«Um dos exemplos de genocídio no direito internacional é privar um povo da sua alimentação e isso vemo-lo claramente no caso da hostilidade do governo norte-americano em relação ao povo cubano», declarou De los Santos em Havana na sexta-feira.
O activista norte-americano de origem dominicana disse ainda que o «mesmo governo que financia o genocídio contra o povo palestiniano em Gaza também impõe um genocídio ao povo cubano», refere a Prensa Latina.
De los Santos liderou a entrega de uma doação de 800 toneladas de farinha de trigo à Ilha, adquiridas na sequência da campanha «Let Cuba Live: Pão para os nossos vizinhos», promovida por The People's Forum, organização com sede nos Estados Unidos.
Segundo revelou, milhares de pessoas nos EUA e noutros países responderam à iniciativa, «desde pessoas que doaram um dólar até pessoas que entregaram milhares de dólares».
«Tudo isto é possível também graças à irmandade e às relações de trabalho com o Centro Martin Luther King, com o qual realizámos entregas de leite em pó e outros produtos necessários à vida», esclareceu.
De los Santos disse ainda que o conceito subjacente à campanha era simples. «Cuba é nossa vizinha e não a podemos deixar passar fome», afirmou, sublinhando que se tratava de uma responsabilidade humana e política agir perante essa situação, «imposta directamente pela Casa Branca».
«Falámos com 14 empresas diferentes nos Estados Unidos e dissemos-lhes de forma clara que queríamos fazer uma encomenda para a doar ao povo de Cuba», indicou, acrescentando que nenhuma se atreveu a vender farinha aos organizadores da campanha.
«Para realizar a entrega com êxito, tivemos de procurar empresas noutras partes do mundo e a farinha acabou por ser enviada da Turquia, quando estamos simplesmente a 90 milhas [145 km] de Cuba», explicou.
Centenas de pessoas, representantes de várias organizações norte-americanas, mobilizaram-se este domingo em Washington, exigindo o fim do bloqueio e a retirada de Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo. Membros de organizações anti-imperialistas e pessoas solidárias com Cuba juntaram-se, este domingo, frente à Casa Branca, em resposta ao apelo de mobilização realizado pela National Network on Cuba, para afirmar que «Cuba não é um Estado terrorista» e exigir o «fim do terrorismo norte-americano contra Cuba». A manifestação, que culminou uma semana nacional de solidariedade com a Ilha, durante a qual se pediu ao presidente Joe Biden que acabe com a actual política hostil, serviu também para dar visibilidade às moções que têm sido aprovadas em múltiplos municípios norte-americanos a exigir que se retire o país caribenho da lista, criada pelos EUA, de estados patrocinadores do terrorismo. Ao longo do fim-de-semana, noutros pontos do país, também houve mobilizações enquadradas no âmbito da campanha «Take Cuba off the List of State sponsors of terror», mas a marcha de Washington, que partiu do Monumento ao libertador José de San Martín e terminou frente à Casa Branca, tinha carácter nacional. «Estamos aqui para dizer a Joe Biden que retire Cuba da lista de estados patrocinadores do terrorismo e que o bloqueio tem de acabar», disse um dos oradores, citado pela Prensa Latina. Carlos Lazo, coordenador do movimento Puentes de Amor, viajou de Seattle para estar presente na capital, tendo destacado a importância da mobilização. Por seu lado, Elena Freyre, presidente de la Coalición Alianza Martiana, que viajou de Miami, defendeu que o presidente deve «cumprir as suas promessas», tendo recordado como, durante a campanha eleitoral, afirmou que, se fosse eleito, acabaria com as sanções a Cuba. Já Rosemarie Mealy, que viajou de Nova Iorque, destacou que os mais de 60 anos de bloqueio provocaram demasiado sofrimento ao povo cubano. Na sua conta de Twitter, a International Peoples' Assembly afirma que a mobilização de Washington teve lugar «em solidariedade com Cuba e o seu projecto socialista – um farol de esperança e resistência contra a agressão do imperialismo norte-americano». «Lutamos contra o imperialismo em casa e continuamos a construir a solidariedade internacional com Cuba e a sua luta contínua pela soberania», afirma. No local, Lillian House, da organização Answer Coalition, perguntou «porque é que Cuba é o maior inimigo dos EUA». «Porque se atreve a dizer que são um povo soberano. Porque Cuba se atreveu a correr com as empresas norte-americanas», sublinhou. «Muitos norte-americanos estiveram em Cuba e viram em primeira mão que [ali] dirigem tudo o que têm, por mais limitado que seja, para as necessidades do povo», declarou. «Cuba, mesmo sendo tão pequena, faz tanto pelo seu povo e é por isso que é o maior inimigo dos EUA. Não é porque que Cuba seja terrorista ou um Estado patrocinador do terrorismo, mas porque inflige terror nos corações dos imperialistas – com medo de que os oprimidos e os explorados vejam o seu exemplo e se revoltem e digam: "Recusamo-nos a ser subjugados!"», clamou. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Cuba é «o maior inimigo dos EUA porque se atreve a ser soberana»
Cuba, «um farol de esperança»
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«Isso é genocídio, isso é um acto de guerra», afirmou De los Santos, em alusão ao bloqueio e às dificuldades relatadas pelos organizadores da campanha, que deram conta de atrasos no embarque devido à «política norte-americana de acosso extremo e arbitrário em relação ao comércio de Cuba», indica o Peoples Dispatch.
Para o director executivo de The People's Forum, o actual presidente norte-americano devia aproveitar o tempo que lhe resta de governação para «tirar Cuba da lista dos patrocinadores do terrorismo» e iniciar o processo com vista ao «levantamento do bloqueio» à Ilha.
«Basta de discursos, basta de slogans, é hora de reiniciar as relações com Cuba», afirmou, frisando que esta exigência é também a de «centenas de milhares e milhões de norte-americanos».
A primeira entrega da doação foi realizada na padaria La Vivoreña, do município Diez de Octubre (Havana), devendo o resto ser distribuído nas províncias de Pinar del Río, Mayabeque, Artemisa, Havana e Matanzas.
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