|Vitórias Laborais

Depois das ameaças, DHL é forçada a reverter «ilegalidades»

Ameaçou, cumpriu e... saiu derrotada. Nas greves nos dias 27 de Março e 1 de Maio na DHL, o patronato marcou faltas injustificadas a quem aderiu. Agora, o CESP/CGTP forçou a empresa a voltar atrás.

Trabalhadores dos entrepostos DHL estiveram em greve por aumentos salariais para todos, carreiras salarias e pelo fim da precariedade nos contratos. Vila Nova da Rainha, 12 de Agosto de 2022 
Créditos / CESP

O objectivo do patronato da DHL, agindo através das chefias, era evidente: para além de assustar os trabalhadores, criando a sensação de que a adesão a acções de luta reivindicativa acarreta grandes riscos para a segurança dos seus empregos, a DHL, ao marcar faltas injustificadas a quem aderiu à greve convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN), «queria virar os trabalhadores contra o seu sindicato de classe».

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Direcção da DHL recusa Acordo de Empresa e nega aumentos salariais para 2024

O CESP apresentou à direcção da DHL um conjunto de propostas de modo a permitir melhores condições aos trabalhadores e com vista à recuperação do poder de compra. As propostas foram recusadas e a estagnação salarial confirmada.

Créditos / CESP

Ainda no passado mês Dezembro os trabalhadores da DHL realizaram dois dias de greve por melhores condições de vida e de trabalho, nomeadamente pelo aumento de salários, pela valorização das carreiras profissionais.

Munidos de força construída através da unidade, os trabalhadores, por via do seu sindicato de classe, o CESP, foram à mesa da negociação e apresentaram uma proposta de acordo de empresa que corresponde às profundas e legítimas aspirações de quem mete a empresa a funcionar. 

Entre as propostas estava uma proposta de 15% de aumento na tabela salarial, garantindo no mínimo um aumento de 150€ para cada trabalhador, de modo a permitir melhores condições aos trabalhadores e com vista à recuperação do poder de compra e a regulação clara das condições de trabalho para todos.

Face a isto, a direcção da DHL optou por ignorar todas reivindicações e na resposta dada ao sindicato, não poprôs qualquer aumento salarial para o ano de 2024, mesmo, segundo o CESP, «tendo perfeito conhecimento que os trabalhadores perderam poder de compra – graças ao valor da inflação, e ao aumento das rendas e das taxas de juro». 

Para a estrutura representativa dos trabalhadores, o patronato, ao escolher manter os salários baixos, já que a maioria dos trabalhadores auferem pouco mais que o salário mínimo nacional, opta por continuar a desvalorizar as carreiras dos trabalhadores.

Em comunicado, o CESP diz exigir que «a Direcção da DHL apresente uma proposta séria e clara de aumentos salariais para todos os trabalhadores e que repense a possibilidade  e necessidade de regular as condições de trabalho através de instrumento colectivo próprio».
 

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O CESP «insistiu, manteve-se firme», e a DHL foi forçada a voltar atrás. Por acção do sindicato, a multinacional, líder global na indústria de logística e entregas, retirou as faltas injustificadas que tinha marcado indevidamente (nas greves de 27 de Março e 1 de Maio) e assumiu, contra sua vontade, que vai mesmo ter de pagar «o prémio de assiduidade que tinha tirado aos trabalhadores injustamente».

«Não deixamos os trabalhadores para trás! Como sempre dissemos, as faltas em dia de greve têm de ser justificadas!». Contra esta atitude «miserável», infelizmente recorrente, da DHL, valeu a união dos trabalhadores e a determinação do CESP: «juntos somos mais fortes!».

O esquema adoptado pela DHL para quebrar a espinha da força laboral passou por inventar problemas com o pré-aviso de greve, o que justificaria, no entender do patronato, a marcação de faltas injustificadas como forma de reprimir quem aderisse às acções de luta.

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