A maior concentração realizou-se na capital, Caracas, onde o presidente Nicolás Maduro saudou os «mais de três milhões de venezuelanos, só na capital», que se mobilizaram em defesa da revolução bolivariana, da independência e da soberania nacional, de acordo com a Prensa Latina.
Na Avenida Bolívar, no centro da capital, concentraram-se «integrantes de organizações sociais, conselhos comunais, estudantes, trabalhadores e o povo em geral, em resposta a uma convocatória do Partido Socialista Unificado da Venezuela [de Nicolás Maduro]».
A marcha, habitual na data em que os venezuelanos comemoram a sua independência do Império Espanhol em 1810, ganhou uma dimensão «histórica», de acordo com a Telesur, face às mais recentes movimentações da direita venezuelana. Na terça-feira, as forças de segurança prenderam um grupo de mais de 30 pessoas suspeitas de prepararem um ataque armado sobre as manifestações marcadas para ontem pela oposição.
De acordo com Maduro, o grupo «tinha armas e explosivos, e, de acordo com a confissão [de elementos capturados], recebia financiamento do deputado Richard Blanco, do partido Aliança Povo Bravo».
O presidente apelou à mobilização popular contra os «novos plano golpistas» da oposição, com o apoio dos EUA e da Organização de Estados Americanos. Na terça-feira, o Departamento de Estado norte-americano publicou uma declaração que está a ser entendida pelas autoridades venezuelanas como uma «luz verde» a um golpe de Estado.
Maduro anunciou ainda a criação de uma «mesa de diálogo» com as organizações da oposição, com o objectivo de «garantir a paz e o desenvolvimento económico».
«Apostaremos sempre nos instrumentos pacíficos, nos caminhos democráticos, para resolver as nossas diferenças com a oposição, pese embora a sua intenção golpista e as suas acções violentas», referiu o presidente venezuelano.
Protestos da oposição provocam morte de dois populares e de um guarda nacional
As mobilizações convocadas pela direita foram marcadas pela violência, com três mortos confirmados: dois jovens que passavam por manifestações da oposição e um elemento da Guarda Nacional Bolivariana.
Em Caracas, um jovem de 17 anos que, de acordo com a família, não participava no protesto oposicionista, foi baleado na cabeça e acabou por morrer depois de ter sido encaminhado para um hospital. No estado de Táchira (região dos Andes, junto à fronteira com a Colômbia), uma mulher de 24 anos foi assassinada quando se protegia dos confrontos que se iniciaram num protesto da oposição. De acordo com um jornalista presente no local ouvido pela EFE, a mulher não participava na manifestação.
Nos protestos da oposição no estado de Miranda, cujo governador é Henrique Capriles (candidato presidencial nas últimas eleições, derrotado por Maduro), um sargento da Guarda Nacional Bolivariana foi morto por disparos. O procurador-geral venezuelano, Tarek William Saab, anunciou que o elemento foi atingido por um «franco-atirador», que também feriu um coronel daquela força de segurança.
Tarek William Saab pediu ao governo que lance uma investigação aos assassinatos ocorridos na sequência de protestos organizados pela direita venezuelana que, desde meio da manhã, assumiram contornos violentos protagonizados por grupos encapuçados.
Entretanto, um suspeito do homicídio de Táchira já está preso. De acordo com o procurador-geral, terá confessado o crime e justificado que disparava contra motociclistas que passavam junto a sua casa.
O vice-presidente da Venezuela, Tarek El Aissami, anunciou que já está em curso uma investigação a estes homicídios e a outros actos violentos que provocaram vários feridos. De acordo com o responsável, as autoridades venezuelanas dispõem de imagens onde se vêem deputados da oposição a coordenarem as acções dos elementos violentos que participaram nas manifestações.
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