A medida pode parecer sonante e até pode dar alguns outdoors da Câmara de Lisboa e capas de jornais, mas não passa de mais um engodo de Carlos Moedas e PSD/CDS. Os «Novos Tempos» que eram prometidos na campanha eleitoral são os tempos que sempre existiram: de privilégio para os privilegiados.
Anunciou Carlos Moedas que iria devolver 4,5% do IRS aos lisboetas. Uma medida que naturalmente, para efeitos de análise e juízo de valor, não pode nem deve estar desligada da própria composição social do município nem do próprio processo de gentrificação em curso.
Num município feito de contrastes, a medida irá então ser, por ela própria, uma medida de contrastes. Se a devolução é percentualmente igual para todos, não sendo proporcional, esta medida tem como efeito dar mais a quem mais tem e menos a quem pouco tem.
Que se veja o quadro abaixo para ver quanto é que, em média, recebe uma pessoa em cada decil segundo a proposta PSD/CDS para 2024 de devolução de 4,5% do IRS. Enquanto uma pessoa que no primeiro decil recebe, em média 326 euros de rendimento mensal bruto, irá ver devolvido apenas 4 euros. O mesmo não se pode dizer de uma pessoa que esteja no décimo decil, já que com um rendimento médio de mais de 3419 euros, irá ser devolvido 1025 euros.
Desta forma podemos ver para quem é que Moedas e o seu PSD governam a cidade e que cidade querem. Os 70 milhões de euros do orçamento municipal servem para agradar quem muito tem e muito mais quer vir a ter. É uma Lisboa de opções.
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