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Taxas de Juro: Bugalho confunde votações como quem confunde alhos por bugalhos

No último debate televisivo que opôs os seis partidos com assento parlamentar, Sebastião Bugalho, relativamente às taxas de juro, disse que os deputados do PSD e do CDS, no Parlamento Europeu, votaram sempre contra as taxas de juro. O problema: é mentira.

Créditos / AD/facebook

Sebastião Bugalho, o jornalista reformado, comentador político retirado e candidato pela AD pouco inusitado, no último debate televisivo que opôs os seis partidos com assento parlamentar, fez questão de mentir a quem diz querer representar.

Disse, então, Sebastião Bugalho que os «eurodeputados do PSD e do CDS, dentro do PPE, votaram sempre contra o aumento das taxas de juro» e, reiterou em seguida que «os eurodeputados portugueses [de PSD e CDS] estiveram sempre ao lado dos portugueses relativamente às taxas de juro».

O AbrilAbril foi procurar quando é que tal tinha ocorrido e a tarefa foi complicada, na medida em que nunca aconteceu. Nos dois momentos em que foi colocado à votação a exigência de reversão dos aumentos da taxa de juros, PSD e CDS-PP votaram contra ou abstiveram-se, revelando que estão do lado de quem quer colocar dificuldades ao povo e trabalhadores portugueses.

Veja-se que em Outubro de 2023, o PCP apresentou uma proposta de alteração à resolução da proposta de orçamento geral da União Europeia de 2024. Propuseram os comunistas o seguinte: «Exige a reversão dos aumentos das taxas de juro definidos pelo BCE, face às consequências particularmente nefastas para a solevência dos agregados familiares e das micro e PME dos países em que os modelos de taxa de juro variável predominam; considera que são prementes: aumentos de salário e pensões, a fixação de preços de bens e serviços essenciais, o combate à especulação e aproveitamentos, uma significativa tributação dos grandes grupos económicos, o que contribua de forma indirecta, para o reforço do orçamento da UE, por via do aumento do RNB dos Estados-Membros;».
Perante isto, PSD, CDS-PP e PS votaram contra.

Num segundo momento, no relatório anual de 2023 do Banco Central Europeu, votado em Fevereiro de 2024, os deputados do PCP apresentaram, mais uma vez: «Consideram imperativo que o Banco Central Europeu reverta os aumentos das taxas de juro de referência». Se em Outubro o PSD votou contra, em Fevereiro o mesmo partido absteve-se. No final de contas, o efeito foi o mesmo, ou seja, o da não viabilização.

Após o debate, fica então a faltar saber quais as votações a que Sebastião Bugalho se referia, podendo o mesmo estar a trocar votações como quem troca alhos por bugalhos. 
 

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