|Vitórias Laborais

Com a luta dos trabalhadores, patronato cede na ADP Fertilizantes

Depois de iniciadas as greves aprovadas pelos trabalhadores (seis dias entre Junho e Julho), o patronato mudou de posição, retomou as negociações com os sindicatos e apresentou propostas a aproximar-se das reivindicações.

Criada em 1997, a partir da fusão das duas maiores empresas adubeiras em Portugal, a ADP Fertilizantes é a empresa líder de mercado nacional, com uma posição de destaque na produção e comercialização na Europa, especialmente na Península Ibérica. 
Créditos / Fiequimetal

Conforme já havia sido noticiado pelo AbrilAbril, este mês os trabalhadores da ADP Fertilizantes realizaram dois dias de greve pela recuperação do poder de compra perdido e a valorização dos salários. Em concreto, segundo a Fiequimetal, «a administração não deu o passo que faltava para chegar a acordo: mais 40 euros nos salários abaixo de 2000 euros», e os trabalhadores decidiram elevar o patamar de luta.

No final de Maio, em plenário, dado o impasse negocial, os trabalhadores decidiram que iriam parar parcialmente a produção nos dias 6, 13, 20 e 27 de Junho e 4 e 11 de Julho até que a administração fosse ao encontro dos valores reivindicados.

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Por salários justos, a luta continua na ADP Fertilizantes

Os trabalhadores da ADP Fertilizantes cumpriram o segundo dia de greve, na quinta-feira, e aprovaram a continuidade da luta por aumentos salariais justos, que contribuam para recuperar o poder de compra.

Créditos / Fiequimetal

A recuperação do poder de compra perdido e a valorização dos salários (na sua grande maioria abaixo do salário médio nacional, 1463 euros) «são os principais objectivos da proposta reivindicativa aprovada pelos trabalhadores», revela no seu portal a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Eléctricas (Fiequimetal/CGTP-IN).

Em plenário realizado dia 12, os trabalhadores decidiram concretizar a greve desta quinta-feira, e confirmar as que haviam sido decididas, no final de Maio, para as semanas que se avizinham (20 e 27 de Junho e 4 e 11 de Julho), até que a administração vá ao encontro dos valores reivindicados.

O primeiro dia de greve (de duas horas por turno) em seis semanas consecutivas teve lugar a 6 de Junho. No dia anterior, numa reunião com a comissão negociadora da Fiequimetal (SITE CSRA e SITE Sul), «a administração não deu o passo que faltava para chegar a acordo: mais 40 euros nos salários abaixo de 2000 euros», informa a federação sindical.

«Apesar da pressão e das várias manobras de desinformação, por parte da gestão, os trabalhadores deram uma resposta de unidade e de força nesse primeiro dia de greve, com uma grande participação», sublinha.

«Ficou a faltar o mais importante»

A 23 de Maio último, a administração comunicou que mantinha a sua posição (4,7% de aumento salarial anual), rejeitando as reivindicações de aumentos de 8%, ou mais 40 euros, nos salários abaixo de 2000 euros, e de retribuição do trabalho por turnos pela tabela 9B.

Entretanto, este último ponto já foi aceite pela administração, «mas ficou a faltar o mais importante», indica a Fiequimetal, cujos sindicatos lembram «os bons resultados» da empresa, nos últimos anos, e «os lucros extraordinários» alcançados em 2021 e 2022.

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É caso para dizer que quem luta sempre alcança, mesmo a situação não estando totalmente resolvida. Em comunicado, a federação sindical informa que «perante a organização e a unidade dos trabalhadores, evidenciadas na grande participação nos dois primeiros dias de greve, a administração da ADP Fertilizantes retomou as negociações com os sindicatos da Fiequimetal e apresentou propostas a aproximar-se das reivindicações que motivaram o recurso à luta».

Na reunião realizada na passada terça-feira entre o patronato e a comissão negociadora da Fiequimetal (SITE CSRA e SITE Sul), o primeiro propôs, para além dos 4,7% de actualização salarial, mais 30 euros, nos salários até 1500 euros, e mais 20 euros, nos salários entre 1500 e 2000 euros, sendo que os trabalhadores reivindicam mais 40 euros para todos.

Dado o avanço alcançado, e demonstrando que estão neste processo de boa-fé, nos plenários de trabalhadores, realizados ontem, foi decidido suspender as greves e declarar a vontade de chegar a um entendimento, nos termos propostos pela administração. Tendo isto em conta, a Fiequimetal indica que neste momento aguarda a marcação de uma nova reunião para concretizar a vontade de acordo das partes.

Conscientes deste importante avanço, o SITE CSRA e o SITE Sul vincam a importância de os trabalhadores continuarem a reforçar as suas organizações representativas e a sindicalizarem-se, sendo esta luta a prova de que a unidade entre trabalhadores é o motor para todas as conquistas.

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