhadores da distribuição recusaram-se a classificar as embalagens e atrasaram o início da jornada laboral por duas horas, apresentando-se ao serviço às 9h e começando a trabalhar às 11h, de modo a entregarem apenas os artigos que já haviam sido etiquetados. Os trabalhadores denunciam o facto de a etiquetagem antes da entrega não ser paga, bem como o excesso de trabalho e as longas jornadas laborais. Para manifestarem a sua determinação e exigirem melhorias nas suas condições laborais, trabalhadores da distribuição filiados na Confederação Sul-coreana de Sindicatos (KCTU, na sigla em inglês) realizaram um protesto em Seul, ontem de manhã, indica a Yonhap. O acordo alcançado em Janeiro, que as empresas não estão a querer levar à prática, teve lugar depois de 16 distribuidores terem morrido só o ano passado, de acordo com a contagem dos sindicatos, que denunciam turnos de 12 horas, seis dias de trabalho por semana e o baixo pagamento por cada entrega efectuada. Alguns distribuidores chegaram a trabalhar 21 horas num dia, houve mortes por exaustão, com ataques cardíacos, num período – o da pandemia – em que os serviços das empresas do sector registaram grande procura, divulgou então a imprensa. Segundo o convénio acordado este ano, as empresas líderes na área da logística decidiram assumir a responsabilidade de etiquetar e classificar as embalagens contratando mais funcionários para o efeito, pagando o trabalho extra e também promovendo a automatização do trabalho. Os distribuidores exigem ainda trabalhar cinco dias por semana, a diminuição da carga laboral e aumentos salariais. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Distribuidores sul-coreanos em greve contra o trabalho em excesso
Turnos longos, exaustão e pouco dinheiro
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Ao aumentar os horários de trabalho para as 69 horas, o Governo sul-coreano defendeu estar a fazer um grande favor aos jovens trabalhadores, nomeadamente às mulheres, que poderiam acumular mais horas extraordinárias e trocar por folgas. Isso seria uma grande vantagem para as mulheres, considerou o ministro do Trabalho, Lee Jung-sik: poderiam, mais tarde, usar as folgas para resolver compromissos familiares e prestar cuidados.
Curiosamente, a medida foi rechaçada pelas organizações sindicais, a Associação de Mulheres Coreanas Unidas e de dezenas de milhares de jovens que contestaram as medidas nas ruas. Por outro lado, curiosamente, as empresas dos sectores da construção, tecnologias e produção acolheram favoravelmente a proposta de uma semana de trabalho mais longa.
Que trabalhador nunca sonhou com horários das 9h da manhã à meia-noite durante cinco dias seguidos. «Não há qualquer consideração pela saúde ou descanso dos trabalhadores», defende a Confederação Coreana de Sindicatos, em comunicado.
Por enquanto, as ruas conseguiram impedir o avanço desta proposta. Na semana passada, o Governo de Yoon Suk-yeol cedeu às reivindicações populares e retirou o projecto.
De acordo com dados da OCDE, os sul-coreanos já trabalham 199 horas acima da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (organização económica intergovernamental de 38 países ocidentais e aliados, fundada em 1961 para estimular a economia e o comércio mundial).
Ao longo de um ano, um trabalhador na Coreia do Sul passa, em média, 1915 horas a exercer a sua profissão: praticamente 80 dias, num ano, inteiramente (24h) dedicados ao trabalho.
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