|caderno reivindicativo

Trabalhadores do Lisboa Marriott Hotel na rua contra «discriminação e desrespeito»

Na ressaca do melhor ano de sempre para a empresa, em 2022, o Lisboa Marriott Hotel insiste na aplicação de pequenos aumentos salariais e um prémio que, a qualquer momento, pode recusar aos trabalhadores.

Lisboa Marriott Hotel 
Créditos / Lisbon Shopping

A administração do Lisboa Marriott Hotel é acusada, pelos trabalhadores e pelo Sindicato de Hotelaria do Sul (SHS/CGTP-IN) de promover «o conflito, a discriminação e o desrespeito» na relação que mantém com os seus profissionais. A gota de água foi o encerraramento, unilateral, por parte do patronato, das negociações do Caderno Reivindicativo para 2023.

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Hotel Marriott complacente com precariedade e chantagem

A limpeza do hotel de quatro estrelas é assegurada por dezenas de trabalhadoras subcontratadas à Talenter, apesar de ocuparem necessidades permanentes, que são alvo de irregulariedades e assédio.

CréditosJosé Carlos Cortizo Pérez / CC BY 2.0

A situação das trabalhadoras do Hotel Marriott, que em Fevereiro também foi notícia, é denunciada pela deputada do PCP, Rita Rato, numa pergunta dirigida ao Ministério do Trabalho, Solidariedade, Segurança Social.

No documento, a que o AbrilAbril teve acesso, a deputada comunista descreve que a limpeza do unidade hoteleira é assegurada por cerca de 30 empregadas, subcontratadas a empresas de trabalho temporário, e apenas outras sete estão nos quadros. Uma situação que «traduz bem a visão distorcida» que a empresa tem daquilo que «seriam as necessidades pontuais provocadas pela sazonalidade», afirma Rita Rato.

Segundo a deputada, a situação destas trabalhadoras, algumas com «mais de dez anos de serviço nesta unidade hoteleira», resulta, para a empresa, em diferenças salariais que chegam quase aos 400 euros – uma trabalhadora subcontratada recebe aproximadamente 623 euros –, além de desencadear a perda de diversos direitos e abusos, por parte da Talenter, a empresa de trabalho temporário que está há dois anos com o serviço.

Além disso, a pergunta descreve «situações de contratos ao mês, à semana e ao dia, e até trabalhadoras sem contrato». Perante a exigência da Autoridade para as Condições de Trabalho para regularizar a situação, «eis que a Talenter chamou as trabalhadoras a assinar um novo contrato com um salário base de 580 euros, sob ameaça de que quem não aceitasse "podia arrumar o cacifo e ir embora”», acusa Rita Rato.

É afirmado ainda que a Talenter «tem tido um tratamento deplorável para com estas trabalhadoras, explorando ao máximo a condição de imigrantes (...). Aliás, estas descobriram da pior forma que a empresa não estava a fazer os descontos para a Segurança Social, quando tentavam regularizar a sua situação ou dos seus filhos no Serviços de Estrangeiros e Fronteiras».

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Os trabalhadores exigem um complemento salarial de 32 euros, somando-se aos 48 já propostos pelo administração, rejeitando a imposição de um prémio discriminatório, que pode ser retirado pelo Lisboa Marriott Hotel a qualquer momento e não é aplicável a certas categorias e trabalhadores.

«Um conjunto de trabalhadores pouco beneficiou com o prémio pago, relativo ao 1.º trimestre, uma vez que vinha carregado de uma forte carga de impostos», explica o sindicato, em comunicado enviado ao AbrilAbril

Os profissionais do Lisboa Marriott Hotel e o SHS acusam a direcção de adoptar uma postura autoritária, «desconsiderando anos de dedicação e contribuição para a reputação do hotel».

A falta de benefícios equitativos e a discriminação salarial também foram denunciadas, o que motivou a convocatória de uma concentração a realizar amanhã, 7 de Junho, às 14h30, em frente ao Lisboa Marriott Hotel, localizado na Av. dos Combatentes 45, em Lisboa.

Os trabalhadores esperam que esta acção colectiva e denúncia pública contribuam para a resolução dos problemas impostos pela administração, garantindo a reabertura de um processo negocial justo e o respeito pelos direitos de quem, todos os dias, garante o sucesso da unidade hoteleira.

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