Entende-se a necessidade do partidos da política de direita quererem aprovar à força toda o tráfico de influências e o Web Summit é o claro exemplo disso. A notícia é avançada pela agência Lusa e diz que, segundo uma fonte parlamentar, a Web Summit enviou aos grupos parlamentares do PSD e do PS um convite no sentido de que indicassem deputados das respectivas bancadas para estarem presentes no evento.
Dados os convites, a Comissão Parlamentar de Transparência analisou o caso na passada semana e concluiu que cada um desses bilhetes para a Web Summit apresentava um valor aproximado de mil euros, acima dos 150 euros limite que cada um dos deputados pode aceitar de acordo com o regulamento referente a ofertas e hospitalidade.
Também de acordo com a agência Lusa, se os convites tivessem sido direcionados à Assembleia da República, a deslocação dos deputados poderia ser equacionada, uma vez que poderia ser constituída, como em outros casos, uma delegação parlamentar com deputados de diferentes bancadas, em representação da instituição.
Todo este caso dos convites parece ser uma «sessão de charme». Não é novidade para ninguém a proximidade do evento ao poder político. Basta ver que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moeda, com o apoio do Partido Socialista, retirou do orçamento municipal quatro milhões de euros à Carris, e deu-os à Web Summit. Paddy Cosgrave, presidente do evento, disse ainda hoje: «Fizemos cinco milhões de lucro. Espero poder ficar cá para sempre».
A verdade é que o comum trabalhador não sente na sua vida qualquer melhoria com a Web Summit e ante tal, é muito pouco compreensível a razão pela qual o poder político se passeia no evento. O que se sabe é que o Governo, no contexto em que é necessário dar resposta a vários problemas estruturais, associou-se ao Fundo Europeu de Investimento na Web Summit e anunciou a injecção de 90 milhões de euros em três fundos de investimento de capital de risco nacionais. Ou seja, dinheiro que pode nunca ser reavido mas entra nos bolsos de um investidor qualquer.
Já o ministro da Finanças, Miranda Sarmento, numa altura em que se discute o Orçamento do Estado, foi falar à Web Summit e disse que apesar de existir um contrato até 2028, assegurou que o Governo vai fazer o possível para continuar e expandir. Parece que os convites, apesar de não terem sido aprovados, foram somente o reconhecimento da grande ajuda que o dinheiro dos contribuintes permitiu, dinheiro esse que não vai nem para o Serviço Nacional de Saúde, nem para a Escola Pública.
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