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Madrid acolheu cimeira da extrema-direita contra o aborto

Sob o lema «Pela liberdade e pela cultura da vida», a 6.ª Cimeira Transatlântica, promovida pela organização de extrema-direita Political Network for Values, realizou-se esta segunda-feira, em Madrid.

CréditosJaime Pérez Rivero / El Salto

Um grupo de activistas manifestou-se junto ao Senado contra a iniciativa patrocinada por Jaime Mayor Oreja, antigo ministro espanhol do Interior e presidente honorário da Political Network for Values (Rede Política para os Valores, numa tradução livre), no país vizinho. A organização internacional de extrema-direita reúne cerca de 200 políticos de vários países com ideologia ultraconservadora, designadamente do PP e do Vox.

A cimeira, recorda o El Salto, foi aprovada em Julho pelo Senado, onde o PP tem maioria absoluta, e realiza-se poucas semanas depois da vitória de Donald Trump, nos EUA, acompanhada de todo um programa contra os direitos das mulheres, e no meio de um contexto reaccionário que se traduz no crescimento da extrema-direita pela Europa, depois de a moção de 19 de Novembro não ter conseguido impedir a reunião. 

Segundo o portal, os grupos que redigiram essa moção afirmaram que a rede «envolve a utilização de recursos públicos, colocando-os à disposição de um lobby neoconservador, que partilha uma agenda com a extrema-direita, negacionista, com uma agenda organizada contra os direitos das mulheres à sua saúde sexual e reprodutiva e a interrupção voluntária da gravidez». 

No discurso de abertura, Jaime Mayor Orega reduziu o direito ao aborto a uma «moda dominante e raivosa», e comparou o direito à interrupção voluntária da gravidez com a escravatura, que, afirmou, «também foi uma moda dominante durante séculos, especialmente nos países anglo-saxónicos». 

Entre os membros da Political Network for Values está José Antonio Kast, defensor da ditadura de Pinochet no Chile e até ontem presidente da rede política, que aplaudiu a realização da cimeira, «apesar da tentativa minoritária de cancelá-la». 

«Fascistas fora das instituições» e «aborto seguro e livre» foram algumas das palavras de ordem gritadas do lado de fora do Senado por activistas que criticaram a realização da iniciativa num país onde o aborto é legal. 

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