Centro de Estudos Sociais da UC suspende colaborações com instituições israelitas

O Centro de Estudos Sociais (CES) anunciou, no passado dia 25 de Setembro, a suspensão de todas as formas de cooperação académica com universidades e instituições israelitas. A medida foi tomada em resposta à contínua violação dos direitos humanos e do direito internacional por parte de Israel, especialmente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, onde a população palestiniana enfrenta uma escalada de violência e repressão.

A decisão surge num contexto de intensificação dos ataques israelitas nos territórios palestinianos. O CES destacou o impacto devastador dos bombardeamentos, que têm atingido não apenas infraestruturas essenciais, como hospitais e centros de saúde, mas também escolas, universidades, mesquitas e património cultural. Esta destruição levou à criação do termo «escolasticídio», referindo-se aos esforços de Israel para desmantelar o sistema educativo palestiniano.

A decisão abrange colaborações existentes e futuras em projectos de investigação, conferências, eventos científicos, publicações e candidaturas a financiamento, mantendo-se em vigor até que Israel ponha fim à ocupação e à invasão militar de Gaza. No entanto, o CES esclarece que esta medida aplica-se apenas a instituições e não a indivíduos, mantendo abertas as portas para a cooperação com académicos israelitas que não estejam associados directamente às instituições visadas.

Esta acção do CES insere-se numa tendência crescente de pressão académica e internacional sobre Israel, destacando o papel das instituições de ensino na promoção da mudança social e política através de ações não-violentas.

MPPM denuncia envolvimento de instituições israelitas ligadas a forças militares em processos de avaliação de unidades de I&D

O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) condenou, em comunicado, a participação de especialistas de universidades israelitas na avaliação de centros de investigação em Portugal, no âmbito do Programa Plurianual de Financiamento de Unidades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) 2023/2024 da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Segundo o MPPM, estas instituições estão diretamente envolvidas com o aparato militar de Israel, o que vai contra as obrigações internacionais assumidas por Portugal.

O MPPM alega que três universidades israelitas, a Universidade Hebraica de Jerusalém, a Universidade de Telavive e o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion), estão ligadas ao apoio militar israelita e envolvidas em actividades que perpetuam a ocupação dos territórios palestinianos. Estas universidades participam nos paineis de avaliação das áreas de Ciências da Educação, Psicologia, e Ciência e Engenharia dos Materiais e Nanotecnologia em Portugal.
A Universidade Hebraica de Jerusalém, segundo o comunicado, colabora diretamente com as Forças Armadas de Israel, através de programas que formam oficiais de inteligência e médicos militares. A Universidade de Telavive é criticada pela introdução de programas de formação de oficiais de combate e académicos, enquanto o Technion é destacado pela sua colaboração no desenvolvimento de tecnologia militar, como bulldozers controlados remotamente utilizados para destruir casas palestinas.

O MPPM sublinha que a presença destas universidades nos painéis de avaliação de I&D em Portugal contraria a Resolução A/RES/ES-10/24 da Assembleia Geral da ONU, aprovada em setembro de 2024, que estabelece que os Estados, incluindo Portugal, não devem favorecer a presença ilegal de Israel nos territórios palestinianos ocupados. Além disso, o parecer emitido pelo Tribunal Internacional de Justiça em Julho de 2024 reforça que os Estados devem evitar qualquer forma de apoio que legitime a ocupação israelita.