|plenário

«Isto, governar para os poderosos, não é um acto de coragem»

O PCP agendou hoje um debate na Assembleia da República com o tema «Política geral, centrada na degradação da situação social do país em consequência da política de direita». Os comunistas acusam o Governo de servir os interesses de uma minoria privilegiada.

CréditosTiago Petinga / Agência LUSA

Interpelando o Governo, o PCP quis discutir os reais problemas do país, num debate sobre política geral, os impactos da acção levada a cabo pelo Governo e a degradação da situação social do país, visível em várias esferas da vida. 

Numa intervenção inicial, o secretário-geral dos comunistas, Paulo Raimundo, acusou o Governo de estar «ao serviço de uma minoria e cuja propaganda, por maior que seja, não apaga a realidade das injustiças e desigualdades». De seguida partiu para a denúncia da política que, no seu entender, são reflexo de opções que não visam melhorar a vida das pessoas.

Para o PCP, a redução do IRC, benefícios fiscais para grandes empresas, privatizações, e o desmantelamento de serviços públicos, é «governar para os poderosos» e a submissão do Governo aos grupos económicos, multinacionais e à União Europeia prova disso mesmo. 

Relembrando que o primeiro-ministro afirmou praticar uma «liderança com coragem», os comunistas consideram que todas estas opções é «governar para os poderosos, não é um acto de coragem». Para os mesmos «coragem» seria defender aumentos salariais imediatos (15% ou 150 euros), melhores pensões (aumento de 5% com mínimo de 70 euros) e a valorização dos trabalhadores, que enfrentam precariedade, baixos salários e custos de vida crescentes, assim como faz o PCP.  

Neste sentido, e respondendo ao seu mote lançado para o debate, o partido criticou a subida dos preços de bens essenciais e a falta de regulação, destacando o exemplo do gás, cujo preço em Portugal é o dobro do de Espanha. A par disto, no sector da saúde, o PCP condenou o desmantelamento do SNS, a transferência de recursos públicos para grupos privados e a degradação do acesso a cuidados de saúde. 

Já relativamente à habitação, o PCP apontou ainda à especulação imobiliária, à falta de casas acessíveis e às políticas que favorecem a banca e fundos imobiliários, vincando que a solução passa pelo controlo de rendas, investimento em habitação pública e a utilização dos lucros bancários para resolver a crise habitacional.

«No País real, milhares de pessoas enfrentam rendas que não aguentam, prestações aos bancos que levam o salário, despejos que se acentuam e, perante isto, o Governo decide pelo negócio e dá mais apoios e cria legislação à medida dos interesses da banca e dos fundos imobiliários», disse Paulo Raimundo.

Para ilustrar um país cheio de injustiças, o secretário-geral do PCP relembrou o perdão à multa da banca de 225 milhões de euros, «um escândalo que se junta a muitos outros e que revela que num País onde os grupos económicos e as multinacionais mandam cada vez mais, a vida dos trabalhadores, da juventude, dos reformados, dos pequenos agricultores e empresários anda para trás». 
Como era de esperar, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, fez o que muitos ministros fazem quando estão incapazes de dar respostas e reparam que todo o seu plano governativo é desmascarado: recorre ao argumentário desonesto. Fugindo a tudo o que foi colocado, o ministro limitou-se a dizer que o PCP está cristalizado e não consegue adaptar-se às «novas dinâmicas sociais». 

Como tem sido apanágio na prática do Governo, este optou por não discutir o que interessava, ficando evidente que prefere discutir a espuma dos dias e o barulho das luzes que os seus sucedâneos, Chega e Iniciativa Liberal, trazem à discussão política. 

Esta semana estão ainda agendados mais dois plenários. O primeiro irá realizar-se amanhã às 16h30, e o segundo sexta-feira logo pela manhã, num dia com um longo guião de votações. 
 
 

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui