Não se toca no «apartheid» de Israel

Rima Khalaf, secretária executiva da agência das Nações Unidas Escwa, anunciou ontem, em Beirute, a sua demissão, depois das pressões do Secretariado da ONU para que retirasse um relatório que acusava Israel de impor uma política de apartheid aos palestinianos.

Aspecto do Muro do Apartheid israelita, que atravessa a Margem Ocidental ocupada
CréditosMPPM

O relatório publicado na quarta-feira, 15, pela Comissão Económica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (Escwa, na sigla inglesa), com sede na capital libanesa, concluía, sem qualquer sombra de dúvida, que Israel é culpado da prática do crime de apartheid contra o povo palestiniano, «tal como legalmente definido nos instrumentos de Direito internacional», refere, numa nota, o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

«Sublinhando o carácter intencional das políticas de Israel para manter a dominação judaica em Israel e nos territórios palestinos ocupados», o relatório dá especial ênfase às políticas discriminatórias de Israel no que respeita à terra, bem como a políticas de «engenharia demográfica».

Pressões e submissões

Logo na quarta-feira, os Estados Unidos da América, principal aliado de Israel, fizeram notar a sua repulsa face à publicação do relatório. Por seu lado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez saber, através de um porta-voz, que o relatório fora publicado sem consultar o secretariado do organismo e que «não reflecte as opiniões do secretário-geral».

Na quinta-feira, a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, manteve a pressão, afirmando que «o secretariado (…) deve ir mais longe e retirar inteiramente o relatório». Guterres pediu que o relatório fosse retirado do portal da Escwa; e tal veio a concretizar-se esta sexta-feira.

Na conferência de imprensa que ontem deu em Beirute, a diplomata jordana Rima Khalaf confirmou que foi pressionada por António Guterres para retirar o relatório que aponta e define o apartheid imposto pelos sionistas sobre o povo palestiniano.

«Era de esperar que Israel e os seus aliados exercessem grandes pressões sobre o secretário-geral das Nações Unidas», disse Khalaf, que se manteve firme na defesa do relatório apresentado.

Orgulhosa, classificou-o como o «primeiro do seu género», divulgado por uma agência da ONU, a chamar a atenção para «os crimes que Israel continua a cometer contra o povo palestino, que equivalem a crimes de guerra contra a humanidade», informa a Prensa Latina.

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