Desde o 7 de Outubro que as forças israelitas detiveram arbitrariamente profissionais de saúde palestinianos, deportando-os para centros de detenção em Israel onde foram sujeitos a tortura. A denúncia foi tornada pública esta segunda-feira pela Human Rights Watch (HRW). Citada pela agência de notícias Wafa, revela que médicos, enfermeiros e paramédicos, entretanto libertados, descreveram os maus-tratos de que foram alvo enquanto estiveram sob custódia israelita, nomeadamente humilhações, espancamentos, recusa de assistência médica, tortura e abuso sexual.
Segundo o director interino da organização não governamental, os maus-tratos infligidos pelo governo israelita aos profissionais de saúde palestinianos «têm continuado na sombra e têm de parar imediatamente». O responsável considera, por outro lado, que «a tortura e outros maus-tratos de médicos, enfermeiros e paramédicos devem ser investigados minuciosamente e devidamente punidos, inclusive pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)».
A Wafa regista que a detenção de profissionais de saúde no contexto dos repetidos ataques militares israelitas a hospitais em Gaza contribuiu para a degradação catastrófica do sistema de saúde do território sitiado, onde mais de 92 mil palestinianos ficaram feridos. Alguns dos profissionais de saúde palestinianos que foram levados pelas forças de ocupação, após vários cercos aos hospitais, revelam que não foram informados do motivo da sua detenção, tal como não foram acusados de nenhum crime.
Um paramédico revelou que, no centro de detenção de Sde Teiman, foi electrocutado e viu ser-lhe negado atendimento médico depois de ter ficado com as costelas partidas devido aos espancamentos de que foi alvo. «Foi tão degradante, foi inacreditável», disse. «Eu estava a ajudar pessoas como paramédico, nunca esperei algo assim», acrescentou.
O Ministério da Saúde de Gaza relatou que as forças israelitas detiveram pelo menos 310 profissionais de saúde palestinianos desde 7 de Outubro de 2023. A Healthcare Workers Watch-Palestine, uma organização não governamental que colaborou na realização de entrevistas a estes profissionais de saúde, documentou 259 detenções e juntou 31 relatos descrevendo tortura e outros abusos por autoridades israelitas, incluindo privação de comida e de água, e ameaças de violência sexual e estupro e tratamento degradante.
Apesar da degradação dos cuidados de saúde na Faixa de Gaza em virtude da guerra, no dia 5 de Agosto a Organização Mundial da Saúde denunciava que as autoridades israelitas permitiram que apenas 35% das quase 14 000 pessoas que solicitaram evacuações médicas deixassem Gaza.
A Wafa constata ainda que os relatos dos profissionais de saúde são coerentes com relatórios independentes, nomeadamente do Gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACDH), da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), dos meios de comunicação social israelitas e de grupos de defesa dos direitos humanos, que documentam dezenas de relatos de detidos sobre detenção em regime de incomunicabilidade, espancamentos, violência sexual, confissões forçadas, eletrocussão e outras torturas e abusos de palestinianos detidos por Israel.
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