Já não se encontram mais desculpas para a falta de aumentos dos salários dos trabalhadores da Carris após divulgado o lucro da empresa em 9,5 milhões de euros em 2023. A Câmara Municipal de Lisboa (CML), accionista da Carris, agora faz-se de «cega, surda e muda» para as reivindicações dos trabalhadores, afirma o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP/ CGTP-IN), em nota enviada ao AbrilAbril.
As propostas divulgadas pela empresa — de 60 euros na actualização salarial e acréscimo de 58 cêntimos ao subsídio de refeição — já se demonstravam insuficientes frente à escalada do preço do custo de vida. Após o conhecimento dos lucros, o pouco ficou ainda mais insatisfatório. Os trabalhadores da Carris reclamam, com o STRUP, o aumento salarial em 100 euros, o subsídio de refeição à 15 euros e a redução da jornada para as 35h semanais.
O sindicato relembra que os estatutos da companhia estabelecem que «a evolução da massa salarial deve ser adequada aos ganhos de produtividade e ao equilíbrio financeiro da empresa» (artigo 22, n.º2, alínea b). Revelando portanto que as reivindicações sobre a remuneração dos trabalhadores não são apenas possíveis de concretização como também são directrizes internas que a Carris tem de cumprir.
Na sequência da luta, foi entregue um pré-aviso para a greve às horas extraordinárias entre os próximos dias 3 e 23 de Junho. Contudo os trabalhadores foram surpreendidos com a atribuição de 25% das 13 carreiras em serviços mínimos. Ora, todo o trabalho extraordinário é não-obrigatório , portanto não exigindo serviços mínimos. O STRUP já afirmou em nota «não aceitamos ataques ao direito de greve, vamos apresentar recurso da decisão no Tribunal da Relação».
O STRUP e a Federação dos Sindicatos de Transporte e Comunicação (FECTRANS/CGTP-IN) reforçam que não deve haver nenhuma marcação de trabalho extraordinário durante o período da greve. «Por mais intimidações e provocações que nos façam, este é o momento de demonstrar ao Conselho de Administração que não temos medo de lutar por aquilo que nos pertence por direito próprio».
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