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Estudantes do Ensino Superior tomam as ruas para tomar o futuro

Na véspera do dia nacional do estudante, os estudantes do Ensino Superior saíram à rua em vários pontos do país. Em Lisboa, as ruas foram tomadas por centenas de estudantes para mandar abaixo as barreiras económicas.

Créditos / AbrilAbril

Embalados pelo descontentamento geral presente em vários sectores da sociedade, os estudantes acompanham o clima reivindicativo que se sente no país impulsionado pela luta dos trabalhadores  e hoje saíram à rua em vários pontos do país.

A acção reivindicativa com o mote «Até quando vais deixar o muro aumentar? Fim às barreiras no Ensino Superior!», foi lançado pela Associação de Estudantes da FCSH e foi rapidamente acompanhado por várias estruturas associativas. No total são 21 Associações de Estudantes, de norte a sul do país, que subscrevem o apelo que dá corpo à acção.

No apelo pode ler-se que «hoje, os estudantes e as famílias sentem na pele as consequências do aprofundamento das desigualdades e do aumento do custo de vida, dos bens essenciais, da habitação, dos transportes» e que «o governo continua a optar pela mesma política de subfinanciamento do Ensino».

Para os estudantes, as consequências do subfinanciamento são bastante visíveis e materializam-se tanto na transferência do papel do Estado para as famílias sob forma de «propinas, taxas e emolumentos e outros custos», como nas insuficiências da Acção Social Escolar com a «ausência de bolsas ou a insuficiência dos seus valores, o encerramento ou degradação das cantinas públicas», com o «o aumento do valor da refeição social» e com o facto da «maioria dos milhares de estudantes deslocados» não ter  «lugar numa residência pública e digna».

Com base nessa avaliação é exigida «a gratuitidade do Ensino Superior, o financiamento público necessário e condições materiais e humanas nas Instituições, mais e melhor Alojamento e o reforço da Acção Social Escolar». Se outrora o pedido da palavra foi um momento marcante da luta estudantil, agora o apelo não se roga ao momento e as estruturas representativas dos estudantes não se acomodam: «Exigimos ter uma palavra a dizer», dizem. 

Para este dia foram marcadas acções para o Algarve, Aveiro, Braga, Coimbra, Covilhã, Évora, Lisboa e Porto. A forma da luta foi mudando consoante os sítios e realizaram-se diversas manifestações, tribunas públicas e concentrações.  

Em Lisboa, cerca de 500 estudantes tomaram as ruas e realizaram uma manifestação que partiu da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e teve como destino a Assembleia da República. Na acção, várias foram as palavras de ordem à altura da irreverência estudantil. Ouviu-se «Ole ole ole ole / senhora elvira / ai se gosta de propinas / venha cá e pague as minhas», «estudantes unidos, jamais serão vencidos» e «bolsas sim / propinas não / este governo não tem educação».  

Esta acção coloca em cheque a acção governativa relativamente ao Ensino Superior. A vontade dos estudantes foi mais uma vez expressa e demonstra-se contrária à política de direita. Resta saber qual será a resposta do Governo de maioria absoluta, isto é se não ignorar mais uma vez as vozes que ecoam nas ruas e nas faculdades. 

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