Já não é uma batalha de David contra Golias, até porque o David cresceu e o Golias está assustado. Tal faz lembrar a frase atribuída a Bertolt Brecht de que «não há nada mais parecido a um fascista do que um burguês assustado» e as recentes publicações de Gunther Fehlinger assim o comprovam.
Se formos a analisar, tal faz sentido na medida em que o crescimento dos BRICS já se faziam notar somente com 5 países, uma vez que a 32,1% do PIB mundial estava concentrado na China, Índia, Rússia, Brasil e África do Sul. Isto representa uma ameaça até porque existe ainda uma enorme potencial de crescimento desses países, uma vontade de romper com o unilateralismo internacional imposto pelos EUA, a ampliação dos BRICS com mais cinco países (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egipto, Argentina e Etiópia) que reforçam o peso do grupo e todo o potencial do Novo Banco de Desenvolvimento.
Estes aspectos, associados ao facto do G7 actualmente representarem 29,9% do PIB mundial e assinalar-se um declínio relativo nos EUA, o centro de decisão do bloco imperialista, está a levar a alguns alarmes junto dos que tudo fazem para manterem o funcionamento actual das relações internacionais, assente na agressão e exploração de outros Estados e povos. Prova desse alarme foram as ameaças feitas por Gunther Fehlinger, presidente de um comité para o crescimento europeu da NATO, a países como Brasil e Índia.
As ameaças apenas revelam de forma descarada como pensam os aliados da NATA e tornam até clara a forma de agir. Veja-se que no caso do Brasil, Gunther Fehlinger no Twitter/X, mostrando um mapa de Brasil desmembrado em cinco onde cada zona daria origem a um país novo, escreveu «Apelo à libertação do povo do Brasil, desmantelando o Aliado Socialista Genocida BRICS da Rússia, enganado por Lula da Silva em 5 novos estados melhores e livres que podem aderir à NATO, OCDE e Mercosul». Nas hashtags chama a isto Fehlinger Doctine (Doutrine Fehlinger). Num outro tweet foi ainda disto que «o Brasil deve ser desmantelado como a Jugolsávia».
Seguindo a mesma linha, Fehlinger faz o mesmo apelo em relação à África do Sul. No mesmo modelo, mostrando um mapa do país sul africano, mas desta vez dividido em sete regiões potencialmente separatistas, o defensor do mundo velho escreveu «apelo ao desmantelamento do membro do eixo hostil BRICS, África do Sul, ex-África do Sul. Sete novos estados livres e melhores podem aderir à OCDE e União Africada em vez de membros fracassados do Eixo que apoiam o genocídio russo».
A lista de planos não fica por aqui, e por último o alvo foi a Índia. Desta vez, talvez por falta de tempo ou por ainda não haver planos de desmantelamento, a ameaça não foi nesse sentido, mas sim no apelo de um IndoMaidan, admitindo assim o objectivo do EuroMaidan também. Fehlinger escreveu então: «Até à Cimeira dos BRICS, apelei para que a Índia substituísse a Rússia no conselho de segurança da ONU e que a Índia se juntasse à OCDE e concluísse o ALC da UE. A postura pró-Genocídio de Narendra Modi obriga-me a mudar minha posição. A Índia deve ser isolada e precisamos do IndoMaidan».
As reações e aspirações de Gunther Fehlinger e as suas responsabilidades junto da NATO revelam bem o nível de quem se bate pelo o alargamento do bloco político-militar e quais os objectivos desse mesmo bloco. A guerra, a ingerência e a destruição de inimigos são o modelo de actuação e o necessário para manter hegemonia do Ocidente e os EUA como a potência dominadora.
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