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Hélène Luc: «O Vietname é a minha segunda pátria»

«A minha luta pelo Vietname não terá fim», diz a histórica militante do PCF, senadora honorária de França e grande amiga do país asiático, a propósito dos 50 anos da Libertação e da Reunificação.

Hélène Luc foi convidada a participar nas cerimónias do 50.º aniversário da Libertação e da Reunificação, na Cidade de Ho Chi Minh, no próximo dia 30 de Abril Créditos / VNA

Nascida em 1932, filha de um mineiro de origem italiana, militante do Partido Comunista Francês (PCF), senadora honorária de França, Hélène Luc é um dos amigos com que o Vietname conta neste mês de alegria e celebração pelo cinquentenário do fim da guerra, da Libertação do Sul e da Reunificação do país.

Firme defensora da paz, ex-presidente da Associação de Amizade Franco-Vietnamita (AAFV) e símbolo da amizade entre os dois povos, Luc recebeu em sua casa, em Choisy-le-Roi (arredores de Paris), os correspondentes da Vietnam News Agency (VNA).

Ali, mostrou-lhes recordações, livros e documentos ligados ao Vietname, levando-os a fazer uma viagem com mais de 70 anos pelas memórias da sua relação profunda com o país em forma de S. Com os olhos a brilhar de alegria ao evocar esse país, diz: «O meu amor pelo Vietname nunca acabará.»

Enumerando factos do seu percurso político desde que se tornou militante do PCF, os correspondentes da VNA destacam o contributo determinante de Hélène Luc para a consolidação das relações franco-vietnamitas.

«Eu sabia o que era a guerra», diz Luc, em alusão aos bombardeamentos sobre Saint-Étienne, a sua terra natal. «O Vietname estava em luta pela independência e eu senti que devia fazer alguma coisa», recorda.

As suas primeiras iniciativas de apoio consistiram na recolha de leite, lã e bens de primeira necessidade, bem como na recolha de fundos para os enviar de barco para o Vietname – um dos primeiros esforços do movimento solidário franco-vietnamita.

Resistência ao colonialismo e ao imperialismo

Luc permaneceu profundamente ligada ao Vietname no período da resistência contra o colonialismo francês e o imperialismo norte-americano. «De guerra em guerra, sempre me interessei pelo Vietname, pela sua luta e sobretudo pelo objectivo de conquistar a independência», confidencia.

Uma das suas memórias mais vívidas é a do acolhimento dado pelo PCF à delegação negociadora da República Democrática do Vietname – uma estadia prevista de alguns meses que se haveria de prolongar por cinco anos, à medida que as negociações dos Acordos de Paz de Paris se iam arrastando.

Nessa fase, Luc testemunhou a força do apoio internacional ao Vietname, com slogans como «Paz para o Vietname» e «O Vietname de Ho Chi Minh vai ganhar», que apareciam nas manifestações em França e também na Alemanha e nos Estados Unidos.

Em 1978, fez a sua primeira viagem ao Vietname do pós-guerra, onde eram visíveis as marcas profundas do conflito, onde faltava tudo e havia pessoas a passar fome, num contexto de grande determinação em avançar.

Apoio e solidariedade também em tempo de paz

Com a guerra para trás há cinco décadas, Hélène Luc permanece profundamente ligada ao país do Sudeste Asiático, tal como o esteve nestes últimos 50 anos, em tempo de paz, liderando campanhas de recolha de fundos, oferecendo ajuda e construindo a cooperação bilateral e a amizade.

Também se destacou no apoio ao processo judicial movido em França pela franco-vietnamita Tran To Nga contra o grupo Monsanto e outras empresas que forneceram Agente Laranja/dioxina às forças militares norte-americanas durante a Guerra do Vietname, da mesma forma que defendeu o Vietname noutras questões e manifesta, hoje, preocupação pela imposição de tarifas ao país por parte da actual administração na Casa Branca.

Luc também se congratula com o «desenvolvimento extraordinário» alcançado pelo país asiático e afirma: «Quando o Vietname se reunificou, alguns jornalistas diziam que seriam precisos pelo menos 100 anos para que o país atingisse um estatuto mundial. Mas, passados ​​50 anos, vemos o que é. É realmente uma grande vitória, porque o Vietname se tornou um país poderoso, que tem importância no mundo, não só na frente diplomática, mas também em termos de construção da paz.»

Apesar da sua idade avançada, Hélène Luc continua a seguir e a apoiar as actividades que ligam os dois povos, e é um símbolo da amizade e da solidariedade que os une.

Reconhecimento no Vietname

O actual presidente da AAFV, Nguyen Hai Nam, diz que ela é «insubstituível» na associação, enquanto o embaixador vietnamita em França, Dinh Toan Thang, a enaltece como um «exemplo brilhante de solidariedade e amizade».

Os contributos de Luc para a paz e a amizade com o país asiático foram reconhecidos em múltiplas ocasiões no Vietname, onde lhe foi atribuída a Ordem da Amizade e a Ordem da Independência, bem como o título de cidadã honorária (em várias províncias e cidades).

Recentemente, foi convidada a participar nas cerimónias do 50.º aniversário da Libertação e da Reunificação, na Cidade de Ho Chi Minh, no próximo dia 30 de Abril.

«A minha luta pelo Vietname não terá fim. Com Itália, onde os meus pais nasceram, é a minha segunda pátria. Ao Vietname desejo sempre o melhor», diz Hélène Luc, emocionada, aos correspondentes da VNA.

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