|Parlamento Europeu

João Oliveira critica nomeação de Maria Luís Albuquerque

O Parlamento Europeu promoveu a audição dos novos comissários, nomeadamente Maria Luís Albuquerque. João Oliveira considerou que as políticas da comissária portuguesa servem os grandes interesses financeiros.

Maria Luís Albuquerque, indigitada comissária europeia para os Serviços Financeiros, Poupanças e Investimento, durante a audiência de confirmação perante a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu. Bruxelas, 6 de Novembro de 2024
Maria Luís Albuquerque, indigitada comissária europeia para os Serviços Financeiros, Poupanças e Investimento, durante a audiência de confirmação perante a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu. Bruxelas, 6 de Novembro de 2024CréditosOLIVIER HOSLET / EPA

Durante a audição realizada esta quarta-feira a Maria Luís Albuquerque, comissária para os Serviços Financeiros, Poupanças e Investimento, o deputado comunista declarou a sua oposição à nomeação da comissária portuguesa e ex-ministra de Estado e das Finanças do governo Passos Coelho, considerando que as políticas que defende para o sector financeiro e o mercado de capitais «servem os grandes interesses financeiros mas não servem os povos europeus, incluindo o povo português». Por um lado, pelo «favorecimento do negócio dos fundos privados de pensões, com a fragilização da Segurança Social pública», o que, segundo João Oliveira, «deixa os trabalhadores e os pensionistas desprotegidos e sujeitos a verem desaparecer o dinheiro das suas pensões na roleta da especulação», considerando as diversas falências de fundos privados. Por outro lado, pelas políticas que «multiplicam os já enormes lucros da banca e do sector financeiro, concentram poder nas mãos de banqueiros e especuladores e deixam os países mais expostos a crises financeiras».

Segundo o Diário de Notícias desta quarta-feira, «Albuquerque foi aprovada para o cargo de comissária para a poderosa e valiosa área dos Serviços Financeiros e da União de Poupança e Investimentos por uma clara e esmagadora maioria de direita, com a ajuda dos socialistas europeus, dos liberais e até da extrema-direita, como o Chega». Eurodeputados portugueses do PS, PSD, IL, Chega e CDS-PP uniram-se para votar favoravelmente a confirmação de Maria Luís Albuquerque como comissária europeia, com BE e PCP a votarem contra a mesma.

Esta quarta-feira, o Parlamento Europeu ouviu também Hadja Lahbib, comissária para a Gestão de Crises e Igualdade. Durante esta audição, João Oliveira alertou para a «desigualdade entre mulheres e homens, a discriminação em função da identidade das pessoas com deficiência, o racismo, a xenofobia», considerando que são problemas sociais a exigir «o aprofundamento da democracia, a defesa dos direitos laborais e sociais, o investimento em políticas de coesão económica, social e territorial». O eurodeputado comunista criticou ainda a falta de compromisso com «medidas para concretizar na vida das pessoas condições de igualdade real, para que a igualdade não seja uma proclamação legal vazia de conteúdo».

Entretanto, esta terça-feira realizaram-se também as audições aos comissários Ekaterina Zaharieva, Start-ups, Investigação e Inovação, e Dan Jorgensen, Energia e Habitação.

João Oliveira criticou Zaharieva, no sentido de que as políticas apresentadas «acentuam os desequilíbrios entre países no nível de desenvolvimento científico e tecnológico, no acesso a fundos europeus e na capacidade de atração e fixação de cientistas e investigadores», e olham para a ciência e a investigação «em função da capacidade de gerarem lucros para as grandes empresas multinacionais e não como instrumentos de resposta a problemas sociais».

Em relação a Jorgensen, alertou para o facto de a falta de habitação não ser apenas um problema de pobreza ou de exclusão social, mas uma questão «que atinge milhões de cidadãos que não conseguem encontrar habitação a preços acessíveis» e que não se resolve com medidas para «aumentar os lucros do sector da construção ou a rentabilidade dos fundos de investimento imobiliários». Por outro lado, chamou ainda a atenção para os preços elevados da energia e dos combustíveis que afectam as famílias e as pequenas e médias empresas e que se podem agravar «se avançarem políticas de maior liberalização do mercado e de favorecimento das grandes empresas do sector».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui