Amichai Eliyahu admitiu este domingo, em entrevista à rádio Kol Berama, que uma das opções de Israel seria lançar uma bomba nuclear sobre a Faixa de Gaza, informa o Times of Israel.
Em resposta à pergunta do entrevistador, se «a sua expectativa seria que amanhã de manhã lançássemos uma espécie de bomba nuclear em Gaza, arrasando tudo e eliminando toda a gente», Eliyahu admitiu que «esse é um caminho».
O ministro do Património (que já foi responsável, também, pelos assuntos de Jerusalém) não se ficou por aí quanto à expressão de uma vontade genocida. Defendeu ainda a proibição de qualquer ajuda humanitária à Faixa de Gaza, por aí «não existir essa coisa de civis não envolvidos»; a expulsão dos palestinianos de Gaza para onde queiram ir, «para a Irlanda ou para o deserto», e a recolonização de Gaza por colonos israelitas; e a eliminação seja de quem for que agite uma bandeira da Palestina ou do Hamas, que não deveriam «poder viver na face da Terra».
Chamado à atenção pelo entrevistador para o facto de existirem em Gaza, neste momento, mais de duas centenas de reféns israelitas, Eliyahu afirmou que «há um preço a pagar na guerra», e interrogou-se: «porque são as vidas dos raptados, cuja libertação realmente quero, mais importantes do que as vidas dos soldados que virão a ser mortos mais tarde?».
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apressou-se a rejeitar a possibilidade de atacar Gaza com uma bomba nuclear e suspendeu a participação do ministro nos próximos gabinetes do conselho de ministros, declarando que «as palavras de Amichai Eliyahu estão desfasadas da realidade».
Pior a emenda que o soneto
Face ao coro de críticas tanto pelo governo como pela oposição, em Israel, e pelo mais directo aliado sionista, os EUA, Eliyahu quis suavizar as suas palavras, mas nada retirou da natureza racista e genocida dos comentários. Na sua conta do X escreveu que «está claro, para todas as pessoas sensíveis [sic], que a declaração sobre o átomo é metafórica». Ou seja, está claro que o meio é metafórico, mas que a vontade de extermínio, essa, é bem literal.
Amichai Eliyahu pertence ao partido de extrema-direita Poder Judaico (Otzma Yehudit) dirigido por Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional do actual governo de Israel. O partido, inspirado pelas teses do rabi Meir Kahane, defende a supremacia dos judeus sobre todos os outros povos e a expansão do actual Estado de Israel para o «Grande Israel», cujas fronteiras iriam do Nilo ao Eufrates.
Nascido em Jerusalém, em 1979, Eliyahu vive no colonato ilegal de Rimonim, na Cisjordânia ocupada. O colonato de Rimonim foi criado em terrenos expropriados ilegalmente pelo ocupante à cidade palestino-cristã de Taybeh, em 1977. Tal como com os colonatos próximos à Faixa de Gaza atacados no passado dia 7 de Outubro, tudo começou com um posto de ocupação militar por um grupo Nahal (“Juventude Pioneira Combatente”, que integra a Brigada de Infantaria Nahal). Expulsos os palestinianos, três anos depois iniciou-se a colonização. Até hoje.
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