Uma equipa de arqueólogos da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA) encontrou aquilo que parecem ser mostras da escrita alfabética mais antiga da história da humanidade, conhecida até à data, gravada em cilindros de argila do tamanho de um dedo.
As peças, datadas de cerca de 2400 a.C., foram encontradas no decorrer da escavação de um túmulo na zona de Tell Umm al-Marra, na parte leste da província de Alepo (Norte da Síria).
De acordo com a instituição académica e a imprensa local, as escavações revelaram túmulos que datam da Idade do Bronze Antigo. No mais bem preservado de todos, foram encontrados seis esqueletos, jóias de ouro e prata, utensílios de cozinha, uma ponta de lança e vasilhas de cerâmica intactas.
Junto à cerâmica, os investigadores encontraram quatro cilindros de barro ligeiramente cozido com o que parece ser uma escrita alfabética gravada na sua superfície.
Uma descoberta com impacto
De acordo com a publicação Study+Science, da universidade norte-americana, a escrita gravada nos cilindros «precede outras escritas alfabéticas conhecidas em cerca de 500 anos», pelo que esta descoberta altera radicalmente aquilo que os cientistas «sabem sobre a origem dos alfabetos, como são partilhados entre sociedades e o que isso poderá significar para as primeiras civilizações urbanas».
Para Glenn Schwartz, professor de Arqueologia da Universidade Johns Hopkins que descobriu os cilindros de argila, os alfabetos revolucionaram a escrita, «ao torná-la acessível a pessoas para lá da realeza e da elite social».
«A escrita alfabética mudou a forma como as pessoas viviam, pensavam, comunicavam», disse Schwartz. «E esta nova descoberta mostra que as pessoas estavam a experimentar novas tecnologias de comunicação muito antes e num local diferente do que tínhamos imaginado até agora», acrescentou.
Com cientistas da Universidade de Amesterdão, Schwartz co-dirigiu uma escavação arqueológica de 16 anos em Tell Umm al-Marra, que é um dos primeiros centros urbanos de média dimensão a surgir no Oeste da Síria.
«Os cilindros foram perfurados, por isso estou a imaginar um cordel a ligá-los a outro objecto para servirem de rótulo. Talvez detalhem o conteúdo de um recipiente, ou talvez de onde veio o recipiente, ou a quem pertencia», disse o arqueólogo, sublinhando que, «sem meios para traduzir a escrita, só se pode especular».
Os investigadores confirmaram a idade dos túmulos, dos artefactos e da escrita com recurso a técnicas de datação por carbono 14.
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