Com o protesto, a London Renters Union (LRU; União dos Inquilinos de Londres) pretendeu chamar a atenção para os preços exorbitantes das rendas na capital britânica, depois de anos consecutivos de aumentos que, afirmam, estão «a levar milhões de pessoas para o limite».
De acordo com os organizadores, a marcha londrina, que contrastava com o ambiente festivo e comercial da Oxford Street, enquadra-se na vaga de protestos de inquilinos por toda a Europa, em defesa do direito à habitação e da necessidade de controlo dos preços.
«Estamos fartos de ver a nossa cidade dividida pelos ricos e poderosos. É vergonhoso que as pessoas comuns tenham de desenraizar as suas vidas porque um proprietário ou um promotor pensa que pode fazer mais dinheiro», disse à imprensa Elyem Chej, representante da LRU, antes da mobilização.
«O controlo das rendas pode aliviar a pressão sobre os inquilinos agora, enquanto continuamos a fazer pressão pela habitação pública de que precisamos e que merecemos», acrescentou.
As rendas médias na capital inglesa subiram para 2172 libras por mês (mais de 2613 euros mensais), ultrapassando aquilo que muitos trabalhadores da cidade levam para casa. Com as rendas a disparar, milhares de famílias foram empurradas para alojamentos temporários, refere o Morning Star.
Assim, os manifestantes exigiram que o actual executivo britânico reintroduza controlos sobre as rendas, que foram revogados no governo da primeira-ministra Margaret Thatcher, e que se comprometa a construir e comprar de volta habitação pública.
Salários engolidos pelas rendas
Morgan, um inquilino londrino, disse ao Star: «Mesmo tendo trabalhado duramente e progredido na minha carreira, sinto que nunca poderei avançar porque cada aumento salarial é engolido por rendas ainda mais elevadas.»
«Já vi senhorios aumentarem as rendas muito para além da inflação, ano após ano, e isso é desolador», lamentou.
Um outro inquilino, Batool Desouky, disse que ele e os seus colegas de casa estão a ser despejados do sítio a que Desouky chamou casa «nos últimos quatro anos, porque o proprietário está a vender e quer que nos vamos embora».
«Agora, estou desesperadamente à procura de um novo local, mas tudo o que encontro está degradado, é demasiado caro ou é um subarrendamento arriscado, que não parece seguro», disse.
O inquilino, que participou na mobilização deste sábado sob o lema «Controlos das rendas já. Casas para as pessoas e não para o lucro», disse estar preocupado com a possibilidade de ter de se mudar para uma zona mais distante, longe da sua comunidade, com deslocações para o trabalho mais longas e mais dispendiosas.
Desouky lamentou também que encontrar um sítio seguro e acessível para viver na cidade onde trabalha se tenha tornado tão difícil.
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