O relatório divulgado ontem pela autoridade estatística europeia demonstra que a mediana do salário por hora em Portugal é de 5,1 euros. Se forem considerados os valores em paridade de poder de compra, ou seja, eliminando as diferenças nos níveis de preços, só quatro países membros da União Europeia ficam abaixo: Bulgária, Roménia, Letónia e Lituânia (os dois últimos também são membros da zona euro).
O estudo do Eurostat vem reforçar os argumentos dos que defendem um aumento substancial do salário mínimo nacional, nomeadamente a proposta da CGTP-IN e do PCP, de aumento para os 600 euros. O Governo tem como proposta os 557 euros, com base na posição conjunta entre o BE e o PS.
O salário mínimo português é, aliás, dos que representa uma maior proporção do salário médio, cerca de 44% em 2014. Também o valor médio auferido pelos trabalhadores portugueses caiu entre 2010 e 2014 em 22 euros, uma queda só superada por Chipre. Na verdade, estes foram os únicos países onde o valor desceu em paridade de poder de compra, indicador em que Portugal só supera a Hungria, a República Checa, a Estónia e a Eslováquia.
Para além dos baixos salários, é revelado que é em Portugal onde se registam as maiores diferenças entre a mediana e os 10% de salários mais elevados, com estes últimos a ganharem 2,8 vezes mais. Também entre vínculos permanentes e precários, as diferenças são das maiores da UE: um trabalhador com um contrato a termo fixo ganha em média menos 488 euros, correspondente a 35,5%. Só no Luxemburgo a diferença é maior, de 38,2%.
O estudo, que incide sobre empresas com mais de dez trabalhadores, mostra ainda que os portugueses têm menos dois dias de férias do que a média dos países da UE: 23 contra 25. O fosso existe também entre os trabalhadores com contratos sem termo ou a termo, com os segundos a terem menos dois dias de férias, no caso dos homens, ou três, no caso das mulheres.
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