O 26.º encontro do Fórum de São Paulo acabou no domingo passado, depois de quatro dias de sessões em Brasília, durante os quais representantes de diversos partidos e movimentos sociais da América Latina e Caraíbas participaram em seminários e debateram o aprofundamento da unidade, integração e soberania regional.
A declaração final desta edição, publicada na terça-feira, apontou a necessidade de avanço na luta contra a extrema-direita, observando a necessidade de ultrapassar diferenças para «construir» uma ampla unidade contra a «ofensiva conservadora» internacional.
Isto porque, segundo o documento, a região tem uma «segunda oportunidade» de conquistar uma maioria de governos progressistas. «Vamos superar as diferenças, construir a mais ampla unidade na diversidade de partidos, movimentos sociais e populares, e da intelectualidade progressista e de esquerda dentro de cada organização, país e continente», lê-se no documento.
Além disso, Cuba foi declarada «Património Universal da Dignidade» pelo Fórum de São Paulo, tendo em conta a sua resistência «histórica» ao bloqueio «injusto e criminoso do poder imperial dos Estados Unidos». A entidade defende que a Ilha e o povo cubano são exemplos «para todas as nações e partidos populares do mundo».
À Opera Mundi, Jackson Ribeiro, que estuda o Fórum de São Paulo na Universidade Federal do ABC (UFABC), afirmou que Cuba ser exaltada na resolução final faz parte do «principal objectivo da entidade», que é a luta por uma integração regional.
Esta edição do Fórum homenageou Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores e principais impulsionadores do Fórum de São Paulo, a quem Ribeiro chamou um dos «arquitectos da união latino-americana e caribenha».
Neste sentido, o doutorando da UFABC encara como positivo o destaque dado na declaração final à solidariedade com a Venezuela, Nicarágua e Cuba: «Se entende que, para avançar nesse processo de integração, é necessário combater a ingerência dos Estados Unidos na região», disse à Opera Mundi.
Ribeiro destacou que o Fórum de São Paulo reivindica a «responsabilidade histórica de ser ponta de lança» desse processo de aproximação regional, pois consegue ser um espaço «privilegiado de diálogo e acumulação de forças para os desafios que virão, em termos sociais, eleitorais, culturais e econômicos».
«Ao longo do 26.º encontro foi enfatizada a necessidade de retomar acções práticas que visem fortalecer o principal objectivo da entidade: uma maior integração da região. E os governos encabeçados pelas forças de esquerda e progressistas, ao voltarem a fortalecer espaços como a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e retomarem o processo da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), dão uma perspectiva prática a essa iniciativa integrativa», disse Ribeiro a Opera Mundi.
Novas conquistas do campo progressista
A declaração do 26.º encontro do Fórum de São Paulo também destacou as vitórias recentes do campo progressista na América Latina, como a de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, e Gustavo Petro, na Colômbia.
Para Ribeiro, foi pela vitória de Lula que a edição de 2023 do Fórum teve lugar em Brasília, como um «simbolismo» desse avanço pela soberania regional.
«O Brasil, pelo seu peso económico e demográfico, certamente é um impulsionador fundamental da integração latino-americana e caribenha. Assim, com a volta do Partido dos Trabalhadores (PT) ao poder executivo brasileiro, o Fórum de São Paulo ganha novo fôlego para retomar o processo integrativo interrompido por algumas vitórias dos sectores conservadores da região nos últimos anos», disse à Opera Mundi.
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