Os 15 meses de bombardeamentos incessantes por parte das forças israelitas ocupantes sobre o enclave costeiro palestiniano deixaram-no arrasado – facto que a ONU confirmou nos últimos dias.
De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (UNOCHA, na sigla em inglês), a ofensiva israelita destruiu ou danificou mais de 436 mil casas em todo o território.
«A destruição é enorme e assustadora», afirmou o organismo, acrescentando que 92% das unidades habitacionais ficaram em ruínas, sobretudo no Norte do enclave, e que 90% dos palestinianos ali residentes foram deslocados de suas casas.
Com a implementação do cessar-fogo entre a resistência palestiniana e as forças ocupantes, milhares de palestinianos regressaram às suas casas destruídas e iniciaram a busca dos seus familiares desaparecidos sob um imenso mar de escombros.
A reconstrução destas casas pode demorar até 2040 e custar cerca de 40 mil milhões de dólares, segundo estimativas das Nações Unidas.
Elevado nível de destruição, muitas carências e riscos
Esta terça-feira, a UNOCHA esteve em Jabalia, no Norte, e confirmou no terreno o elevado nível de destruição. «As pessoas estão a criar abrigos improvisados no meio dos escombros», relatou organismo, alertando para a «falta crítica de acesso à água, com todos os poços destruídos», e para o risco elevado de munições não detonadas.
No seu portal, o Gabinete diz que as prioridades, neste momento, são «a ajuda alimentar, a abertura de padarias, a prestação de cuidados médicos, o reabastecimento de hospitais, a reparação das redes de água, o transporte de materiais para reparação de abrigos e o início das reunificações familiares».
Entretanto, a Protecção Civil em Gaza, que deu conta de 99 trabalhadores mortos e 319 feridos como resultado dos ataques israelitas, disse temer que mais de dez mil corpos ainda se encontrem sob os escombros, indica a PressTV.
Mahmoud Basal, porta-voz da organização, afirmou que a Protecção Civil espera conseguir recuperar os corpos no espaço de cem dias, mas que esse período deve provavelmente ser maior, devido à falta de máquinas e outros equipamentos essenciais.
Entretanto, as autoridades de saúde em Gaza revelaram esta terça-feira que o número de mortos aumentou, em função dos 72 corpos que chegaram aos hospitais e foram contabilizados – 68 dos quais foram recuperados dos escombros nas 24 horas anteriores.
Desde 7 de Outubro de 2023, os ataques israelitas provocaram 47 107 mortos palestinianos (na sua maioria mulheres e crianças) e 111 147 feridos – números registados até esta terça-feira, que devem aumentar nos próximos tempos.
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