|negociação

Patrões do sector dos lacticínios negam melhorar a vida dos trabalhadores

A Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios reuniu com a Federação dos Sindicatos da Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal e recusou todas as propostas e rejeitou todas as propostas de revisão do Contrato Colectivo de Trabalho.

CréditosFilipe Amorim / Lusa

Numa atitude de prepotência e desprezo pela vida dos trabalhadores, a Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), estrutura que representa o patronato do sector, recusou todas as propostas que visavam a melhoria das condições de vida daqueles que criam a riqueza, os trabalhadores. 

A denúncia foi feita pela Federação dos Sindicatos da Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Feshat/CGTP-IN) que enviou uma proposta de revisão do Contrato Colectivo de Trabalho do sector dos lacticínios que continha elementos como o ajustamento de funções, a diminuição do horário de trabalho, a valorização do trabalho por turnos, a implementação do subsídio de frio, o direito a 25 dias de férias sem restrições, a diminuição do período normal de trabalho semanal para 35 horas, o financiamento das despesas com propinas do trabalhador estudante ou aumentos salariais de 15% num mínimo de 150 euros.

A postura de desprezo pelas reivindicações dos trabalhadores foi tal que a ANIL rejeitou todos os pontos da proposta, admitindo apenas a possibilidade de se negociar um subsídio de refeição e aumentos salariais na ordem de grandeza da atualização do Salário Mínimo Nacional, uma actualização que não responde às carestia de vida sentida pelos trabalhadores. 

A par disto, e de forma a fugir ao embate com a maior estrutura sindical, a ANIL informou a Fesaht que tinha chegado a um acordo com um outro sindicato, sem representatividade visível cuja acção parece ter passado por satisfazer o patronato e trair os trabalhadores, os quais deveria defender. Segundo as informações existentes, os patrões e o tal sindicato fecharam uma actualização da tabela salarial que mantém o «operário não especializado» com um salário base mensal igual ao salário mínimo nacional e a implementação do direito a 4 euros por dia de subsídio de refeição, apenas a partir de 1 de Julho de 2025.

Apesar deste aspecto, a Fesaht diz ter informado a ANIL que esta deve oficializar uma contraproposta, incluindo as matérias em que propõe melhorias, «e, se possível, justificando a oposição ou rejeição às restantes, coisa que nunca fez». Os patrões acederam e está, neste momento, agendada uma reunião para o dia 11 de Fevereiro.

«Embora o patamar de negociação se apresente, neste momento, em ganho para os trabalhadores, não podemos deixar de referir que ele sofre de uma estagnação de anos que apenas foi invertida pela movimentação dos trabalhadores», destaca a federação afecta à CGTP-IN, vincando ainda que «essa movimentação que faz a diferença na relação de partes nestas negociações e cujo aumento da representatividade confere mais força aos seus sindicatos, acabando de uma vez por todas com a capacidade de influência de sindicatos que não têm representatividade nenhuma». 
 

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui