Elevada adesão na greve dos trabalhadores do SBSI/SAMS

Os trabalhadores do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) e dos Serviços de Assistência Médico-Social (SAMS) do Sul e Ilhas protestaram contra a postura da sua entidade patronal, a direcção do SBSI, que são também destacados dirigentes da UGT.

Trabalhadores do SBSI/SAMS manifestaram-se hoje até ao Ministério do Trabalho
Créditos / AbrilAbril

Os trabalhadores do SBSI/SAMS estão hoje em greve a todos os serviços e realizaram uma concentração junto à sede do SBSI/UGT e uma manifestação até ao Ministério do Trabalho, com mais de duas centenas de participantes. A adesão à greve, segundo fonte sindical, rondou no geral os 75%, tendo chegado aos 100% em vários serviços. Alguns trabalhadores não aderiram à greve porque estão a recibo verde, com contrato a termo certo, «e têm medo de despedimentos», referiu Rui Marroni, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.

Foi entregue uma moção com as reivindicações dos trabalhadores ao secretariado da direcção do SBSI/UGT, uma vez que ninguém da direcção a recebeu, e no Ministério do Trabalho foi reiterado o pedido de uma audiência.

Os trabalhadores denunciam as «ameaças» e «intimidações», relatando que a direcção do SBSI/UGT passou «a retaliar e perseguir» os delegados sindicais e os trabalhadores que denunciaram publicamente «as ilegalidades, a exploração e a precariedade».

Vários sindicatos denunciam, num comunicado, que os principais dirigentes do SBSI têm afirmado publicamente que querem que «o Ministério do Trabalho dê deferimento aos requerimentos de caducidade das convenções colectivas», levados a cabo pela própria direcção do sindicato da UGT em Novembro. Trata-se das convenções colectivas que subscreveu com os sindicatos dos enfermeiros (SEP), dos serviços (CESP), dos médicos da zona Sul (SMZS), dos técnicos superior de saúde (STSS), dos profissionais de farmácia (SIFAP) e dos fisioterapeutas (SFP).

As estruturas sindicais queixam-se de que a direcção do SBSI/UGT «nunca deu qualquer resposta» aos ofícios dos sindicatos, às moções e às decisões dos plenários de trabalhadores, demonstrando, há três anos, que «não querem negociar».

Os trabalhadores denunciam as «ameaças» e «intimidações», relatando que a direcção do SBSI/UGT passou «a retaliar e perseguir» os delegados sindicais e os trabalhadores que denunciaram publicamente «as ilegalidades, a exploração e a precariedade», para além de não pagar as horas das requisições dos delegados e dirigentes sindicais dos sindicatos que denunciam esta situação.

O comunicado também dá conta dos «sucessivos contratos a prazo e falsos recibos verdes», acrescentando que o recurso aos falsos recibos verdes são uma forma privilegiada de contratação da direcção do SBSI/UGT. É ainda sublinhado que os vínculos precários têm causado uma elevada rotatividade de trabalhadores que «tem afectado negativamente» o SAMS. Os sindicatos acusam ainda a entidade patronal de não pagar os aumentos salariais devidos desde 1 de Janeiro de 2016.

A «incompreensível» atitude de dirigentes da UGT

Depois da denúncia pública, desencadeada pelo processo de luta dos trabalhadores, e principalmente com a greve de 11 de Janeiro, foram travados encerramentos de serviços clínicos e de clínicas do SAMS, mas, sublinham os sindicatos, «a ameaça continua a pairar», nomeadamente com «uma eventual venda do SAMS».

Tendo já denunciado a situação junto da Autoridade para as Condições do Trabalho, da Assembleia da República e do Ministério do Trabalho, os sindicatos declaram que irão instaurar «as acções cíveis em tribunal que forem necessárias para obrigar a direcção do SBSI/UGT a cumprir as suas obrigações».

As estruturas sindicais consideram «incompreensível, inadmissível e hipócrita» a postura dos dirigentes sindicais do SBSI e da UGT, «que publicamente afirmam defender o diálogo social, a contratação colectiva e que apregoam ter feito um acordo com o Governo para protelar caducidades, mas têm um comportamento explorador e indigno para com os trabalhadores ao seu serviço».

Sindicalistas de diversos quadrantes (incluindo do SBSI), membros de comissões de trabalhadores (incluindo bancários), trabalhadores bancários e utentes em geral já se solidarizaram e estiveram presentes na acção de protesto.

 

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